SONIA GONÇALVES ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 681 /**SILÊNCIO ÚLTIMO DO MISTÉRIO**/



Meu Deus!!! Coisa lindaaa, o texto e a pintura... a Graça arrasou nessa, hein Manu, lindíssima obra! Você, então...Onde foi buscar esses versos maravilhosos? No porão de sua alma né?Lindo demais... Não podemos por esse no teu livro Manu? Tô embasbacada com tamanha beleza aforística, veja bem, não que não escreva coisas lindas, com teor poético fenomenal sempre, mas ás vezes calha do escritor bater de frente com o leitor num dia em que ambos estão mais aflorados, florescidos, decorados e sentimentalizados, vai ver é isso ou não, não sei explicar, mas estou encantada.Fiquei nas nuvens tamanha beleza deste texto seu, demais de lindo!!!! Aplaudindo de pé!


Sonia Gonçalves


#AFORISMO 681/SILÊNCIO ÚLTIMO DO MISTÉRIO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Neptuno,
Em seus instantes de éritos do tempo e do espaço...
Visto da Terra,
Netuno apresenta uma alta magnitude
(quanto mais brilhante o astro, menor sua magnitude),
sendo impossível
observá-lo
a olho nu,
Tritão,
De longe o maior,
Tênue e incomum sistema de anéis também existe,
exibindo
Estrutura irregular com concentrações
de material
que formam arcos,
À soleira da Oliveira, nos auspícios da montanha,
Ovelhas perdidas
Comprazendo-se dos raios e fulminâncias do sol
Que se esconde nas retrógradas traseiras,
De por trás dos mitos e mitologias,
No espelho re-verso das in-versões dos deuses
E das tempestades, maremotos, tsunâmis marítimos...


Quando pelo saber
o corpo se purifica,
é procurando o saber
que ele se eleva.
Para o sabedor, ante-sábio,
todos os instintos
tornam-se sagrados...


Entre os milagres, os demoníacos,
menos concordam com a razão;
e no tangente aos milagres divinos,
a razão poderia ter ainda,
próprio para seu uso,
sinal negativo:
se alguma coisa é re-presentada
como ordenada por Deus,
numa aparição imediata d´Ele, ,
opõe-se diretamente à moralidade,
embora tendo toda a aparência
de milagre divino,
Enquanto Safo,
Escreve sobre as próprias dores e prazeres,
é perceptivo em seus poemas
uma linguagem autônoma,
feminina e fluída...


Tu, só tu, puro amor, com força crua,
Que os corações humanos tanto obriga,
Deste causa à molesta morte sua,
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua
Nem com lágrimas tristes se mitiga,
É porque queres, áspero e tirano,
Tuas aras banhar em sangue humano.


Da morte a fonte mais bendita,
Da eternidade, o silêncio último do mistério,
Da esperança, o mistério das coisas simples,
Da raiz íntima de mim, a beleza que se projeta
Para o que há de ser, há de vir.
Na rarefação de mim, o tempo salta para além,
Na música de outrora, tudo se revela e acontece.


Faço versos e conjugo verbos
Do indizível e sondável
Deixo fluir a morte,
Ser o outro de mim,
Ser o que em mim sou.


Vou singrar teu sono
feito veleiro louco
e ancorar de repente
no teu ventre virgem e livre;
o mar lúcido de teu olhar,
pouco a pouco,
amainará o peixe de minha vertigem.


Desejo arar tuas vigílias com palavras claras,
com versos transparentes e ser,
subitamente,
fruto no teu chão,
searas e prazeres que me eram
raros por tua causa
hão de brotar nessa canção silenciosa,
que componho e musicalizo
à mercê da criatividade e ilusões
as mais diáfanas
e também as mais obscuras.


(**RIO DE JANEIRO**, 09 DE ABRIL DE 2018)


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