#AFORISMO 690/LÁCIO ÚLTIMO DA FLOR# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: Aforismo/Ditirambo



Epígrafe: “O artista é a origem da obra e a obra, origem do artista.”(Martin Heidegger)


Arauto do invisível avulta pela permanência
O oratório que vibra a fibra adormecida,
O dis-curso que liberta a liberdade esquecida,
O dia-logus que des-creve o in-audictus in-terdicti
O monólogo que entabula os ipsis litteris do silêncio,
Os ipsis verbis da solidão,
A sui generis algazarra
Das vontades de poder, dos desejos da verdade,
Na plenitude da aparição, da brev-idade,
Nas origens, limiar de interrogações...


Profundezas do oceano do mundo
Re-visando contas sem parar,
Única interrupção desta monotonia,
Inda tempo para fazer uma rápida
Excursão pelos mares.


Con-templo em lugar tão familiar a mim,
Enorme nunca vista floresta
Cheia de estranhas flores,
Inúmeras lanternas
Presas às árvores,
E a altos pedestais ostentam vasos
De resplandecentes rosas,
O brilho da lua é tão intenso,
O pescador tudo pode ver.


Adere os sentimentos nos liames das buscas e projetos, concilia as emoções nas eidéticas das desejâncias e volos, diá-logo de sementes regadas com a água límpida de fontes puras e singelas, monólogo de águas, nascidas além-montanhas, além-sertão, nascidas além-solidões-e-silêncios, aquém-chapadões, concebidas aquém-infinitos-universos.


Quem não é águia não deve pousar sobre abismos,
Quem não é corvo não deve sobrevoar vulcões
quem não é coruja não deve cantar nas madrugadas
Quem não é lobo não deve uivar nas estepes
Do sono antes de, com o alvorecer, acordar...


Hinos de fé e esperanças no tempo - encarnam a ênfase e as volúpias, inundam a alma de outras querências -, de nosso ser serão pedra angular de utopias pagãs, autos dos ideais hereges,
rogando a plen-itude e sublim-idade do eterno “enquanto dure”, o sensual greta-se com o suave como para dar melhor a-colhida
à nobreza dos sentimentos, de outros arrebiques do belo em barrocas tardes de chuva fininha ou de sol incandescente, de outros confins e arribas a abrirem, lenta-a-mente, as nuvens brancas dos desejos.


Letras rugem a estranheza
que faz desse corpo um corpo,
de dentro dessa cela sem grades
íntimas a esta alcova sem ar,
que encarnam a ênfase escondida
sob sete chaves,
quando descem das ideias até o ventre
e que se apagam
quando tornam a subir
do ventre para os ideais,
do umbigo para os devaneios e elucubrações.
A raiz que está situada
Entre os gigantes de gelo
É alimentada pela fonte de Mimir
De onde brotam a
Sabedoria e a inteligência.


Ária de lira,
As cordas vibram,
Um coro de vozes,
E as vozes cantam,
Os ouvidos são encantados
Pela mais suave harmonia.


Quem não é coruja não deve cantar nas madrugadas
Quem não é lobo não deve uivar nas estepes
Do sono antes de, com o alvorecer, acordar
Quem não é águia não deve pousar sobre abismos,
Quem não é corvo não deve sobrevoar vulcões...


A fome do azul que in-venta o avental,
tenho poesia e sentimento do mundo,
tenho versos e visão da vida,
tenho estrofes nas in-versões da estrutura
nas re-versões da tecitura
nas per-versões da tessitura
da ÚLTIMA FLOR DA LÁCIO,
reunir sonhos e in-verdades
busca de in-finitas inspirações,
nos mergulhos profundos de verbos e essências
a sede do verde que cria os olhares ao distante,
ao longínquo...


A raiz que está em Asgard
É alimentada pela
Fonte sagrada de Urd,
Lá vivem as nornas,
As donzelas do destino,
As nornas que tem bons pais,
Geram vidas felizes, longas,
Prósperas e de boa fama,
As más conferem aos homens
Vidas curtas, miseráveis
E desgraçadas,
o mistério insiste em permanecer in-inteligível
nas mineir-icências e mineir-alidades,
nas brasil-icências e brasil-idades,
nas carioqu-icências e carioqu-icices,
os enigmas persistem em não olvidar
as mineir-ices e mineir-idades,
as essências e o ser delas
não tergi-versem as sendas
Do aqui-e-agora...


A música pulsa no peito,
Cada vez mais rápida,
Cada vez mais forte,
As aves sobem até o alto do céu
Carregando o meu coração,
Que se trans-forma em
LÁCIO ÚLTIMO DA FLOR...


O tempo-boi me deixa vazio, acontecendo no acontecer que me criva de balas, retalha a sabres; quero pontuar a alma dos pastos de meu regresso passado, quero marcar boi-tempo, tenho de criar palavras para, na forma circunspecta, en-si-{mesmada}, estilo e linguagem, colocar versos na prosa, prosa nos versos, nas "tustras" de zás-e-trás do eterno re-torno, comungarem sentimentos e idéias à busca das verdades que me habitam a alma, sentimento da “casquinha” de felicidade e alegrias passageiras, “Antes o nada, depois o cosmos...”


Noite, flagelo dos homens mortais,
Engano e ternura,
E velhice maldita,
E luta,
De coração violento,
Esquecimento,
Na suave planície,
O rio sem rival,
Aberto o caminho para o oceano,
Aves, sopro dos ventos,
Com suas asas rápidas,
Lançam-se pelos ares.


Cresce o gado no estábulo:
Os rebanhos de bois,
Os amplos currais de cabras,
As longas colunas
De ovelhas lanosas,
A claridade da Aurora.


Quem não é águia, não deve acampar-se sobre abismos!


Oh in-verno de delicias e prazeres, con-templações das sensações do corpo, sentimentos da alma, mas quando folhas caem se apresenta o a-núncio de que no tempo, seguindo os segredos e mistérios da natureza, outras nascerão, na primavera não só as folhas nascerão e re-nascerão, flores de inebriar e extasiar inebriarão o ar e a natureza sentimentos de estesia, de buscas da perene volúpia do belo, beleza recenderão de êxtases da Vida, continuidade e con-templação do Espírito, do Amor, Cáritas, da Entrega, Koinonia, do Eu e do Outro.


Em profundidades inestimáveis as continuidades do sonho, nos auspícios da montanha, nas pré-fundas do abismo, em incólumes superficialidades os interstícios das utopias e verbos de sementes...


Quem não é corvo não deve sobrevoar vulcões
Quem não é coruja não deve cantar nas madrugadas.


Elevação do eu, do outro, em espírito, no crepúsculo, con-templo o infinito, corto o uni-verso, re-invento as pers das pectivas de amor, de encontro, de ser, o crepúsculo é espontâneo pelas qualidades doadas de toda força que dispõe o esplendido e colossal Uni-verso, do horizonte e suas perspectivas de outonos e invernos, des-enrolando a cantiga sonora e sinistra da própria versão de um poema, da singular tradução de uma estrofe ou verso, inspirado no crepúsculo, con-templando a infinitude do SER...


Geladas são as mais íntimas nascentes do espírito: bálsamo para mãos quentes e atuantes!


Outrora de cânticos e verbos, de canções, baladas e letras por virem, por serem...


Quem não é lobo não deve uivar nas estepes
Do sono antes de, com o alvorecer, acordar...


Apocalipse da vida, metonímia, consumação dos tempos, metáfora, pleonasmo, vibrando na adolescência da vaidade,
silepse, ressoando na terceira idade do orgulho e da glória,
frutos das conquistas inúmeras e di-versas.


Minha face branca comovida com traços de vento frio sacode e impõe minha igualdade, propõe, segue e lá vai sussurrando,
cochichando, murmurando, monologando sobre de nas res cogitans do presente perambularem as razões esquecidas
do passado, de nas res extensa do passado deambularem as dúvidas insofismáveis, do ser, da ec-sistência...


Da sabedoria, asilo de indigentes e um hospital para maus poetas!


Verbos eivados da verdade dos mistérios, enigmas, lendas, mitos, e neles a caminhada circunspecta, ensimesmada e percuciente no silvestre das plantações de milho, “so many corns on the brasos”, seja os raios numinosos da vontade de con-templação da paz, da solidariedade, da compaixão, as estrelas e a lua que na pavorosa noite do Infinito crepitando, espalham clarões benditos, alvoradas róseas, virginais;


Banco de mármore no alpendre, esgarçados pelo tempo, envelados pela poeira as suas cores cinzas, desenhos em claro-escuro, em cinza-brilhante, de cupido tímido em atirar a sua flecha, farejando o melhor ar, verdadeiro ar de paraíso celestial, ar leve e claro, brilho de cristal, ar bom como nunca dantes caiu da lua prazer divino que conquista ou glória alguma
que lega sentir no mais recôndito do Ser/Espírito...


A terra geme, murmura, sussura na sede de conhecimento, de sabedoria, o homem sonha águas em arco-íris, tesouros, em cada vau de esperança...


Pequenas brisas escondidas nas urnas de areia, orquídeas no barroco do casebre, rosas no neoclassicismo de casas simples,
lilases no impressionismo dos arranha-céus, samambaias no modernismo dos chapadões do sertão, reflexo e esperança, retalhos de fantasia apenas, canto de forte sinfonia, de vasta alegria, cânticos de enorme harmonia, plena felicidade, baladas de sin-cronia no diá-logo trans-cendental das idéias prosaicas, dos sentimentos líricos, das utopias poiéticas e aforísticas, comungadas aos sonhos de versos e estrofes ditirâmbicos, musicalidade, ritmo dos sonhos de amar o verbo da Fé Sertaneja...


O menor dos abismos precisa ser trans-posto!...


Além das notas e ritmos dos temas e temáticas no letargo Infinito, a lua enorme, a lua argêntea, a lua calma, nasce o amor, vivem os desejos de plen-itude, completude, os interstícios do saber, os inter-ditos do conhecer, os além-ditos da sabedoria, re-nasce o sol em colossos de sonho, extasiados de ênfases e euforias, de volúpias e quimeras, prolongam-se os brilhos das estrelas, inspirando as verdades e sublimidades da felicidade nunca dantes sentida, angústias e tristezas jamais tragadas, engolidas com tantas ênfases, volúpias, depressão e desespero não tolerados, suportados com tantos tesões, tempo de alçar vôos longos pelo azul infinito dos céus,numa metáfora singela, suave, a rosa desabrocha na manhã de primavera, felicidade que transborda do re-verso em silêncio, solidão do finito no Uno do Verso, continuidade de prazer no uni-verso de experiências e vivências outras, lá vai a imaginação de braços dados, de fantasias, sonhos, com a intuição e percepção, com a chama dos ventos do deserto, convite à re-flexão e meditação da verdade de quem sou, plen-itude do ser de mim, de mim o verbo da plen-itude, o verso do sem-fim, finitude do sou do meu Verbo de amores, de delícias, de carícias, de ternura, de sublimidade e perenidade, da harmonia, sintonia...


Do ÚLTIMO, O LÁCIO DA FLOR
Re-vestidos de linhos finos,
Sem nunca perder a querida força,
Nem a agudeza do conhecimento,
Os verbos brilhando entre as regências
Como lâmpadas fumarentas
Diante de estrelas puras.


“O artista é a origem da obra e a obra, origem do artista”.


(**RIO DE JANEIRO**, 18 DE ABRIL DE 2018)


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