#AFORISMO 699/ ESPELHO DE AQUI-E-AGORAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Serena é a ilusão,
Sobre ec-sistente abismo,
Tudo são horas e outroras
Além de.


Tudo são aqui-e-agoras
Aquém de.


As re-versas veredas,
Os in-versos e avessos caminhos,
As sin-uosas trilhas,
Tudo são sons de silêncio
e de solidão.
Tudo são
Silêncios e solidões
De sentidos,
Símbolos,
Signos,
Metáforas,
Metafísicas do sublime
Ex-tase do in-audito.


Há fogo, há chamas
de quimeras e fantasias,
do gostinho de confins
nas arribas do instante,
no esquecimento voluntário,
de mão em mão
papéis circulando,
em branco e mistérios,
quiçá o prospecto
de níveos tempos.


Serena é a ilusão, mal refletida na superfície lisa de todos os espelhos, con-vexos, côncavos, em multidão de imagens, perspectivas, ângulos, de retinas e íris, de arco e flecha, traída pelos verbos de meus ossos e carne, re-versada pelos sonhos de minhas veias e sangue, pré-(s)-sentindo gastar um quanto de minhas carências e urgências, o que de nada extrai forma de vida: poderei ser rio, poderei ser água límpida, poderei ser verbo de sonhos, além de; poderei ser sonhos nos verbos de meu ser atrás todos os desvarios e devaneios, atrás ruas, alamedas, becos e avenidas; poderei ser abismos e crateras; poderei ser as asas das palavras, voá-las na intimidade de suas penas; poderei ser o espírito de minhas imaginações em sinuosas trilhas, em tortuosas veredas, alvura de um cântico, espaço e miragem multiplicando-se; poderei ser, ouvir-me ser atrás de mim, ver-me sendo na imagem re-fletida, de soslaio, no espelho de milhares de verdades e in-verdades; sublimes são as palavras, poderei ouvir-me sendo no canto dos pintassilgos, dos chapinhas.


Serena é a ilusão,
Ilusão de saber,
De con-templar
No longínquo do sertão,
Os campos abertos ao infinito,
De conhecer os segredos,
Magias das palavras,
De sentidos,
Signos.


Rios nascem,
Serena é a ilusão,
Toda a vida re-nasce, resplandece,
Dou, ao mar, às águas,
A alma sentida de todos os versos
E re-versos,
Os sentimentos de antanho.


Serena é a ilusão,
As esperanças do que há-de vir,
Há-de ser,
No severo exercício de traçar
Em linhas,
Os horizontes das palavras,
Os sentidos do coração,
O sensível da alma,
No espírito de outros momentos,
De novos amores,
De nova fé e esperanças,
Os vôos rasantes de meus olhos e asas
por todos
Os uni-versos.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 de abril de 2018)⏰⏰


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