##MANIFESTO - CADÁVER DA LITERATURA# - Ana Júlia Machado: MANIFESTO



POST-SCRIPTUM:


Seria injustiça aguilhoar esta crítica da escritora, poetisa e crítica literária Ana Júlia Machado ao meu Aforismo CADÁVER DA LITERATURA CONTEMPORÂNEA, sendo que ele transcende por demais os âmbitos de uma crítica a um poema. É verdadeiramente um MANIFESTO.


O meu lema é reconhecer o que deve ser reconhecido com dignidade e honra. Assim, tomei a liberdade de colocar o texto crítico da amiga no seu lugar devido: MANIFESTO.


Manoel Ferreira Neto


Infelizmente, é o caminho que está a levar a literatura hodierna...o bom é encostado, fica refém e defunto é o que faz furor pelo lado negativo--- é que sai para as bancas. Para os ignotos, lógico que é positivo e os que pensam em ganhar dinheiro, que é a literatura do sensacionalismo…


Na rusticidade da comunicação e da globalização, estamos assistindo ao enxovalho das instituições culturais e da desagregação dos preceitos de autenticação de um trabalho de arte. Tudo é tão aligeirado que acaba no dia seguinte, os artistas vão sendo trocados com o passar da moda, ficam os empresários culturais e sua equipe. Uma tourada encolerizada atrás de uma “bisbilhotice”, que não há tempo para se arquitectar uma linguagem. O chamado “diferente” é a experiência descartável que não chega a traçar uma linguagem preparada, mesmo assim, é solenizado por uma apreciação que tem como norma de decisão conveniências pessoais e institucionais. A arte pode ser qualquer coisa, mas não são todas as raridades sugeridas científicas, particularmente os que são paridos à sombra de uma inexistência de erudição.


Vive-se um momento em que qualquer prática cultural: religiosa, sociológica, psicológica, etc. é agregada ao campo da arte pela inspecção de um outro profissional que detém algum domínio sobre a cultura, (tudo que não se sabe direito o que é, é arte contemporânea). Como tudo de “recente” na arte já foi consumado, o irresponsável hodierno existente na arte contemporânea suplica um “novo” e nesta indagação sôfrega do “novo”, práticas de outros campos culturais são incluídos no meio de arte como uma novidade. Deixando a arte de ser um saber particular para ser um entretenimento ou um ocasional cultural.


E assim, vai o mundo da literatura…mal se sabe escrever, mas escreve-se…e como diz o grande escritor Manoel Ferreira Neto, em mais um sublime escrito; Do tecido enroupando a peça
Sobeja o enfado do defunto
Ao termo dessa farsa
Hodierna, atual...


Ana Júlia Machado


(**VIANA DO CASTELO**, PORTUGAL, 29 DE ABRIL DE 2018)


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