EQUÍVOCOS DA CRÍTICA LITERÁRIA DO CRÍTICO LITERÁRIO PAULO URSINE KRETTLI AO AFORISMO /**ESPÍRITO LIVRE**/ - CRÍTICA LITERÁRIA: Manoel Ferreira Neto/PINTURA: GRAÇA FONTIS


Não restam dúvidas de que o "autor é a origem de sua obra", nos termos de suas situações, circunstâncias, de suas dores e sofrimentos, de suas buscas e utopias, de suas ipseidades e facticidades, de seus solipsismos e vaidades e orgulhos particulares e singulares, de seus sonhos e esperanças, de sua vida e morte, é o seu "Eu", sua personalidade, seu caráter, o homem que se foi fazendo, constituindo, re-fazendo-se, buscando o horizonte e o uni-verso da vida, vida que almeja o Ser. Mas ec-sistem outras luzes, outras luzes que contra-dizem isto, que abrem outros leques e perspectivas para outros questionamentos, investigações.
Há críticos literários que se fundamentam nestes princípios, valores, virtudes, a obra é o universo do autor, tudo está fundamentado na vida dele, tudo o que diz é ele, na sua sensibilidade, na sua racionalidade, nas suas utopias e ideais, nos seus sofrimento e dores, esquecendo-se, estes críticos literários, de que a obra transcende o escritor, o poeta, e só assim é-se possível, disponibilizam-se os questionamentos do Ser e Nada, do Ser e Tempo. Críticos literários que estão mais do que sustentados nas linhas da Poesia, da Literatura, a sensibilidade em busca do Ser, nas tábuas da História da Literatura, pensando que a História é a genesis da Arte no concernente, na tangência à Verdade das Utopias e Sonhos - a Verdade se faz na História -, mas se esquecem, quiçá por não se disponibilizarem a questionamentos mais profundos e percucientes, por não terem condições de o fazer, por desconhecerem os itinerários da Filosofia, como é o caso do crítico-literário Paulo Ursine Krettli que se personaliza e caracteriza na vida do autor, do artista, do filósofo, não conhece a filosofia, tem apenas breves e equívocas noções dela.
Há-de se considerar e reconhecer o "Eu," nas considerações e perspectivas das contingências da Vida do Escritor, o que é princípio, gênesis das estruturas dos questionamentos, como o faz o crítico-literário Paulo Ursine Krettli, não passando a mão na cabeça do crítico, mas é fundamental, sine qua non, o "eu-filosófico", o "eu-poético", se é que se entende e intenciona a "Consciência-estética-ética".
A Consciência-estetica-ética é a dimensão da Arte na sua dimensão da Verdade sonhada.


Manoel Ferreira Neto
(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE MAIO DE 2017)


Em Barroco Moderno, o autor é a personagem dos seus conflitos e se martiriza na sua comoção, no seu confronto, mesmo a algo que se conhece. Esse martírio se lhe apresenta em tudo e em circunstâncias que não lhe cabem na dor ou na alegria, as quais quer esmiuçar e identificar-se em vicissitudes e nuances das várias ultrapassagens que fez para encontrar aquilo que o faz, de algum modo, lembrar de como os homens se chibatavam-se a si próprios para se purificarem e redimirem de algum prazeroso idílio, de algum erro perante e inerente à felicidade.
Em sendo personagem, o autor se veste das mais variadas facetas e alegorias, dos mais suntuosos e sinistros apetrechos, dos mais insinuantes portos seguros e instabilidades que a existência – em dado momento insignificante - e o que está em volta proporcionam; assim, está nele, em seu estado nato, o propósito de seguir sua caminhada, sua sensibilidade, seu martírio, sua lucidez, sua loucura!


Paulo Ursine Krettli


#ESPÍRITO LIVRE#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Pudesse eu rasgar os verbos, respeitando-lhes as puras regências, mais íntimos, não me importando se não houver quem neste velho mundo sem porteira possa entender-me, compreender - serem verbos para ninguém e serem verbos para todos -, não digo de aceitar e endossar minhas palavras, mas saber que são as minhas verdades únicas, diria simplesmente que o melhor para mim teria sido não haver nascido, não ser, ser nada.
Noutro tempo, projetei a minha ilusão para além do homem, tal como os transmundanos. Mas para além do homem, realmente? Superei a mim mesmo, levei a minha cinza para o auspício da colina e inventei para mim um fogo de chama mais ardente.
Desejaria ser mais um espírito livre do que posso ser. Seria isto uma quimera, e nos instantes em que penso e sinto esta liberdade de espírito a que tanto aspiro eu não ser possível, agarro-me a ela, fantasiando-a, dando-a contornos de realidade e de uma verdade minha? Seria isto uma fantasia, e nos momentos em que sinto e penso esta liberdade de espírito que tanto busco e intenciono alcançar, sentindo-me no íntimo não só alegre e saltitante, contente e feliz, mas o silêncio em cujas dimensões contingenciais e divinas me ouço ser.


Há em cada coisa um milagre e um absurdo.


(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE MAIO DE 2017)


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