#ANSAS ÓPTICAS DO TUDO SOMBRIO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO

 "Eu sou a mosca que pousou na sua sopa" (Raul Seixas)

A existência cessa e o vento ainda me recruta para bem longínquo, para o interminável... eterno da inutilidade, ninharia de ser total, tudo compenetrado, vomita a mesmice desta imago, mesmidade desta perspectiva, não mistura a nonsensidade destas ópticas do tudo sombrio, às voltas pelo balanço incansável de corrigir, absolver os batimentos que cada termo rumoreja, que cada vivido e jornada nas ansas do metafísico ruminam, exibição límpida e transparente, película extravagante da metamorfose perambulante.
Viajada durável, curta cinematografia de enxergar um momento, um princípio imaginado, de vislumbrar um tempo, preâmbulo desejado da verdade.
Oh, ser miserável, ainda desconhece o significado humano, sentido da vida? Ordinária, a vida inscreve a passagem do conflito do sonho e a paixão dos loucos, devaneio dos desvairados, os idílios dos marginalizados, as perversões dos discriminados, e, ainda, an-alisa a pujança dramática da alegria, quando a solidão se encontra com o sensualismo na real-ização do êxtase eterno do belo e do sublime escumalha as seduções fúteis e baratas.
Tempo. Des-cobertas. Loucuras. Perdições. Delírios des-conhecidos. Divina dedicação da vida com o místico, e do místico com o exótico, e do exótico com o erotismo vislumbrado dos loucos.
Oh, miserável, já descobriu o significado da loucura? Esquisito é o encontro do belo e do sublime,  quando a loucura inter-preta a vida, an-alisa os mistérios e enigmas, o inaudito e o ininteligível, a sina e o destino, o incognoscível da liberdade que não é o que é e é o que não é!
Ah, animal de pouca fortuna, ainda não descobriu o significado da vida? A vida, ao estilo, linguagem do belo e do sublime, é exótica e mística em qualquer travessia da estação da loucura, ainda que o homem perca a razão dos sonhos, sentido da paixão, o senso das esperanças.
A paixão é o sentido oculto que traduz a loucura e a vida sem conflito com o amor, sem polêmicas com os dogmas da carne, preceitos dos ossos e cinzas.
Por acaso, oh miserável, acaso já embaralhou a paixão e o orgasmo no significado de sua vida, o instinto e o clímax na náusea de sua con-tingência, animal do abandono?!


(**RIO DE JANEIRO**, 17 DE MAIO DE 2017)

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