**TABACARIA DO ETERNO - IN "PARTITURAS DO ESPÍRITO - 01 DE MARÇO DE 2017** - PINTURA: Graça Fontis/PROSA POÉTICA: Manoel Ferreira Neto
Ao
saudoso Poeta Lusitano, FERNANDO PESSOA.
Tarde,
quietas
inspirações
contemplam
desejos,
sussurram
longínquos
silêncios
no
vento sons – in-finitude de sonhos,
imagens
do ser além-presença
dos
sentimentos múltiplos
di-vers-ificam
ad-versos versos do uno,
a
alma trans-eleva fantasias
do
pleno à busca do efêmero finito
do
tempo a deslizar nas bordas do não-ser,
prefigurando
abismos en-velados
por
sombras pálidas,
árvores
frondosas,
a
noite que se apresenta,
efêmero-em-efêmero,
continuidade
da perspectiva da vida,
seguindo
trilhas,
per-correndo
rastros;
sendo-em-sendo
de passos
rumo
às convexas performances do eterno,
a
palava muda que silencia sentidos,
significados,
inter-ditos
do ab-soluto,
o
silêncio altissonante que muda inter-ditos do efêmero
em
significados nas palavras solitárias,
a
sílaba emudecida por hífens da interdição inconsciente,
o
verso eivado de sons,
idílios
da ipsis-palavra
que
a-nuncia a plen-itude do eterno
face
ao in-absoluto das travessias
contingentes
da
alma sedenta do ser-em-horizontes silvestres,
nadas
configurando vazios,
abismos
restaurando as profundidades
de
cavernas misteriosas,
habitadas
de estalactites...
Ser
de antemãos, revelia de silêncio em solidões segue o rio sem margens, pressa
Ser
de revezes, travessia - versos que trans-cendem sentimentos, emoções. Estrada
de confins aberta de além aos horizontes esparsos.
Sou
composto de traços e passos. Nos traços que desenho na perspectiva do tempo de
tornar sentimentos o que a alma vislumbra de desejos do sentido íntimo do ser e
da vida. Nos passos que sigo, por vezes sereno, sinto a luz de alhures
incidindo-se-me profundo, e as chamas da lareira de emoções são inspirações
para o outro de mim se revelar, por vezes, entristecido, não consigo
com-templar no horizonte distante as imagens, ainda que apenas a-nunciações, a
emoldurarem verbos e sub-stantivos da sublim-itude da graça. Componho a
inspiração estética do amor. Ensombrecidos cantos, recantos e auroras. Sombrios
sítios, crepúsculos, cavernas. Sou lembranças de sonhos perdidos nas curvas do
tempo. Sou recordações do raio de luz, do sibilo de vento, Sou memórias de
instantes de prazer, momentos de dor com que apagam os raios luminosos do
presente. Na noite a luz do abajur que acendo. Sou obstinação, determinação,
insistência, persistência. A lenha que re-colho para colocar na lareira, cujas
chamas ardentes esquentam-me do frio ad-jacente aos ossos. A chama do fogo que
rasga a escuridão.
Sou
composto de marcas e cicatrizes; uma face e um símbolo, um rosto e um signo, um
semblante e uma metáfora, uma imagem e uma perspectiva. A poeira das ruas de
minha terra-natal na sola de meu sapato, minhas mãos postas ao céu, ao que
trans-cende, meu punho erguido, um murmúrio, um sussurro, um grito, um berro
altissonante, uma agonia, um desespero, um desconsolo,,, Lágrimas que descem a
face da contingência.
Ser
de in-versões, fantasia de amor que tece a verdade de sentimentos livres à
divin-idade da alma que deseja a felicidade exuberante à div-indade da vida que
con-templa o ser de entrega plena aos projetos do verbo, conjugando fé e
esperanças noutras realidades, verdades de sonhos a plen-ificarem estrelas de
antanho, cintilando de presença o êxtase de viver, a volúpia de estar sendo
Ser
de re-versões, estesia, belo de viver instantes de harmonia, sin-cronia, beleza
de experienciar o coração pulsando de emoções, a alma sedenta de sensações,
clímaces. Ser de avessos, sinestesia
sim
de desejos puros, inocentes, sim-estesia, sim de idéias simples, humildes,
verdadeiras, estesia do sim, numinando espaços, a lua olha de soslaio a
distância da estrela próxima, as estrelas entre-olham a proximidade da lua a
versejar brilhos, a escuridão do uni-verso versando a escravidão de homens
bêbedos de boêmias à luz de ruas áridas, íngremes, de boêmios lúcidos à sombra
das calçadas pectivando as pers de suas solidões, pers-ificando as pectivas de
suas agonias, angústias, tristezas, mistérios e sinas. Ser de nada extasia o
crepúsculo de ocasos, luzes e palavras de amanhã, o alvorecer de acasos, letras
e sentidos do eterno na metafísica de ilusões perdidas, na linguística de aspirações
do absoluto na teoria do conhecimento de fantasias do porvir, na antropologia
das quimeras e esperanças do amanhã, a esperança desperta os homens para o
crepúsculo do Ser à busca da vida contingente.
M-iríades
de sons, perpassando em ondas as sendas de ventos além de verbos conjugados,
utopias a-nunciam-se plenas de desejos nos interstícios da alma conceber
veredas, fontes cristalinas de real-ização, o-rnamentadas de arrebiques que
elevam da con-tingência o infinito do ser, Estendendo-se aos horizontes de
esperanças o universo do sonho, ledos enganos a inspiração a conceberem,
gerarem a luz do espírito.
A-nunciam
o espírito, alma, os fraques de por baixo dos pés, o mergulho profundo no
silêncio que representa con-templar, a-lumbrar, vis-lumbrar, des-lumbrar a
liberdade de seguir as sendas da continuidade, perambular e vaguear pelas
alamedas do continuamente, em busca de outras imagens, perspectivas, ângulos,
prismas do con-tingente, trans-cendente, do espírito que no estilo e linguagem
dedica as dimensões sensíveis aos sentimentos, no dito e inter-dito homenageia
a magia esplendorosa, magnífica, a esperança da conjugação regencial do
nome/verbo.
F-ósseis
quimeras do efêmero à mercê do in-audito mistério da gênese, en-grolando de
versos as palavras re-nascidas no eidos de verbos defectivos, r-efazendo de
metáforas do insólito as efígies imaculadas de volúpias, êxtases,
r-econstruindo o templo de metafísicas das poeiras ao longo dos caminhos, e o
espaço temporal que hoje habita a alma perdida descuida estrofes i-rmanadas aos
epitáfios escritos pelo tempo sobre o gozo das hipocrisias, r-elevando os
escombros das mentiras seculares os interesses da magia do ser, a antiga
liberdade sob o vedado sol, delineando lapsos curtos do pensamento.
Abisso
- rio, em tua imagem re-fletida no espelho, agora a triste máscara vazia...
Minha própria imagem: lágrimas da memória, suspiros da lembrança trazem o sabor
de outrora, e nesse batismo acridoce congelo-me, resfrio-me em estiagem.
Ser
de quem sou... a verdade me falta na continuidade do tempo. Eu de mim. Sou a
busca da verdade, vivo crocheteando as suas estradas. Sinto-me tecendo as
linhas poéticas do diamante que risca o éter de esperanças. Ser de sou, em mim
o Verbo. Sou de ser, nos re-cônditos da alma a luz.
Êxtases
fictícios e imaginários, volúpias de sorrelfas e fantasias solicitam de seus
interstícios esperanças de ser real e verdade a querência de conhecimentos,
valores, princípios, virtudes, lemas, mesmo suciedades e “ausência de caráter”,
Não ter leito de flores no regaço da alma. A in-verdade, a não-verdade.
Anunciam-se no horizonte longínquo a travessia de pontes partidas, a nonada de
cancelas, mata-burros. No túmulo diante dos uni-versos e dos uni-verbos a
passagem ao além-celestial para quem se converteu aos Evangelhos, o passamento
ao aquém-infernal, para quem se entregou de alma às homilias de Mefistófeles,
na virgin-idade das cristian-idades da história e da Bíblia do AMOR na
plen-itude das sublim-idades do presente.
Céu
sem nuvens, nu-vens sem princípios de cores dos princípios e valores eternos. O
morrer de todas as desilusões, das fraquezas e fracassos, o re-colher da
sensibilidade, subjetividade, virtudes e princípios, sentimentos e emoções,
fantasias e ilusões, o a-colher de novos sonhos, a vida concebe outras veredas
para o espetáculo de dança de todas as alegrias, felicidades, prazeres, para o
cenário esplendoroso do arrasta-pés de todas as angústias, tristezas, solidões.
Sou
composto de estrume e de solo íngreme. Sou rumores, sou gemidos, sou suspiros.
Sou pés trilhando ruas e avenidas. Sou pernas varando o tempo, sol na cabeça,
no rosto e cruz suja de terra,
Fardo
colorido, destino branco e preto, sina, saga, destino sem cores e brilhos. Sou
o aqui-e-agora, o que há-de vir, A hora que se apresenta e se esvaece, mas
retorna com novas energias, forças.
Sou
ouvidos de línguas estrangeiras, sou voz de olhares à espreita do ser e tempo,
ímpeto de lábios, sorrisos à mercê das coisas hilárias, esgares de tristeza e
angústia à revelia das dialéticas da vida e morte, pele, pensamentos, poros,
pelos...
Sou
uma espera, fantasia, ilusão. sou um movimento, sonho, utopia, um pingo de
chuva, um raio de sol, uma lufada de vento, uma luz de relâmpago, brilho da lua
bolinando a escuridão da noite, cintilância das estrelas seduzindo o universo,
sou a mão que pinta de cores semivivas a tela de desejos,
Estratégia
e artimanha, raciocínio evidente, transparente, sublinhando as dialéticas da
vida e morte, poiésis do verbo e dos versos, experiências e vivências em busca
do ser, espiritualidade, amor, solidariedade, paz, compassividade, caminhos a
serem trilhados, percorridos, para o encontro com a vida que habita a morte,
para o des-encontro com a morte, onde reside a redenção dos pecados capitais,
onde reside a ressurreição.
Representações
que o verbo anuncia, onde os prazeres e alegrias pelos sonhos-realidade,
imagens que a poiésis do verso nas imagens distantes do horizonte, são as
chuvas para poder florir as flores desabrochadas, lindas, de odores sublimes,
onde criar o outro de morrer, onde fantasiar a morte da vida transcendendo
todas as contingências, sendo na continuidade do ser a felicidade sentida, na
vida de ser morte, onde revelar a carne da verdade.
Absurdo
da finitude,
alarme
do entardecer,
crepúsculo
do fim de um tempo,
princípio
de outro no além,
é
aí que tem a raiz a razão de ser;
subjaz
na
origem a consciência embaraçada,
no
súbito alarme intraduzível,
inexplicável
da relação com a morte,
busca
surpresa que me trava
a
respiração,
arrepia-me,
na
iluminação ou aparição da morte
que
mal me afeta,
se
vivo distraído,
no
mundo da lua,
que
mal me diz respeito,
se
a intenção é a plen-itude de todas as coisas que me habitam profundo.
(**RIO
DE JANEIRO**, 04 DE MARÇO DE 2017)
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