**TEMPO DE DECOTES CINZAS** - PINTURA: Graça Fontis/Poema: Manoel Ferreira Neto
Criar é crer no espaço
Re-cursar-se
Abandonar-se
Re-nunciar-se
Esquecer-se
Sem temer perder-se
Na solidão, in-estimável solidão
No nada, in-descritível nada
Que trans-forma os homens
E modifica os tempos,
Muda as eras.
Falam vozes e impera o silêncio do retorno. A eternidade não pré-ocupa:
cumpre a pena que sublima, a tinta que an-estesia, acalenta, o segredo da prece
que brada insistente no amor. A dis-plicência do tempo de decotes cinzas
auxilia o sereno na fácil tarefa para o que incita. É difícil perceber
in-significância sem economia de cor-agem, é difícil conceber cor-agem sem
economia de desejos e vontades trans-cend-[entes]. Nenhum olhar além dos versos
e estrofes do soneto, nenhum toque além das rimas que a fantasia e as
experiências criaram, nenhuma quimera, além dos sentimentos vividos, nenhuma
fantasia, além das dores e sofrimentos.
Criar é amar
Em si
E no eco de outras solidões
De outros gritos antigos
Criar é crescer
Como todas as coisas que crescem
Rumo ao des-conhecido,
Rumo ao in-audito,
Rumo ao in-definido
Criar é re-velar
O ir-re-velável.
(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE MARÇO DE 2017)
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