**O ESCRITOR E A CRÍTICA LITERÁRIA** - Manoel Ferreira


Ser crítico literário!... Sê-lo não é apenas mergulhar o mais eidético, abissal no texto, através da intelectualidade, do conhecimento, da gnose, trazendo à superfície a mensagem. O verdadeiro crítico literário vai muito além destes princípios. O crítico literário, atraves de sua intelectualidade, recursos e métodos, mergulha na estrutura do texto, mas é através de sua sensibilidade, subjetividade, intuição, percepção que ele mergulha na eidética do texto, atrás do ser da poiésis. Aqui está o supremo valor crítico literário da Mestra Rita Helena Neves: faz a síntese da intelectualidade, do conhecimento, da gnose e a sensibilidade, subjetividade, intuição e percepção, trazendo à superfície a obra em sua "pré-fundidade", o espírito da obra.
Diz a crítica literária Rita Helena Neves na sua tese-ensaio do meu texto /**ÁGUAS REVESTIDAS DE LUZES E MAGIAS**/: "...o silêncio o ampara. Esse silêncio que lhe pertence e que somente o poeta sabe entendê-lo e interpretá-lo." Em verdade, em verdade, me não era sensível, no sentido de "verbalizado", o silêncio me ampara, traz-me em seu seio. Entendê-lo e interpretá-lo são-me possíveis por inter-médido da sensibilidade, da subjetividade. Agora, com este dizer, o entendimento e a interpretação se tornam verbalizados, conscientes. Mas a crítica literária mesma revela esta verbalização: "... trata-se do seu silêncio interior que o acompanha, abraça o poeta, permitindo-lhe vaguear alhures... Seu silêncio é o berço que lhe acalenta, sempre que o poeta urge pensar no seu sentir e sentir o seu pensar..." O silêncio me ampara no sentido de pensar no meu sentir e sentir o meu pensar. Ao escritor, ao poeta é mister pensar o sentimento e sentir o pensamento, esta comunhão é imprescindível. Sem isto, a Arte é impossível, não só a Literatura e a Poesia, as Artes mesmas.
Não sabia a Mestra Rita Helena Neves o lugar onde iniciei a escrever algumas garatujas deste texto. Comecei a escrever no cemitério, sentado no mausoléu da minha mãe biológica. O berço que acalenta o filho é a mãe, a minha mãe está silenciosa no seu "berço eterno", o silêncio da eternidade lhe pertence, e é este silêncio que me permitiu vaguear alhures, mergulhar no "eterno" de mim, na Vida e na Arte.
Com esta percepção, intuição, subjetividade, espiritualidade a Mestra Rita Helena Neves revela a origem do artista, que é o silêncio, a origem da obra, que é pensar o sentir e sentir o pensar, que é a Vida, a busca da luz e magia do Ser.
È sim impressionante, ininteligível mesmo, como a Mestra Rita Helena Neves e eu estamos unidos, conciliados, habitamo-nos um no outro, a obra e a crítica se aderem com magia. Conhecemo-nos profundamente.



Manoel Ferreira Neto.
(12 de abril de 2016)


Comentários