**MANIFESTO DE VERSOS - REVISADO E AMPLIADO** - Manoel Ferreira


Nunca de jamais con-templando confins nas pers-pectivas dos numinosos raios de sol, de leste o vento perpassa as bordas de arribas, ad-jacências do além, de sul as nuvens escuras indicam que haverá chuva, esperando que se prolongue por alguns dias, para lavar as mentalidades fúteis e retrógradas, vislumbrando eu, recostado no parapeito de minha janela - não irá demorar muito serei considerado o "homem da janela, sem camisa, óculos escuros e chapéu preto" pelos transeuntes e pelos vizinhos, se ultrapassarem a porta de entrada, verão que estou nu -, através da frincha de galhas e folhas da árvore que sombreiam o quintal, o brilho da lua cheia, circundando-lhe algumas estrelas.
Versejar: lincear profundo na alma as pers das a-nunciações de sentimentos do verbo que iluminarão com o brilho do desejo os sonhos da plen-itude do amor, sonhos ardentes, calientes, as esperanças da peren-itude da solidariedade acompanhada da ternura e afeição pelo sublime habitando o outro, trans-elevando-lhe aos auspícios da felicidade, cumes da paz, as utopias da liberdade, pedra de toque e angular para o tao de nonadas que des-abrocha a flor da entrega do diáfano espírito da solidão do ser, krishna da luz do eterno incidindo nas contingências das buscas e querências, delírios e êxtases do Belo, devaneios da Beleza do Belo, paixões e climaces do Sublime, nas dores e sofrimentos pres-"ent"-ificam as estéticas estesias do obtuso absolutizado de pectivas numinosas inter-mediando o inter-dito das desejâncias da imortalidade que cria, inventa, re-cria a leveza da terra que des-vela a imagem da vida entregue nas "mãos-vazias" do perpétuo, o livrinho de mármore branco aberto na sepultura com o epitáfio: "Versejei a eidos-essência da vida com a prosa-poética da esperança, sonhando a "val-felicidade" da estesia-estética do silêncio", epitáfio que deixará muitos visitantes estagnados, lendo, tergi-versando o olhar para alhures, cogitando e elucubrando o que tais palavras possam significar, a mensagem que em si trazem dentro.
Vers-ificar: jamais de nunca margeando as bordas das arribas, sob os ocasos faiscantes do alvorecer, de norte a neblina de suave leveza colore de branco as ad-jacências do efêmero, bordas da regência do des-eterno, alumbrando eu, sentado à soleira de meu casebre, passando um boêmio dedilhando as cordas líricas de seu violão, sei que a música é do Roupa Nova, um gatinho de pelos brancos sai do terreno baldio e atravessa a rua, acendo um cigarro, trago a fumaça ao estilo de um galã do cinema dos anos 60, James Dean, sobremodo sensibilizado por umas palavras ouvidas que me tocaram o âmago do ser por vir: " Estarei sempre voando com você, ao seu lado, rumo ao infinito que é sua esperança-sonho, lá chegaremos de mãos dadas, tomaremos um vinho em taças de cristal, brindando o amor que é chorar de nostalgia, melancolia, saudades de instantes e momentos..."
Vers-ificar: littera-sentir nos recônditos das fantasias de sonhar o verbo do ser, ampliando de pers e retros as re-miniscências dos acordes e ritmos da música-pectiva da poiésis da palavra que metaforiza a "essência-val" dos mistérios lívidos e transparentes, re-velando as gotas em silêncios, devorando as linhas do universo, arrastando a névoa da floresta silvestre do verbo-verbo ao lirismo do perpétuo amor.



Manoel Ferreira Neto.
(25 de abril de 2016)


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