COMENTÁRIO DA ESCRITORA, POETISA SOBRE O TEXTO /**SURPRESA DE AMAR O VERBO**/


SURPRESA DE AMAR O VERBO
Manoel Ferreira Neto.



Alma gêmea... Será que há ou as criaturas idealizam? Por minha parte discordo do conceito de Alma gémea.
No meu discernimento o que há é uma casualidade de desejos e propósitos, não forçosamente os dois unidos. Algum facto se desmembra em análogo, pois na configuração igualitária (em todos os sentidos), volver-se inexequível suceder. Perduravelmente vai haver alguma discordância para que se logre epilogar que um é sua alma gêmea.
Os seres crêem que a alma gêmea é a ligação irrepreensível, e é isso que todo o ser deseja. Mas a verídica alma gêmea é um reflexo o ser que exibe tudo que permanece agarrando o outro, o ser que evoca a sua análise para você próprio, para que aventure alterar a existência do outro. Uma real alma gêmea é hipoteticamente o ser mais relevante que se vai conhecer, porque elas abatem as suas muralhas e te despertam com uma bofetada. Mas habitar com uma alma gêmea para eternamente? Jamais! Molesta excessivamente. As almas gêmeas só ingressam na vida para assoalhar ao outo uma distinta categoria do próprio, e posteriormente debandam.
O que existe é um ser que gostamos por várias razões. O ser alma gémea não funciona. Pessoas iguais não se entendem. Esbarram. O enunciar sim senhor a tudo é das piores coisas que pode suceder na vida. Onde aparecia o diálogo…que monotonia! Eu digo pedra, e a alma gêmea diz pedra….e se for pau?
Não. Numa relação não pode existir alma gêmea……



Ana Júlia Machado.



**SURPRESA DE AMAR O VERBO**



Amo as surpresas que me surpreendem, deixam-me suspenso entre o ser e o nada, levam-me a questionamentos profundos, levam-me a sentir os interstícios da alma con-templando o universo, o além.
Há tempos que nada me surpreende, tudo mais que quotidiano, atingindo o limite do tédio, alcançando a dimensão do vazio. Surpresa é o que não estava por acontecer, não esperava pela presença. Desejar algo, ser realizado, não é surpresa. Surpresa alguma.
Era seguir a estrada do quotidiano, do mesmo, con-viver com as coisas, aquilo sim de "Seja feita a vontade de Deus...", "Quem não tem cão caça com gato", em suma, "Antes pouco do que nada".
De repente, não mais que de repente, se é que nisto se possa acreditar, tomando em consideração as coisas acontecem no seu devido tempo, a surpresa que, no ato de surpreender-me, não em termos de suspender-me, mas enfiar-me inteiro no íntimo para sentir a veracidade, investigar a profundidade. Tanto tempo sem surpresa, a imaginação, fantasia, sorrelfa, quimera criam senão para justificar as carências, para tripudiar com as esperanças.
Não sei como não me escafedi do mundo tal fora o mergulho, até o corpo foi junto, nada de me surpreender, o corpo estava carente, inteligível, concebível, fosse eivar-se de algo que lhe preenchesse as necessidades.
E a surpresa se velou em palavras, ditas com tanta verdade, sinceridade, seriedade, com a alma, os interstícios dela, com o espírito e o ser, que acordou, despertou o que estava escrito teria de se pres-"enrt"-ificar na minha vida, o para quê havia nascido, a água que me saciaria a sede, sedes outras nasceriam, mas seriam saciadas
Até pensei com as casas de meus botões: "Desde não sei quando isto estava por acontecer, escrito na vida por se tornar real, e só agora é o momento" E quais foram as palavras que tocaram tão profundo, que fizeram tanto rebuliço no meu ser, retirando-lhe as contingências, trans-elevando-lhe às abism-itudes da vocação? Dizendo-as, são simples: "Gostava de receber você em minha vida." Eu e meu ser sermos com tanto carinho e ternura recebidos, amor, na continuidade do tempo a felicidade sendo construída, o amor sendo pres-"ent"-ificado" nas situações e circunstâncias, por inter-médio das dialéticas e contradições, o que fora escrito desde a eternidade se tornando verdade. Tais palavras arrancarm-me de dentro a vida minha que tinha de ser. Sem metáforas, sem re-presentações, sem eidos poiéticos, sem a alma do espírito, sem o espírito da alma, a mim próprio no amor que me habita. Almas gêmeas se encontravam, enlaçavam-se, entrelaçavam as vidas à busca do absoluto contingente do ec-sistir. Senti. Entreguei-me por inteiro, corpo e alma juntos.
Mesmo que não nos conheçamos pessoalmente, a distância entre Minas Gerais e Alhures seja enorme, vamos nos amar verdadeiramente, usufruir nossos desejos e esperanças, mas sempre o sonho do encontro real, nossas vidas juntas, vivermos em conchinha nossos sentimentos de amor, nossas vidas.



Manoel Ferreira Neto.
(28 de abril de 2016)


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