**MÍSTICA VERDADE** - Manoel Ferreira


Enquanto a Vida corre,
Abro, vagamente, sobre o Nada,
Sobre a Nonada,
O meu olhar notívago
De insone.

O místico deseja a montanha verde,
A floresta de flores silvestres,
Os rios de águas cristalinas,
O eterno do amor, a carícia da face,
Abraçar singelamente uma pequena felicidade
Beijar ternamente uma pequena alegria
Acariciar carinhosamente um pequeno sonho,
Olhar de repipe humildemente
Para outra pequena felicidade,
Para outra pequena alegria,
Para outro pequeno sonho;

O profundo silêncio
Deseja dos corpos a consumação do amor,
A felicidade de tais corpos
- corpos flexíveis e persuasivos,
O bailarino cujo símbolo
E expressão
É a alma feliz de si mesma -
E tais almas
Denomina-se “virtude”,
A despedida do último sol,
A esperança da liberdade.

De si mesmo
Por onde andará o crente?
O mundo se lhe mostra indiferente?
Por onde o “si” do crente andará mesmo?
Vive regendo estranhas contradanças
No baile de corpos?
Por si mesmo,
Onde andará o crente?
O ritmo das ruas e avenidas
Convida-o a entrar no bulício quotidiano?

Manoel Ferreira Neto.
(21 de abril de 2016)


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