COMENTÁRIO DA SECRETÁRIA, ESCRITORA E POETISA ANA JÚLIA MACHADO AO POEMA MÍSTICA VERDADE


MÍSTICA VERDADE
Manoel Ferreira Neto



A vida acelera, sem dúvida…Atrevo-me a verbalizar que a moderna afiguração dos seres humanos é contraditória por essência e abrange dois aspectos complementares. Nas condições quotidianas, abarcando circunstâncias triviais de conhecimento, poderia ser adequado considerar nos seres como engenhos genéticos. Contudo, em circunstâncias intelectuais incomuns igualmente patentear domínios de campos infindos do conhecimento — excedendo o tempo, a extensão e o acaso de uma somente dimensão. Essa é a representação que os costumes devotos possuem enumerados por milénios. Ultimamente, auferiu –se o auxílio imprevisto o tratado acerca da morte, da meta psicologia, da antropogenesia, das psicoterapias vitais e da indagação psicanalista, e igualmente da labuta com aparecimentos espirituais. Tudo para explicar o místico da vida…
A vereda herege das pigmentações
Dos ornatos, dos acúleos
O emperramento gerado nos calhaus taciturnos
O quente das migas descidas garganta abaixo
Os enfeites estendidos nas ancas, ignóbeis
A inscrição do aqui descansa - irrepreensível, adequado
Todo pez colado nos calcantes, represália do alcatro
O invólucro de pujança sem botão
O elevado rol de podridão
A falsificada crença. Onde andam os verdadeiros crentes????
A debilidade das artérias purpúreas
que carminam catástrofes.
O valor da equidade negociada
A candura
Os íntegros
Os sem espírito
As pulsações do coração
Por onde andará o piedoso?
O universo se lhe aponta desapaixonado?



Ana Júlia Machado



As ciências, as religiões - aliás, não se dão as mãos - não se comungam, não se aderem acerca da vida, da existência, muito menos sobre o Místico, a trans-cendência do Ser espiritualmente. Quem realmente fora capaz de mergulhar profundo no Místico fora Carl Jung, psicanalista alemão. através de suas idéias a "transcendência espiritual" presentificou-se no Ser, o místico habita o Ser. Onde está o crente no místico que habita o Ser?
Inda agora mesmo, passando na porta do Santuário-Basílica de São Geraldo, próximo à minha residência, perguntei, indaguei, questionei: "Onde está a "espiritualidade" tão decantada, declamada, recitada pelo Cristianismo? Apenas palavras no Livro Sagrado, palavras para contribuir essencialmente com a mauvaise-foi, fugir das contingências da vida, dores e sofrimentos, fantasiar o após morte. Por toda a vida dores, sofrimentos, náuseas, angústias. O místico, transcendência espiritual, habitando a contingência, o ser-no-mundo, o estar-no-mundo, é que transforma a vida, torna-se ela a real-ização do Ser, As dores e sofrimentos continuam existindo como pedra de toque para os sonhos e esperanças de outras conquistas na vida, na existência, e não num além fictício, numa poesia destituída de semântica e linguística, numa literatura destituída de existencialidade." Disse-o, repito-o: "Não acredito no Deus da Sagrada Escritura". Acredito no Místico, colhido nas experiências e vivências, presentificado nos sonhos e esperanças do Ser.
A sua crítica ao poema Mística Verdade é percuciente, Ana Júlia Machado, aborda com excelência as minhas idéias. Restava apenas estas considerações delineadas aqui.



Manoel Ferreira Neto.



.**MÍSTICA VERDADE**



Enquanto a Vida corre,
Abro, vagamente, sobre o Nada,
Sobre a Nonada,
O meu olhar notívago
De insone.
O místico deseja a montanha verde,
A floresta de flores silvestres,
Os rios de águas cristalinas,
O eterno do amor, a carícia da face,
Abraçar singelamente uma pequena felicidade
Beijar ternamente uma pequena alegria
Acariciar carinhosamente um pequeno sonho,
Olhar de repipe humildemente
Para outra pequena felicidade,
Para outra pequena alegria,
Para outro pequeno sonho;
O profundo silêncio
Deseja dos corpos a consumação do amor,
A felicidade de tais corpos
- corpos flexíveis e persuasivos,
O bailarino cujo símbolo
E expressão
É a alma feliz de si mesma -
E tais almas
Denomina-se “virtude”,
A despedida do último sol,
A esperança da liberdade.
De si mesmo
Por onde andará o crente?
O mundo se lhe mostra indiferente?
Por onde o “si” do crente andará mesmo?
Vive regendo estranhas contradanças
No baile de corpos?
Por si mesmo,
Onde andará o crente?
O ritmo das ruas e avenidas
Convida-o a entrar no bulício quotidiano?



Manoel Ferreira Neto.
(21 de abril de 2016)


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