*HORIZONTE DE LÍMPIDOS RAIOS* - Manoel Ferreira


Nada
Mais sonhador que meu coração.
Sonha amar, a verdade amor que lhe habita,
Entregar e receber sentimentos, emoções,
Correspondência sensível, reciprocidades do espírito.
Amar é sensível, amor é sensibilizar a sensibilidade,
Viver o abraço terno, carinhoso, afetuoso.
Amor não é sentir o desejo, a vontade da entrega,
Amor é a entrega, e o meu coração é entrega,
Está se entregando às volúpias e êxtases de meu ser,
Sinto-o, não o verbalizo, não o analiso.
Sinto-o em mim, sinto-o presente
No mais profundo de meu íntimo.
O peito arfa convulsivamente,
Idéias e pensamentos neste instante
São puros sonhos, esperanças,
Aquele sonho da felicidade,
Felicidade de sentir a verdade mais pura de minha alma,
Aquela esperança de comunhão,
Aderência ao ser amado, o verso-uno,
Sermos um só ser em nós.
Nada
Mais intenso que o amor paixão
Nada
Mais inspirador que a graça-amor
Nada
Mais esplendente que a cintilância do espírito
- verbo-de-ser -
Nada
Mais revelador que a dimensão do divino
Iluminando o baldio das sinagogas do eterno
Nada
Mais po-ético que o sentimento da cáritas
Vers-ificando de sensibilidade o in-finito do Ser
Nada
Mais sublime que o espírito da po-iésis
Concebendo de orvalhos a verdade da entrega
Nada
Mais perfeito que a imperfeição contingente da felicidade
Delineando de cores vivas as buscas do paráclito
De prazeres, êxtases, volúpias, estesias
Nada
Mais estético que o amor à verdade do verbo
Uno e Verso que se projetam no outro de carências e solidão
Nada
Mais trans-cendente que a contingência de dores, sofrimentos
Projetando-se no limiar espelho dos desejos absolutos.



Se hoje é a inspiração do belo,
Que reduz o horizonte de límpidos raios do Ser,
A vida metaforiza, literaliza o momento de divin-itudes
Se hoje é a verdade do amor paixão,
Que seduz o celeste de nítidos nulos do absoluto,
Prazeres, alegrias entrelaçam-se nas rodas-vivas
De sabedorias e sapiências, atingindo o supremo
Silêncio..., essência-eidos do espírito sereno e suave
Que vislumbra, visualiza o inconscientes de sinagogas
À luz brilhante de genesis dedilhada nas cordas
Do violino, recitando o cântico dos cânticos,
Poetizando o amor paulino.



Se hoje é o templo imperfeito de mim,
Recebe a iluminação do verbo e fonte de águas,
O abismo que anuncia o perene
Alvorece na soleira da montanha,
Amanhece no limite dos pampas,
Desperta no limiar do sertão
E sou o absoluto do nada à luz
De todos os sonhos, esperanças que em mim trago dentro.
Se hoje é a inspiração do amor paixão
Alimento nos interstícios de minh´alma
Da seiva da estética dos desejos, vontades
E plenifico a querência da omnisabedoria
Nos braços abertos da volúpia lúdica do ser verbo.



Manoel Ferreira Neto.
(23 de abril de 2016)


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