**LIKA-TOKA PIRIRICA** Manoel Ferreira


Triste, abrace-me com fervor,
Mesmo que o mundo acabe em mim,
Apesar de não mais existir,
Sorrirei, e os olhos brilharão
De alegria, de satisfação, de ex-tases
Do pleno, do uni-verso de prazeres;



Alegre, ria comigo da vida dos homens,
Embora vertam lágrimas de angústias,
Meu coração se sensibilizará,
E eu orarei para que voltem a esperar
Tranquilamente o amanhã que será outro,
Os sentimentos que serão de amor e paz,
A alma que descansará de suas dores,
O espírito que entoará cânticos de
Felicidades e prazeres.



Em silêncio, re-flita comigo
Sobre as dúvidas que dentro trazemos em nós,
Dúvidas da ressurreição,
Duvidas da redenção,
Dúvidas do amor,
Dúvidas da esperança,
Dúvidas do ser.
Dúvidas do efêmero,
Duvidas do eterno
Sobre os medos que nos impedem outras realidades,
Sobre as inseguranças que não nos deixam
Mergulhar fundo no ser da vida,
E aflorar nossas esperanças e fé
No verbo de nossos sonhos,
As utopias dentro de nosso coração
Sedento de verdades plenas,
Iluminarão o deserto de nossa solidão;
Nos sonhos de nossos verbos
Que abrirão os horizontes longínquos,
A vida re-nascerá, nascerá o outro
De nós, da vida, das esperanças,
Idílios, quimeras e fantasias,
Desejos e vontades serão expressos
Em linguagem nítida, estilo transparente.



Solitário, sinta bem íntimo comigo
As palavras que nascem,
Os desejos de expressá-las num dia-logo
Dizê-las com euforia,
Euforia de quem sente bem íntimo a ardência da vida,
Mostrando a amizade
Carinho, ternura,
De mãos dadas com os solitários
Re-velando outros universos de beleza
Da vida e do mundo,
A solidão ser a janela aberta ao infinito
Por onde entra a luz diáfana
Do numinoso e esplendores,
Os raios fortes do sol que encantam as retinas,
O brilho da lua que ilumina as trevas
E nos homens desperta a certeza do amanhã,
De novos verbos a serem conjugados,
De outras perspectivas dos sonhos,
Ângulos da fé e esperança;
É a janela aberta para o ser
Da verdade, que sentido e vivenciado com dignidade e honra,
Mostrará a plenitude do amor,
Habitando nosso coração
E nossa alma feliz por senti-la
Presente e forte,
Manifestará a infinitude da fé,
Residindo em nosso espírito,
E as palavras ardentes de serem
Vivenciadas na língua de todos
Os universos, mundos, infinitos, horizontes,
Na língua das carências humanas
E individuais
Sedenta da verdade-sensível da vida,
Desejosa da sensível-verdade do ser,
O ser não é objetivo,
O ser não é subjetivo,
O ser não é racional,
A racionalidade não é o ser,
O ser não é espírito,
O espírito não é a alma do ser,
A alma não é o ser do espírito,
O ser “é”
No Verbo da Vida,
A Vida é
No amar a quotidianidade,
No amor às intempéries dos
Conflitos e dores.



Alguns amigos,
Sensíveis e verdadeiros,
Nem na alma nem no espírito,
Nem no corpo nem nos ossos,
Mas na sublimidade do ser
De cada um deles,
Dizem que sou um ser sensível,
Mas que crio muitas fantasias,
A realidade é outra mais
Difícil, o real só existe
Em minha imaginação,
E a imaginação do real
É desejo da plenitude por onde
Serei artífice de sublimidade,
Eteridade, e no éter dos sentimentos
Serei inesquecível como o desejo
De expressão do diamante
Que risca o espelho da vida,
Da dificuldade de viver.



Se me sinto realizado,
Disse o que só agora,
Nestes momentos de tristeza, solidão,
Circunspecção, não o sei,
Sei que no íntimo de meu ser,
No ser de minha intimidade,
Sonhei os homens e a humanidade inteira,
Em todos os séculos, milênios e décadas,
Sei que sou eu, nós de correntes divinas,
Que ligam a morte a eternidade
Do beijo que é perfeito.



Manoel Ferreira Neto.
(18 de abril de 2016)


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