**IMAGENS DE VIDAS** - Manoel Ferreira


Não dá para ter sentimentos sem amar, não dá para emocionar sem intransitar o amor, não dá para amar sem a volúpia, êxtase, volos da trans-cendência, ex-tases do sensível, ardência do querer, sem entrar na intimidade do outro, penetração carinhosa e terna, entrega e recepção, doação e correspondência, sem mergulhar com suavidade e afeição na carência sensível do outro. Encontro, amor intenso, sentimentos à flor das dimensões subjetivas, intimistas, as emoções veem no "...estilo de deuses cavalgantes do Olimpo...", "linguagem de mitos silenciados de re-presentações...", "linguística de rituais verbalizados de pres-ent-ificações...", "semânticas de versículos e vernáculos do ser tao da estesia...", sensações que se revelam para completar, pre-encher, tocando profundo, acariciando íntimo, despertando sorrisos leves, abertos, acordando fantasias desvairadas de liberdade, amanhecendo ilusões sedentas de sin-estesias da verdade, iluminando os caminhos como faz o sol, cintilando veredas como faz a estrela, em cada passo que andar o ser ardente, calor intenso, chamas seivadas de brilho intenso.
Não sei como. Sei que não adormeci, mas sinto que desperto de um mundo estranho e confuso, de instantes-limites in-audíveis, absurdos in-inteligíveis, náuseas in-compreensíveis e intragáveis. Luas e sóis, universos e horizontes, pássaros e plantas, coisas sem memórias, objetos sem lembranças. Quantas vezes olho o mundo cheio de esperanças, con-templo a terra plena de utopias e ideais - como faz bem o amor!... -, procurando meu espaço reivindicando um re-canto de solidão e re-flexão, solicitando um baldio oásis desértico de silêncio e alumbramento. Encontro. É tudo tão rápido, momentâneo, tempo de uma nota musical. Voo. Transformo-me em aléns, infinitos, arribas de confins etéreas, confins de arribas fugazes.
Sopra a brisa, flana a neve à mercê do vento suave e sereno, a águia solitária pousa no cume da serra. O hoje no amanhã, o tempo no futuro, o vir-a-ser no in-fin-itivo in-finito do além. Aqueles instantes de ontem aqui, agora. Na vibração interna do meu ser, há alegria, contentamento, volúpias de prazer, orvalho de clímax. Borboletas azuis, brancas, amarelas batem asas e brilham, piscando como vaga-lumes, beija-flor esvoaça e se seiva do néctar da flor que recém desabrocha. No brilho das cores a esperança cede lugar à felicidade. Imagens de vidas.



Manoel Ferreira Neto.
(19 de abril de 2016)


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