**O ARTISTA E A VIDA** - Manoel Ferreira


Crio, re-crio, invento. Toco a vida, toco corações, toco sonhos e esperanças os mais recônditos, retiro a vida de dentro, mostro o alvorecer, a manhã, o sol, os raios numinosos, os uni-versos, os horizontes... Adoço corações, afago almas, acaricio medos, inseguranças, afeiçôo angústias, tristezas, melancolias, nostalgias... Sou deus, sou mito, sei lá mais o que seja...
Sou chama da vida, faço o mundo feliz. Sou a cintilância da estrela que eiva o coração para receber sensível o amor. Sou a chama que crepita achas no inter-dito da alma. Sou amante da solidão, da carência,,, Sou cupido das paixões, dos enamoramentos, sou musa dos desejos, volos, querências, sou o olhar na distância con-templano o vir-a-ser, o há-de vir, inda a-núncio, miríade de luz. Sou a quimera, fantasia, imaginação fértil. Sou o amor por haver despertado o que faz bem ao coração, sou o mundo da lua quando na varanda as lembranças do que alvoreci sentir sussurra sons...
Mas sou carência, desolação, desamparo, sou desejo de deitar no peito aconchegante, fechar os olhos, sentir segurança, amparo, a alma tranquila, serena... Sou medos, sou ausências, falhas, faltas, sou a vontade de uma carícia no rosto, o deslizar da mão nos cabelos, aquele ímpeto de gritar bem alto: "Ei, você... Deite-me no seu colo, dê-me carinho, amor..." Sou a tristeza, sou o peito comprimido de dor, sofrimento...
Criei, re-criei, inventei... Criação, re-criação, invenção vão além, bem além das minhas contingências.



Manoel Ferreira Neto.
(19 de abril de 2016)


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