COMENTÁRIO DA MINHA SECRETÁRIA, ESCRITORA E POETISA ANA JÚLIA MACHADO AO TEXTO /**ÁGUAS REVESTIDAS DE LUZES E MAGIAS**
ÁGUAS REVESTIDAS DE LUZES E MAGIAS
Manoel Ferreira Neto.
Não te conjectures petiz,
Se as claridades da fama em teus pés
não abalroarem,
Aprecia-te ditoso como um garoto,
Encanta-te redigindo, que o fazes
melhor que ninguém, habitando e gracejando,
Pois só os invisuais, não avistarão
em ti, deslumbramento!
Não desfaleças por meio dos malvaíscos,
Que ninharia possuem para te
amestrar,
Avista-os somente como os
arranca-pinheiros,
Não renuncies de ousar,
De brigar por um instante,
Em que consigas lacrimejar, gracejar
e apreciar,
Pois de ninharia favorece a
sensibilidade,
Excepto para exibir!
Vomita o que sofres, mas lega para
que outro consiga cogitar e decifrar…Passas a vida a massacrar-te atrás do
ser.. da paixão… do êxtase.. não te flageles mais… a tua escrita é mais que
guarnecida de luz e fascinação, que tanto te pode orgulhar…desafias e desabafas
com ela.. eu sei…. e quem melhor do que tu ó grande poeta e escritor o concebe?
Esse é o teu verdadeiro clímax e arrebatamento…. indagas… indagas…. diz-me ó
poeta… achas que vais partir a saber quem és e quem é o homem? Melhor do que
ninguém sabes a réplica. A luz já está em ti…. e o amor sucederá.. já muitos
ocorreram… se não ficaram é porque não te serviam. Como Grande que és….És
exigente…e não é qualquer coisa que preenche a tua erudição…….e com certeza com
razão….Estás atrás do ser. Estão em marcha as origens do cavaquear, e
igualmente agora e para eternamente e para o qual constantemente de novo não
acham ingresso … pois não…. que é a leveza? A leveza pode ser tanta coisa…mas
superior a tudo que pode ser…é possuirmos a leveza da alma, poeta.
Manoel...foi concebido a correr....
Beijinhos.
Ana Júlia Machado.
*ÁGUAS REVESTIDAS DE LUZES E MAGIAS*
Há certa intensidade de clímax que o
homem mal pode ultrapassar, e não sem umedecer os olhos, não sem sensibilizar a
alma de desejos do instante-limite do além, re-vestido de verbos, inspirando o
silêncio. Para apreciar qualquer fino gole d’água, a goela hei de encher, beber
até fartar, saciar-me a sede verdadeiramente real dos sentidos, sentimentos do
amor pleno de entregas e doações, da sensibilidade de amar as emoções do verbo
in-trans-itivo de vivenciar a plen-itude do ex-tase do sonho.
Aqui, a água, que segue o rio sem
margens, medita e vive poderosa e satisfeita, o passado se re-torce e se torna
mínimo, o presente emoldura de imagens distantes a cintilância de luzes,
tecendo a eternidade de magias e mistérios. Com prazer, bebo em honra ao sonho,
ao desejo, à liberdade, aqui as águas são boas de verdade. Os termos vagam
sobre onda que, de hesitados e tumultuados, ficam indecisos.
O vento bate e espalha os meus
cabelos, um ser que brinca – não estou só nesta praia deserta, não me sinto
vazio nesta areia a receber as ondas do mar – antes de fazer uma estapafúrdia
com todos os naipes escondidos. Desejo sair de mim mesmo para o universo no
sentido de des-cobrir o ser. Procuro um bom copo, é hora de brindar...
Bela nascente aflora em realidade.
Palavra e imagem a mudarem os matizes de ser do habitante da concha de pedra
que conserva sua própria água e se abre. Falsos sentidos e lugar. Estão aqui e
a variar, estão lá e acolá a des-variar.
O meu "ser" cont-empla o
arco-íris que colore o céu - cor da vida, cor do amor, cor do desejo, cor do
sonho, cor da esperança, cor da fé, cor do eterno, absoluto. Mergulha profundo
no horizonte de outros idílios iluminando os êxtases, volúpias brilhando de
glórias, fantasias tecendo de alegrias o vir-a-ser do Verbo Amar. Realidades
simples a-nunciando a verdade que frutifica a árvore, cuja perspectiva e
expectativa é alimentar e saciar os desejos.
Quimeras que regam de águas divinas
os mistérios, enigmas do tempo e busca do Ser. Sente no uni-verso de suas
buscas e querências a pó-ética do Amor que ilumina os Verbos, quando no mundo
fenece o silvestre do espírito, a essência da Verdade que eleva a alma aos
auspícios da montanha onde o rio corre, per-corre, in-corre, re-fazendo sendas,
criando veredas, rumo ao infinito do mar, a "eidos" do Absoluto que
evangeliza, espiritualiza de seren-itude as etern-itudes do clímax divino, da
divin-idade do gozo. Verbaliza a musicalidade do cântico dos cânticos, a
melodia das canções folclóricas da natureza em harmonia com a beleza mágica da
vida, o ritmo das líricas românticas que recitam o verbo-de-amar com os
sentimentos lúdicos do pleno e do eterno, re-fazendo de sendas o horizonte das
esperanças, de atalhos o infinito da fé no há-de vir, de trilhas os confins do
desejo de presença da solidariedade, compaixão, amizade re-nascendo de cinzas o
éden de flores e lilases na estética dos poetas sonhadores, na beleza das
letras que compõem de linhas, entre-linhas e além-linhas o outro da alma
sedenta de lirismo criando de utopias a ética do amor em harmonia, sincronia,
sintonia com a rosa azul com que os boêmios declamam a etern-itude
des-abrochando no peito dos homens espiritualidade da entrega ao
Verbo-[às]-Esperanças da Vida Eterna.
Os significados dissipam-se, perdendo
o ânimo, que, de voláteis e inflamáveis, desmaiam, manifestando por processo
exterior a descrição minuciosa e fiel de uma extravagância. Os sentidos
evolam-se, deixando os recursos, que, de intensos e flamejantes, cochilam,
re-velando a mudez e o som numa narração sublime e leal de uma estupidez e
inocência, de uma in-solência e in-ferno.
Penso poderia estar alhures. De mim
já se afastou a última esperança. Acaso a natureza ou nobre alma agora um
bálsamo não têm, que me traga bonança? Por vezes, não sinto limites no corpo.
Con-templo ora o sorriso cínico e irônico, revelando rebeldia e meditação
acerca de o cristianismo com-templar a morte e não a vida, dizendo-me da
melancolia e nostalgia. Ponho em nível de suas sensações as extremidades algo
longínquas das mais nobres emoções. Imagino estar algures.
”Aliás, jamais vi você com um livro
para cima, sempre a morte, o desejo não realizado, o amor ceifado...”, vejo-me
dizendo-lhe que era necessário dizer à humanidade que a re-denção da vida é
encontrada na vida e não na morte. Creio que não pestanejará para dizer que no
mínimo há um nonsense nesta afirmação.
Con-vexos espelhos, anexos ao
imaginário de distâncias indizíveis, des-conexas imagens don-templadas em
miríades côncavas de nadas, vazios, nonadas, com-plexos sentimentos dis-persos,
mergulhados em amplexos des-contínuos, engrenagens de sofrimentos, dores,
herméticas angústias e nostalgias, per-plexos olhos deambulando no in-finito,
entre sinuosos espaços e ofuscantes luzes, in-vexas ilusões do perfeito em
concha mais-que-perfeita de sorrelfas, re-versas pers-pectivas des-conexas,
emolduradas na aparência etérea, efêmera, fugaz, volátil, des-contínuas de
superfície lisa, em cujos atrás con-vexos re-fletem os sinais que compõem os
ângulos in-flexos do subterrâneo do espírito, sarjeta des-lavada da alma.
Re-vexas etern-itudes em aclives de
versos di-versos solicitam a participação re-fletida e con-templadas nas anexas
distâncias do inconsciente à luz do espírito trans-parente, trans-elevado,
trans-cendente, límpido, nítido, à luz e cintilância do
presente-verbo-de-não-ser, subjuntivo de além-trevas, con-jugando
"Silva", em temas e temáticas de silvestres sendeiros do absoluto.
Con-templa o horizonte que, agora, se
ergue imperceptivelmente num movimento cansado, e sacia as duas sedes que
ninguém pode enganar por muito tempo, sem que o ser se estiole - a sede de amar
e a de con-templar o verbo amar.
Os olhos sentem os instantes de
tristeza: servem-lhe de modo profundo na atitude de vislumbramento e
entre-visão. O sensual greta-se com o suave como para dar melhor acolhida à
nobreza dos sentimentos. Na esteira da face, chega o tempo em que uma deliciosa
quantidade de pitoresco afirma uma dis-fonia de re-toques. Encontro o sentido
do amor e da amizade. Nenhuma forma de vida detém a totalidade mais tempo do
que lhe é necessário para se dizer. Numa re-fração de ouro claro, surge o
momento em que palpitam as asas de uma águia recolhendo a sin-fonia de águas
re-vestidas de silêncio.
Desejo e esperança de Amor puro e
verdadeiro... O verbo que habita o Ser, de Sonho real e absoluto. A alegria e
felicidade que perpassam a alma,
Desejo e esperança de a Vida
real-izar o ser do Amar no Uno e Verso do tempo, a volúpia e êxtase da querência
de encontro, da união dos corpos na estesia do instante, na beleza das carícias
e toques, no clímax uno da carne e do espírito, no gozo uníssono da alma e dos
instintos, prazer e alegria, Felicidade e contentamento, desejo e esperança do
silvestre do campo ser de entrelaçadas mãos, do rio sem margens, sem pressa
seguir aos passos lentos desse amor em direção ao infinito, de as estações
serem de raios numinosos do sol, serem de brilhos luminosos da lua, serem de
cintilâncias esplendentes das estrelas, a primavera seja de sonhos e utopias à
luz das flores silvestres, o verão seja de fantasias e ilusões à mercê dos
crepúsculos resplandecentes, o outono seja de quimeras e fé na comunhão da
aurora e do entardecer, na síntese do verbo e da carne do amor, do amar, o
inverno seja de proteção e aconchego, seja de dedicação e entrega ao espírito
da Vida, desejo e esperança da vontade de encontro, do toque e da carícia,
apesar da dor e do sofrimento, sejam a estrela guia a indicar os caminhos da
felicidade, seja a pedra de toque que abre todos os horizontes, uni-versos para
o In-finito Espírito do Eterno, para a Etern-itude Finita do Para-Sempre desejo
e esperança de os corações em uníssono recitarem o cântico da plen-itude do
Verbo Amar, do Verbo Sonhar a Vida Uno-Verso do Sentimento-{de}-Amor, de os
corações em uníssono declamarem os versos da felicidade em sintonia com o
prazer, em sincronia com a alegria, em comunhão com o clímax e o sonho da
eternidade, desejo e esperança de o vivenciário do amor em uníssono no tempo,
vivifique o vivencial do verbo dos corpos, que eternize o "eu" e o
"outro" do "nós", do amor nosso.
A face dos ventos arrasta e dispersa
as nuvens, e faz sair um brilho nos olhos, que experimenta a vereda, que evoca
com as asas ensopadas, com o rosto terrível coberto de uma barba pesada com a
chuva, a água escorre de meus cabelos brancos, a névoa me cobre a fronte,
desprendem umidade minhas asas e meu peito. Apresenta-se-me a olhos nus. Como o
sensível vai ao encontro da intimidade do outro, como a intuição exterioriza-se
no outro, como o emotivo penetra no outro. Tenho a sensação, muitas vezes, de
estar a andar, a tal ponto o ar luminoso e quente me cobre e lentamente me
ergue. Mostrar-me a todos, inteirar-lhes de minha individualidade, manifestar-me
inteiro, reconhecer as virtudes e valores. Perco-me numa des-organizada
perseguição a coisas fugidias. Letras rugem a estranheza que faz desse corpo um
corpo, de dentro dessa cela sem grades que encarnam a ênfase escondida sob sete
chaves, quando descem das idéias até o ventre e que se apagam quando tornam a
subir do ventre para as idéias. Estivesse numa situação em que disse a mim, na
superficialidade, a trapaça de encantos opostos, entender-me-iam,
compreender-me-iam, justificar-me-iam, mas, na profundidade, a paz vem de
cruzar fronteiras, tudo é tão in-eficaz e in-essencial. A intimidade, desde que
se fixe, não mais vive.
Serpentes devoram mortais expulsos
desta terra maculada de deuses. Por limites, as águas apartam da morte olhos
perspicazes não perturbados pela embriaguez. Muitas vezes. Muitas vezes quando
a luz se apaga sobre minha insônia, pergunto-me – fazia-o mais assiduamente –
com os ossos entre(dedos): de onde vem esta indiferença? De onde me vem este
mal-estar que não me permite estar em lugar algum?
Música pura desenvolvendo-se numa
terra sem homens, sonho eu. Movimentos sem adjetivos. Inconscientes como a vida
primitiva que pulsa nas árvores cegas e surdas, nos pequenos insetos que
nascem, voam, morrem e renascem sem testemunhas, sem álibis. Enquanto a música
volteia e se desenvolve, vivo a madrugada, o dia forte, a noite, nota constante
na sinfonia, a da transformação. É a música sem apoio em coisas, em espaço ou
tempo, da mesma cor que a vida e a morte. Vida e morte em idéia, isoladas do
prazer, dor, angústia, desesperança. Tão distantes das qualidades humanas que
poderiam se confirmar com o silêncio. O silêncio, porque essa música seria a
necessária, a única possível, projeção vibrando da matéria.
Divido palavras para que se tornem
lirismos, destinados a mascarar as frases lançadas ao ocaso do acaso. São
significados omissos na fisionomia, nos olhos, nos esgares faciais, motivos e
razões escondidos no in-cons-ci-ente. Em sentenças soltas, capto vozes que
ignoram as efêmeras interrogações da verdade. A salvação do mais espantoso se
dá pelo fato de que alguns se fizeram a caminho na sua direção, quer dizer, do
risível amor. Estou atrás do ser. Estão em marcha os primórdios do tagarelar, e
também agora e para sempre e para o qual sempre de novo não encontram acesso (e
que é por isso indagado): o que é a leveza?
Manoel Ferreira Neto.
(11 de abril de 2016)
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