**TABACARIA DO ETERNO: LEVEZA DO SER** - Manoel Ferreira
DEDICO ESTE TEXTO À MINHA DOCE AMIGA ANINHA (ANA JÚLIA MACHADO) COM
CARINHO, AFEIÇÃO, AFETO, AMOR, AMIZADE, TERNURA.
Tarde, quietas inspirações contemplam desejos, sussurram longínquos
silêncios no vento, sons – in-fin-itude de sonhos, imagens do ser além-presença
dos sentimentos múltiplos di-vers-ificam ad-versos versos do uno, a alma
trans-eleva fantasias do pleno à busca do efêmero finito do tempo a deslizar
nas bordas do não-ser, prefigurando abismos envelados por sombras pálidas,
árvores frondosas, a noite que se apresenta, efêmero-em-efêmero, continuidade
da perspectiva da vida, seguindo trilhas; sendo-em-sendo de passos rumo às
convexas performances do eterno, a palava muda que silencia sentidos,
significados, inter-ditos do absoluto, a sílaba emudecida por hífens da
interdição inconsciente, o verso eivado de sons, idílios da ipsis-palavra que
a-nuncia a plen-itude do eterno face ao in-absoluto das travessias contingentes
da alma sedenta do ser-em-horizontes silvestres, nadas con-figurando vazios,
abismos restaurando as profundidades de cavernas misteriosas...
Ser de antemãos, revelia de silêncio em solidões segue o rio sem
margens, pressa.
Ser de revezes, travessia - versos que trans-cendem sentimentos,
emoções. Estrada de confins aberta de além aos horizontes.
Sou composto de traços e passos. Nos traços que desenho na perspectiva
do tempo de tornar sentimentos o que a alma vislumbra de desejos do sentido
íntimo do ser e da vida. Nos passos que sigo, por vezes sereno, sinto a luz de
alhures incidindo-se-me profundo, e as chamas da lareira de emoções são
inspirações para o outro de mim se revelar; por vezes, entristecido, não
consigo com-templar no horizonte distante as imagens, ainda que apenas
a-nunciações, a emoldurarem verbos e substantivos da sublim-itude da graça.
Componho a inspiração estética do amor, pinto a peça da iluminação do espírito.
Ensombrecidos cantos, recantos e auroras. Sombrios sítios, crepúsculos,
cavernas. Sou lembranças de sonhos perdidos nas curvas do tempo. Sou
recordações do raio de luz, do sibilo de vento, Sou memórias de instantes de
prazer, momentos de dor com que apagam os raios luminosos do presente. Na noite
a luz do abajour que acendo. Sou obstinação, determinação, insistência,
persistência. A lenha que re-colho para colocar na lareira. A chama do fogo que
rasga a escuridão.
Sou composto de marcas e cicatrizes; uma face e um símbolo, um rosto e
um signo, um semblante e uma metáfora, uma imagem e uma perspectiva. A poeira
das ruas de minha terra-natal na sola de meu sapato, minhas mãos postas ao céu,
ao que trans-cende, meu punho erguido, um murmúrio, um sussurro, um grito, um
berro altissonante, uma agonia, um desespero, um desconsolo,,, Lágrimas que
descem a face da contingência.
Ser de in-versões, fantasia de amor que tece a verdade de sentimentos
livres à divin-idade da alma que deseja a felicidade exuberantes à div-indade
da vida que con-templa o ser de entrega plena aos projetos do verbo, conjugando
fé e esperanças noutras realidades, verdades de sonhos a plen-ificarem estrelas
de antanho, cintilando de presença o êxtase de viver, a volúpia de estar sendo
Ser de re-versões, estesia, belo de viver instantes de harmonia,
sin-cronia, beleza de experienciar o coração pulsando de emoções, a alma
sedenta de sensações, clímaces. Ser de avessos, sinestesia, sim de desejos
puros, inocentes, sim-estesia, sim de idéias simples, humildes, verdadeiras,
estesia do sim, numinando espaços, a lua olha de soslaio a distância da estrela
próxima, as estrelas entre-olham a proximidade da lua a versejar brilhos, a
escuridão do uni-verso versando a escravidão de homens bêbedos de boêmias à luz
de ruas áridas, íngremes, de boêmios lúcidos à sombra das calçadas pectivando
as pers de suas solidões. Ser de nada, extasia o crepúsculo de ocasos, luzes e
palavras de amanhã, o alvorecer de acasos, letras e sentidos do eterno na
metafísica de ilusões perdidas, na teoria do conhecimento de fantasias do
porvir, na antropologia das quimeras e esperanças do amanhã, a esperança
desperta os homens para o crepúsculo do Ser à busca da vida contingente.
Miríades de sons, perpassando em ondas as sendas de ventos além de
verbos conjugados, utopias a-nunciam-se plenas de desejos nos interstícios da
alma conceber veredas, fontes cristalinas de real-ização, ornamentadas de
arrebiques que elevam da con-tingência o infinito do ser, Estendendo-se aos
horizontes de esperanças o universo do sonho, ledos enganos a inspiração a
conceberem, gerarem a luz do espírito.
Anunciam o espírito, alma, os fraques de por baixo dos pés, o mergulho
profundo no silêncio Que representa con-templar, a-lumbrar, vis-lumbrar,
des-lumbrar a liberdade de seguir as sendas da continuidade, perambular e
vaguear pelas alamedas do continuamente, em busca de outras imagens,
perspectivas, ângulos, prismas do con-tingente, trans-cendente, do espírito que
no estilo e linguagem dedica as dimensões sensíveis aos sentimentos, no dito e
inter-dito homenageia a magia esplendorosa, magnífica, a esperança da
conjugação regencial do nome/verbo.
Fósseis quimeras do efêmero à mercê do in-audito mistério da gênese,
engrolando de versos as palavras re-nascidas no eidos de verbos defectivos,
refazendo de metáforas do insólito as efígies imaculadas de volúpias, êxtases,
reconstruindo o templo de metafísicas das poeiras ao longo dos caminhos, e o
espaço temporal que hoje habita a alma perdida descuida estrofes irmanadas aos
epitáfios escritos pelo tempo sobre o gozo das hipocrisias, relevando os
escombros das mentiras seculares os interesses da magia do ser, a antiga
liberdade sob o vedado sol, delineando lapsos curtos do pensamento.
Abisso - rio, em tua imagem re-fletida no espelho, agora a triste
máscara vazia... Minha própria imagem: lágrimas da memória, suspiros da
lembrança trazem o sabor de outrora, E nesse batismo acridoce congelo-me,
resfrio-me em estiagem.
Ser de quem sou... a verdade me falta na continuidade do tempo. Eu de
mim. Sou a busca da verdade, vivo crocheteando as suas estradas. Sinto-me
tecendo as linhas poéticas do diamante que risca o éter de esperanças. Ser de
sou, em mim o Verbo. Sou de ser, nos re-cônditos da alma a luz.
Êxtases fictícios e imaginários, volúpias de sorrelfas e fantasias
solicitam de seus interstícios esperanças de ser real e verdade a querência de
conhecimentos, valores, princípios, Virtudes, lemas, mesmo suciedades e
“ausência de caráter”, não ter leito de flores no regaço da alma. A in-verdade,
a não-verdade. Anunciam-se no horizonte longínquo a travessia de pontes
partidas, a nonada de cancelas, mata-burros. No túmulo diante dos uni-versos e
dos uni-verbos a passagem ao além-celestial para quem se converteu aos
Evangelhos, o passamento ao aquém-infernal, para quem se entregou de alma às
homilias de Mefistófeles, na virgin-idade das cristian-idades da história e da
Bíblia do AMOR na plen-itude das sublim-idades do presente.
Céu sem nuvens, nu-vens sem princípios de cores dos princípios e valores
eternos. O morrer de todas as desilusões, das fraquezas e fracassos, o
re-colher da sensibilidade, subjetividade, virtudes e princípios, sentimentos e
emoções, fantasias e ilusões, o a-colher de novos sonhos, a vida concebe outras
veredas para o espetáculo de dança de todas as alegrias, felicidades, prazeres,
para o cenário esplendoroso do arrasta-pés de todas as angústias, tristezas,
solidões.
Sou composto de estrume e de solo íngreme. Sou rumores, sou gemidos, sou
suspiros. Sou pés trilhando ruas e avenidas. Sou pernas varando o tempo, sol na
cabeça, no rosto e cruz suja de terra, fardo colorido, destino branco e preto,
sina, saga, destino sem cores e brilhos. Sou o aqui-e-agora, o que há-de vir, A
hora que se apresenta e se esvaece, mas retorna com novas energias, forças.
Sou ouvidos de línguas estrangeiras, sou voz de olhares à espreita do
ser e tempo, ímpeto de lábios, sorrisos à mercê das coisas hilárias, esgares de
tristeza e angústia à revelia das dialéticas Da vida e morte, pele,
pensamentos, poros, pelos...
Sou uma espera, fantasia, ilusão. sou um movimento, sonho, utopia, um
pingo de chuva, um raio de sol, uma lufada de vento, uma luz de relâmpago,
brilho da lua bolinando a escuridão da noite, cintilância das estrelas
seduzindo o universo, sou a mão que pinta de cores semivivas a tela de desejos,
estratégia e artimanha, raciocínio evidente, transparente, sublinhando as
dialéticas da vida e morte, poiésis do verbo e dos versos, experiências e
vivências em busca do ser, espiritualidade, amor, solidariedade, paz,
compassividade, caminhos a serem trilhados, percorridos, para o encontro com a
vida que habita a morte, para o des-encontro com a morte, onde reside a
redenção dos pecados capitais, onde reside a ressurreição.
Representações que o verbo anuncia, onde os prazeres e alegrias pelos
sonhos-realidade, Imagens que a poiésis do verso nas imagens distantes do
horizonte, são as chuvas para poder florir as flores desabrochadas, lindas, de
odores sublimes, onde criar o outro de morrer, onde fantasiar a morte da vida
transcendendo todas as contingências, dendo na continuidade do ser a felicidade
sentida, na vida de ser morte, onde revelar a carne da verdade.
Absurdo da finitude, alarme do entardecer, crepúsculo do fim de um
tempo, princípio de outro no além, é aí que tem a raiz a razão de ser; subjaz
na origem a consciência embaraçada, no súbito alarme intraduzível, inexplicável
da relação com a morte, busca surpresa que me trava a respiração, arrepia-me,
Na iluminação ou aparição da morte que mal me afeta, se vivo distraído, no
mundo da lua, que mal me diz respeito, se a intenção é a plen-itude de todas as
coisas que me habitam profundo.
Manoel Ferreira Neto.
(11 de abril de 2016)
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