Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O POEMA No Silêncio da Língua a Voz da Solidão @@@@



Essa solidão é nossa residência, porque nela residimos também, acho que já nascemos com isso de ser só por dentro, sei lá, de madrugada, na calada da noite, grita conosco, é angústia, mas nos inspira, amei a tua Inspiração. Bom dia, Manu, a poesia sempre nos acalma, lava nossas incógnitas e a gente continua, bjos querido.
Sonia Gonçalves
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RESPOSTA AO COMENTÁRIO SUPRA

A solidão de nosso ser acompanha-nos desde as origens, desde o nosso nascimento e estará presente sempre, por mais que as amizades, os seres íntimos, os cônjuges nos preencham os vazios, ainda assim permanecemos sós, nascemos sós, vivemos sós, morremos sós. Nas madrugadas de insônia, apenas acordados, isto grita em nós, isto murmura, sussurra, cochicha nos nossos ouvidos: tenhamos consciência disto, saibamos essa solidão com percuciência.
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Dissera-me ontem minha terapeuta em nossa sessão, quando lhe disse que o silêncio da solidão afaga-me, nada estou tendo a dizer, a expressar. Disse-me ela, então: "O importante é que você sinta feliz, sinta prazer no silêncio, sinta contente na sua solidão. Quem irá compreender o seu silêncio, a sua solidão? Ninguém. Só você...."
Respondi com estas palavras ao que ela dissera: "No silêncio da língua a voz da solidão de mim diz-me as alegrias e contentamentos, a minha solidão afaga-me, dá-me forças para prosseguir existindo...." Minha amada esposa e companheira das artes acende o fogo de meu existir no mundo, beija-me os sonhos e esperanças, os amigos íntimos seguram-me as mãos para subir os degraus da escada rumo aos auspícios da busca do Ser. Sou feliz na solidão de meu ser. O que mais importa? A Psicologia não é antídoto, é a fonte da consciência!
Bom dia, Soninha Son. Abraços nossos, querida!
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NO SILÊNCIO DA LÍNGUA A VOZ DA SOLIDÃO
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Desperto de madrugada,
Muito de madrugada,
No silêncio todo da alcova
Dividida, compartilhada com a amada,
No desespero da insônia
Que me acompanha,
É-me álibi e testemunha,
Desde tempos imemoriais,
Saio, fecho a porta,
Vou-me deitar na rede da varanda,
São – o canto do galo anuncia,
O relógio no pulso comprova –
Quatro e meia,
Poucos minutos restam para o alvorecer,
No verão isto acontece às cinco,
E, repentinamente, oh homens,
A cigarra inicializa seu canto,
Solidariedade, compaixão
No término da madrugada,
Preâmbulo do amanhecer,
Cantos do galo e da cigarra
A velarem a insônia?
Estamos despertos,
A humanidade é alheia aos mistérios, enigmas
Dormita, ressona, dorme, sonha, tem pesadelos.
A cigarra, o galo, eu vivemos a luz
De outros desejos, esperanças,
De outras contingências
Que florem o ser na floração do Tempo.
Doente, insone
Não importam os sentimentos de angústia
Que habitam os interstícios da alma,
A noite de ausência de sono,
Infinita,
Só tem a Cáritas dos cantos,
Só tem o fim noctívago,
O início da luz diuturna,
Somos todos a vida,
Somos todos o efêmero e o eterno,
Somos todos o nada e o tudo,
Somos todos o múltiplo
Que advém do Vazio,
No vai-e-vem da rede,
Amplio o olhar para a distância
Que passa entre as folhas de uma árvore,
Amplio os sonhos perdidos
Na incógnita juventude,
Encontro no silêncio da língua
A voz da solidão que me reside.
RIO DE JANEIRO(RJ), 25 DE JANEIRO DE 2021, 13: 29 p.m.

 

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