CAPÍTULO XXIV – CONFUNDINDO OS SÁBIOS E REPROVANDO A PRUDÊNCIA DOS PRUDENTES @@@@

Epígrafe:

“É pela "loucura juvenil e temporária " que na madura essência tomamos ciência dos nossos erros e muitos abusos...” (Sonia Gonçalves)

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Reavaliação dos valores!... Nem se faz mister a ênfase, após tantas reflexões reconhecidas, por mim, como maduras, desde a juventude de meu renascimento das cinzas, que nada patenteio  senão a reavaliação dos valores pios da loucura, de mim, que são superiores aos da razão, são eles a pedra angular de como tornar-se iluminado, seguindo os passos, sentindo-pensando as vias de ser louco, a alma da loucura. Só a sensibilidade e a consciência de que não sou distúrbio da psique, como a razão assim conceituou, a psiquiatria endossou com todos os trinques das pesquisas e investigações científicas e da pena que registrou nas páginas universais da ciência. Os psiquiatras são perfeitas mulas de carga, carregam a loucura na mente, mas não sabem a sua origem, sine qua non seria sabê-lo. Acaso soubessem, exterminariam comigo? Sou portadora de mistérios dos quais nunca se terá uma resposta. Sou a iluminação: a sacratíssima religião cristã desde tempos imemoriais, através da Bíblia, apesar de todas as deturpações de leitura que fizera ela; a razão são as trevas.

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Vós mesmos não podereis refutar, não tendes dons para isto realizar.

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Para vos falar novamente daqueles aos quais Deus, por um obséquio de todo especial, concede a graça com antecipação das delícias da beatitude, dir-vos-ei que são eles sobremaneira reduzidos e que, além disso, estão sujeitos a certos sintomas que muito se assemelham aos de mim: suas palavras são desconexas e fora do uso humano, ou mais nitidamente, não sabem, tem a noção do que dizem; a fisionomia transforma-se a cada instante, e ora estão alegres, bailando, ora nostálgicos; choram, riem, suspiram, numa palavra, estão in totum fora de si. Protestam que não sabem de onde vem nem se existem somente na alma ou também no corpo, se estarão acordados, tirando uma soneca ou dormindo. De tudo depois que viram, ouviram, disseram, ou não se recordam ou fazem uma idéia tão disparatada de confusões como se tivessem sonhado.

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Só sabem de uma coisa... Só sabem de uma coisa... Só sabem de uma coisa: acham-se felicíssimos no delírio. Daí sofrerem a convalescença do cérebro e tudo sacrificariam de bom grado para serem perfeita e efetivamente loucos. Toda essa felicidade não passa de uma tenuíssima migalha, côdea, se assim quiserdes vós, da mesa celeste.

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Imaginai-vos, neste tal-agora-aqui, o que não será o eterno banquete!

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Para uma árdua labuta de reavaliação dos valores, eis a máxima de que disponho: seriam necessárias, quiçá, mais faculdades que jamais coexistiram num só indivíduo, sobretudo oposições entre faculdades que, no entretanto, não pudessem se perturbar ou destruir, uma prodigiosa multiplicidade que, apesar de tudo, é a antítese do caos. São Paulo recomenda a loucura como coisa sumamente necessária à salvação: “Aquele que, dentre vós, quer parecer ser sábio, deve tomar-se louco, para poder saber-se sábio.”

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Arvorei-me em sábia e raciocinadora. Sustento, diante de vós, dessa sociedade de loucos que me consideram a salvação contra o caos da razão que se instituiu no mundo, que só os loucos podem com-preender e entender a Bíblia Sagrada, lê-la com sabedoria, porque a religião, professada pelo Vaticano, por todo o mundo que a ele está intrinsecamente ligado, fá-lo através de dogmas e preceitos, massificando e alienando os fiéis, os evangélicos por cultuarem o demônio mais que a Cristo em seus templos fazem lavagem cerebral e destroem as capacidades do cérebro de sentirem quaisquer sabedoria da ressurreição e redenção. Tudo é adulterado in totum.

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Não sou da índole que não nutre nenhuma indignação, nenhum desgosto que me tire o desejo de poder tudo realizar ao meu alcance para os valores humanos, éticos e morais, reavaliar nestes hodiernos tempos de caos em todos os níveis. Por que não confundir os sábios e reprovar a prudência dos prudentes?!

RIO DE JANEIRO(RJ), 22 DE JANEIRO DE 2021, 14:26