LÁGRIMAS DE METÁFORAS LÚDICAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@


A paixão traz a dor,
Dor dolorida, dor doída,
Dor não correspondida de sonhos,
Dor não aderida à felicidade
Dos instantes à alegria do porvir
Quem é que tranqüiliza o coração
A pulsar desatinado?
Quem é que acalma
A alma em estado de angústia
Que sofreu perda sem igual,
Solitária tal que os olhos passeiam
Por entre nuvens escuras,
As serras em brumas enveladas?
As horas fugidias – para onde voaram,
Em que céus se exilaram?
O que há de mais exultante
Em vão lhe coube em sorte!
Turbada encontra-se a alma
De tristezas e desconsolo,
Embrumado acha-se o espírito
De irrealizações, medos, temores
O mundo sublime – como se distancia dos sentidos!
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Mas eis, com asas de águia voando
Leve no horizonte infinito,
Surge a música, o ritmo entrelaçado
De quimeras, idílios, fantasias,
A melodia de sons de poemas aderidos
À chuva que cai molhando os versos,
Estrofes de pingos do sublime,
Comunga aos milhares acordes aos acordes
Para trespassar, borda a borda,
A alma humana e seus delírios do eterno
E de todo afagar em perene beleza
Os cânticos do amor eivado de esperança:
Marejado o olhar de ondas leves,
Serenas a dirigirem-se à orla,
Na mais alta saudade, nostalgia
Sente o valor divino dos sons
E dos versos que vertem lágrimas de metáforas lúdicas.
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Assim aliviado, observa em breve o coração
Que ainda lhe pulsa a energia da vida
E pulsa e quer pulsar
Para ofertar-se de vontade própria e leve
Ao que não tem explicação,
Ao que não possui resposta,
Pela pura gratidão pela dádiva magnânima
Do viver de graça os raios do espírito
Sentiu-se então – ah, pudesse ser para sempre! –
A ventura multiplicada da música
E da liberdade de sonhar o amor.
RIO DE JANEIRO(RJ), 24 DE JANEIRO DE 2021, 15:15 p.m.

 

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