Ana Júlia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA FENOMENOLÓGICA E ONTOLOGICAMENTE À LUZ DO DASEIN HEIDEGGERIANO O POEMA O Vazio: Luz da Plenitude da Vida @@@@



Neste texto do autor Manoel Ferreira Neto, “O VAZIO: LUZ DA PLENITUDE DA VIDA”, não deixa mais vez de ser uma crítica às editoras, que não publicam o interessante, mas sim, o fútil. Infelizmente, o que o Zé-povinho gosta é de sensacionalismo e a vida dos outros. Tudo que seja erudito deveras é demais para essas cabeças ocas e não dá lucro às editoras. Nem tão-pouco estariam preparadas para uma escrita tão erudita. É para poucos e como tal não imprimem porque não é rentável. Um dia quiçá quando cá não se estiver servirão para relembrar um grande escritor esquecido.
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A ausência e plenitude tratam da expressão da concepção de vazio na produção teórica e prática de Peter Brook. Ainda na década de 1960, Peter Brook começa a engendrar a ideia de zona despojada. O conceito de espaço oco logo excede os limites do espaço material e sucede-se em três aspectos fundamentais: o vazio do espaço teatral precisamente dito, o vazio instituído pelo símbolo invulgar de um espaço qualquer, não-teatral, e, por último, o vazio privado do artista. Esses aspectos originam em uma ideia mais abrangente de vazio.
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O conceito de existência, anunciado na obra capital de Martin Heidegger, Ser e tempo. Este juízo será descrito como o jeito de ser único do homem, alcunhado, no âmbito de Ser e tempo, Dasein. Em Heidegger a existência como um novo jeito de entender o ente que existe sempre em contacto com o ser. Uma vez que, em Ser e tempo, Heidegger repudia as antigas classes ajustáveis somente aos entes que não somos nós mesmos, e fabrica a manifestação existencial para se citar às características próprias do Dasein. A existência como local onde se dá a manifestação do ser, assim como, a declinação é a súplica que caracteriza a existência inadequada, contudo através da constrição ele pode escolher existir de modo próprio desde que não fuja ao se ver diante de sua verídica espécie. Como os factos do fenecimento e da percepção facultam a abertura elementar do Dasein para o ser próprio.
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Em filosofia sempre se apresenta – se como um comportamento ambíguo, esquivo mesmo à filosofia. Uma vez que esta se caracteriza por seu caráter sempre aberto a novas questões, novas réplicas.
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Ser e Tempo, igualmente são exibidos os instantes elementares da formação de Heidegger e os filósofos categóricos para o seu entendimento, Aristóteles e Husserl. Sobretudo Aristóteles, e do contato com Husserl, Heidegger formou sua exegese da existência tendo em pontaria a questão do sentido do ser, uma vez que esta tese interpõe toda sua obra.
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Embora o processo filosófico de Heidegger seja discrepante do método husserliano, Heidegger contém o axioma do processo de seu mestre: “às coisas mesmas”. Em Heidegger a fenomenologia converte-se ontologia, pois, tem como limite alcançar o sentido do ser, uma vez que a filosofia omitiu tal questão. Neste sentido, o filósofo afirma que ela não só omitiu tal caso como igualmente não distinguiu o ser do ente. O tema da disparidade ontológica já se acha nitidamente implícito em Ser e tempo. Nesta óptica, a analítica ontológica se cria numa vereda preparatória para a instalação do sentido do ser, e o ente lematizado é o Dasein, o ente que nos pertence. Heidegger rebenta com o costume. Primeiro porque entende a existência como o modo de ser individual do Dasein. Tal ente existe ao modo da faculdade. Ele é o seu poder-se, genuína capacidade. Daí ele é um ente constantemente inconcluso, não é, pois, como uma substância que detém-se inalterável. O filósofo igualmente se opõe com as teorias do sujeito/objeto, subjetividade, percepção. Afinal o constructo ser-no-mundo não é um sujeito, uma subjetividade ou consciência presos em si mesmos que carecem sair de si para atracar relações com o outro e com os entes intramundanos. Com a noção ser-no-mundo já não fazem sentido as roturas dentro/fora, exterior/interior, objetivo/subjetivo, uma vez que o Dasein como ser-no-mundo sempre se mostra como já estando “fora”, anexo ao mundo, aos entes. Afinal o mundo faz parte de sua construção ontológica. Através do trato com os utensílios podemos perceber igualmente como o Dasein se depara subornado no mundo, a saber, sempre numa ou noutra lida, e ainda inquietado com outros Dasein. O Dasein é ser-no-mundo, ele o frequenta, reside no mundo. O mundo para o Dasein é algo que, na maioria das vezes, lhe é usual: “O Dasein e o mundo são as duas faces de uma mesma verdade: o ser-no-mundo. Dasein admite que se acha lançado no universo sem opção prévia. É através da organização, um dos existenciais da abertura, que o Dasein sente a instabilidade de sua vida. Afinal esta posição patenteia a sua facticidade, o caso de que encontra-se no universo e carece fazer algo de si mesmo. Uma outra forma de o Dasein deter sua relação com o mundo é a intelecção. O Dasein é um ente descrito pela intelecção do ser. Através da intelecção, ele se projeta para suas faculdades. Por isto, nós somos sempre uma empreitada, um por fazer. Enquanto existimos, estamos sempre a curso, somos imperfeitos, pura capacidade. Neste sentido, ele está sempre empenhado em alguma faculdade enquanto rejeita outras. A dissertação é outro modo de abertura do Dasein que se conclui na coabitação com os outros. Mas na companhia com os outros a dissertação, na maioria das ocasiões, se torna má-língua, conversação vulgar. A má-língua, por sua vez, é próprio do âmbito do declínio, a saber, aquele jeito rotineiro da existência. O declínio é a evasão do Dasein de si mesmo, ela emerge da provocação do planeta, da alheação quanto ao seu modo de ser. O declínio qualifica-se pelo desnortear-se no universo das lidas e pela impersonalidade do ser-com-os-outros no mundo popular. Existindo, carecemos eleger a nós mesmos. Uma vez que o nosso próprio ser está em distracção, somos sempre de novo classificados diante da possibilidade de ganharmo-nos ou de perdermo-nos. Aliás, de princípio e na maior parte das ocasiões, de certa forma, já nos arruinamos, deixando-nos consumir pelo universo dos afazeres, abalando de nossas faculdades de ser mais próprias. Mas a constrição retira o Dasein de sua calma alienante.
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Cumpre salientar-se que, Heidegger, ao cuidar da opressão, diz que o Dasein se percebe como ser-no-mundo, portanto, balizado. Todavia a constrição não é receio, não é angústia perante a faculdade incontornável da morte. A efectiva razão da angústia é a vida, uma vez que esta traz em si mesma tal capacidade. Por isso o Dasein se aperto pelo seu poder-ser-no-mundo. A abertura do Dasein, a angústia como posição elementar e o declínio elegem a construção elementar do Dasein, chamada por Heidegger cautela. Este é explanado por Heidegger do seguinte modo: o ser do Dasein designa anteceder a si próprio por já ser em (no mundo) enquanto ser anexo a (entes encontrados dentro do mundo).
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A reflexão heideggeriana acerca da morte tem como limite facultar uma intelecção existencial do ser do Dasein como ser-para-a-morte. Desse modo, a morte se cria na capacidade mais apta do Dasein, pois ela faculta o excesso do poder do unipessoal no dia-a-dia, e igualmente possibilita que este ente entenda que sua existência é um inalterável poder-ser.
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Dasein entende seu poder–ser todo, concebe que a morte faz parte de seu ser. É a partir dessa intelecção existencial que o Dasein se abre para existir exactamente.
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Neste ponto da analítica Heidegger invoca à raridade do conhecimento para esclarecer tal questão. O conhecimento é uma saudação que de ímpeto jorra do íntimo do Dasein. Cumpre distinguir que não se trata do conhecimento doutrinal, que ela não determina leis de comportamento, mas é um alarido silente e durável.
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Mas ao ser intimado pelo alarido do conhecimento o Dasein se enxerga em dívida. No contexto de Ser e Tempo, o conceito existencial chamado débito significa: “ser-fundamento de um ser causado por um não, isto é, ser-fundamento de um nada” (HEIDEGGER). Dai ser e estar em dívida designa ser culpável por um não. Este não é algo próprio de nossa condição, de nosso não-ser integrante. A consciência, logo, envia ao pensado. Melhor sugerido, a fonte do ser e estar em dívida se funda no pensado, em suas construções essenciais, quais sejam: facticidade (estar lançado), existência (projeto) e declínio. Entender o clamor do conhecimento designa querer-ter-consciência, ou seja, é ambição de ser interrogado pelo alarido silente de nosso ser. O entendimento mais próprio do Dasein se anunciou como o querer-ter-consciência, isto é, abrir-se para um ser próprio. É decisão
Em Heidegger nota-se que ele encontrava-se sempre a caminho na inteligência. Suas preleções e ensaios quase sempre, ao retribuir uma questão, ele constitui outras teses, ainda mais perspicazes, que nutrem o seu meditar. Trata-se de caminhos muitas vezes intransitados, misteriosos ao considerar da tradição. Igualmente estes caminhos podem se perder em incertezas. Mas desabotoam vistas incomuns. O que perdura é o saber do meditar, o seu deslumbramento de desvendar, incessantemente de novo, o enigma do ser e do tempo.
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Dirão porque introduzo ” (HEIDEGGER) e (Dasein). Porque não deixaram de ser inquietantes e que referem o tempo como um enigma, e como o autor Manoel Ferreira Neto tiveram as suas angústias, dúvidas e tiveram que lidar no fundo com o trivial... o saber dá muito trabalho e não interessa a qualquer ser. Eles surgem porque era importante para estudos...porque como muitos não tiveram êxito nem lucraram com o saber. O ser ignorante é que está a dar...quando surge algum erudito dizem logo: que chatice aturar este ser... que vá dar uma volta...
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Nota. Não encontro-me nada bem e não faço ideia se esta análise tem algo por onde se pegue...A altura é complicada para mim...mas fez-me ainda interiorizar mais coisas que andam confusas em mim...o ser é mesmo complicado quando a vida é somente uma passagem e agora pandemias vão ser em fila e mortes mais que muitos.
Ana Júlia Machado
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RESPOSTA À ANÁLISE SUPRA
Caríssima Amiga e Crítica Literária, Ana Júlia Machado, definamos as coisas na sua devida realidade. Você com efeito diz do “ZÉ POVICHO”, os leitores, que ama o que é fútil, hipócrita, o nonsense, e que o “ZÉ POVACHO” - os escritores e poetas que, nada disso sendo, vivem de aparência e vaidade, julgando-se eminentes “homens de letras” - , alimenta o “Zé Povicho” com as suas obras fúteis e hipócritas, as editoras se aproveitam do Zé Povacho e terminam de alimentar o Zé Povicho, entupigaitam-se de lucros exorbitantes, ambos são habitantes incólumes do COVIL DE SERPENTES DO NADA, são os representantes da Literatura e Poesia ridículas e indecentes. Não nos esqueçamos de que o métier VIRTUAL trouxe essa gente para o Teatro das Futilidades, lembrando-me de Umberto Eco, nesse métier encontrou ela abrigo propício para essa comédia. Evidente está que os Escritores e Poetas de talentos e dons, verdadeiros “homens de letras”, que produzem obras de valor literário, poético, contribuem para a Arte Estética, Filosofia da Arte, que definimos e conceituamos ERUDITOS, não tem lugar, são postos à parte, marginalizados e rechaçados, são os “chatos”, os “intragáveis.”, o povicho e o povacho nos convidam a dar uma volta ou nos mandam à “M...”. Não somos reconhecidos, não vemos nossas obras impressas em livros.
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Neste cenário é que criei este Poema. Pensei mesmo no VAZIO de Heidegger, de que sou eminente adepto, todo o meu pensamento se encontra fundado no VAZIO – o NADA, DE SARTRE, é a pedra angular que dera origem ao meu verdadeiro pensamento, o VAZIO - é a minha Filosofia. Nós, os eruditos, somos habitantes dele, vivemos nele. Só o Vazio pode acolher o Múltiplo. Não me entreguei a este “Tal-agora-aqui”, a futilidade da Literatura e da Poesia, continuo a jornada, continuo criando, produzindo a ERUDIÇÃO, sei que na História do Pensamento e das Idéias os filósofos, escritores e poetas mesmos jamais foram reconhecidos, são esquecidos em vida, escreveram para os tempos futuros, aí tornando-se Imortais e Eternos.
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“ O que perdura é o saber do meditar, o seu deslumbramento de desvendar, incessantemente de novo, o enigma do ser e do tempo....” Com este excerto de sua análise, você mergulha profundo na multiplicidade que o Vazio recolhe e acolhe, o eidos de meu pensamento, tendo-me alimentado com o pensamento de Heidegger. Você analisa e interpreta com percuciência. Só mesmo com o pensamento de Heidegger seria possível o adentramento no poema. Em verdade, relacionei o Vazio ao Dasein de Heidegger, e que fora o eidos de minha vida, de meu pensamento filosófico, e com ele desvendo os nossos tempos hodiernos, na existência e nas Artes Literárias e Poéticas. Com o Vazio, encontrei a LUZ DA PLENITUDE DA VIDA, estou construindo a minha vida que são as Artes e a Filosofia.
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Só você mesma, inestimável Amiga e Companheira das Letras, Aninha Júlia para desvendar minha obra com tanta sabedoria. Minha gratidão e cumprimentos sempre. Beijos a você, à nossa amada netinha Aninha Ricardo, à nossa família.
Manoel Ferreira Neto
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O VAZIO: LUZ DA PLENITUDE DA VIDA
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
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Sem poder publicar livro algum,
A realidade de mim seja esta,
Sem poder ver a face de meus
Pensamentos refletidos em letra impressa,
Sem poder imaginar o brilho
Nos olhos do leitor,
Sentimentos que floram na flora de sua leitura,
Peço que se quiserem ruminar,
Vociferar em causa minha,
Não ruminem, não vociferem,
Se assim acontece, aconteceu,
Está de bom tamanho,
O destino sabe o que faz:
Ao longo da eternidade
É que teriam valores,
Nestes tempos presentes
Não seriam virtudes,
O que impera de verdade é a ausência do Verbo.
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Mesmo que os meus pensamentos,
Ideais, sonhos, esperanças
Não sejam impressos,
Revelam seus princípios de quimeras
De outras realidades no mundo,
De outras esperanças do homem,
Se são princípios de verdadeiras quimeras,
As raízes podem estar
De por baixo da terra,
Mas os brotos desabrocham,
As flores despetalam,
Ao ar livre e à vista,
Tem que ser assim,
Nada pode mudar.
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Uma vez, inda jovem sonhador,
Julguei que os meus versos
Seriam sêmens de reflexões,
Pensares, cujos frutos
Seriam degustados com prazer
Por despertarem outros universos
Eivados de idílios, devaneios
Do ser delineando a existência,
Mas era desvario
Meus versos não tinham qualquer poder
Senão incompreensão de suas intenções,
Ninguém podia entendê-los,
Herméticos em demasia,
Exigiam conhecimentos a priori,
Fechei os olhos,
Pus-me inda mais a devanear,
Sou o único escritor-poeta a definir,
Conceituar o vazio ser a luz
Da plenitude da Vida,
Ser a amplitude de visão
Do completo além de todas as falhas,
Faltas, ausências do ser,
Além de todas as contradições, dialécticas,
Ser ele o divino Verbo do Espírito,
Compreendo que as coisas reais
Não podem ser impressas
No caos, no absurdo,
Há o tempo para sê-lo.
RIO DE JANEIRO(RJ), 28 DE JANEIRO DE 2021, 11:09 a.m.

 

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