À RODA A ONDA ESPUMA GRAÇA FONTIS: FOTO(ARQUIVO) Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@



Penso-sinto Vós – oh Vazio do Mundo,
Ao refulgir o crepúsculo na orla marítima,
O sol esvaecendo-se trás da montanha;
Penso-sinto Vós – oh Nada habitante
Das contingências instituindo náuseas,
Ao ver fluir no riacho o luar,
Solidificando o caos nas estradas sinuosas,
Ao ver florar no bosque o silêncio
Da solidão onde germina em mim
A sede da aurora nívea de outras utopias.
@@@
Na poenta senda do horizonte
Vislumbro as trilhas de inéditas luzes
Que iluminarão o que há de obscuro
Nos recônditos psíquicos,
Enquanto o andarilho, à noite,
Sob a ponte, dormita ilusões, quimeras
De no alvorecer as veredas do universo
Mostrem vertentes límpidas...
@@@
Ouço-vos,
Ausculto-vos,
Escuto-vos – oh silêncio que entoais
A balada de anônimos contentamentos,
Alegrias, prazeres, paixões,
Quando a vaga vence o penhasco árido:
Quando na floresta
A solidão é plenitude, as carências são eternidades,
Quando nas ondas marítimas
O ritmo de seus movimentos revelam
A sabedoria, o saber
A natureza não dá saltos,
Não tem pressa de atingir seus projectos e objetivos,
Livre, autêntica, verdadeira parte do ente
Com o qual ela se relaciona...
@@@
Nas cavernas ainda vivem
As sombras da legenda,
A rocha cai em ponta,
À roda a onda espuma...
RIO DE JANEIRO(RJ), 25 DE JANEIRO DE 2021, 11:24 a.m.

 

Comentários