#LIVRE PENSAR IRRESTRITO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
O céu muito azul é. Cores das folhas verdes, cores
do céu azul, vivas ou pálidas, cores da noite, hão de refletir nos meus olhos.
A mesma noite, de porfia com o sol, virá brincar na minha calvície. As ondas
brancas de espuma do mar são mais que o mar. O cheiro do mar mistura masculino
e feminino. Dar ao acontecimento a fatalidade do acaso, a marca de uma
ocorrência exterior e evidente. Chega a noite, eu bem me guardo de in-vocar o
sono! Não quer ser in-vocado, o sono, que é o senhor consagrado das virtudes.
Pro-jectei a minha ilusão das virtudes para além do homem, tal como todos os
trasmundanos. Superei a mim próprio, levei a minha cinza para o monte e
inventei para mim uma chama mais clara. A breve loucura da felicidade que
só o grande sofredor experimenta.
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Sonhar os formatos oxigenados
De sublimidade e esperança
As contra-luzes hidrogenadas
Da sin-estesia e das sorrelfas,
De estar a cada instante de re-flexão
Ou de liberdade de sentimentos e emoções,
Desejando a poesia-“reflexo do real,
Mas um reflexo revelador”,
“O real poder olhar de frente,
Vendo coisas que normalmente não vê”
Livre pensar irrestrito,
Livre-arbítrio da beleza indizível
Num só encanto,
Num só vis-lumbre ou a-lumbre das emoções,
De suas dimensões de sensibilidade e intuição,
Numa só con-templação dos sentimentos
E sensações que abrem os solipsismos do
Ser, as entregas verdadeiras do Não-ser,
Profundeza da vaidade insensata,
Pré-fundeza das glórias viperinas,
Superficialidade do orgulho descaracterizado,
Vaidade de ser, de acontecer,
De passar a amar no de-curso e per-curso
Da vida
O fulgor da virgin-idade mental,
“... integrar o saber sensível ao
Saber racional para suprassumir a razão
Presente, elevando-a a uma razão
Não só da cabeça, mas do Ser por inteiro”.
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A língua engrolada, os dedos inertes, sem tato, sem
dígitos para tocar levemente, dar origem a uma letra, se se quiser, fonema, a
mente de pensamentos e idéias, sem qualquer motivo de qualquer ação, sem saber
como, para quê, por quê a ec-sistência e não o nada, tão sem água ou carme, tão
ausente, vago. A respeito de minha intimidade fico apenas com as furtivas
sensações. Jamais a nobreza do desejo intenso re-flete na sua plen-itude o
testemunho do mundo. Célebre sentimento o de entrega, e ele se ausenta: de
medo, vadio orlas marítimas imundas, sento-me em pedras de insegurança, cheiro
flores de medo.
#riodejaneiro#, 06 de setembro de 2019#
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