#GRAÇA MENINEIRA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Meu nada enchendo meu tudo,
Entre meus erros linguísticos,
Semânticos, metafísicos,
Gramáticos, ortográficos
Não sei escrever
Não deveria participar
Dos anais, guines das escrituras
Imprevista verdade
Brilha aos serafins,
Na consciência abismática
A graça menineira,
Qual inédita alvura!
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Dor
Mirar o chão de folhas secas,
Sombras nas lápides do campo santo,
Poeira nas estradas longínquas,
Cujas margens são de pedregulhos feitas,
Fogo crepitando a natureza nas florestas,
Entulhos na superfície das bocas de lobo,
Treva à soleira da caverna,
Poesia nos discursos sombrios
Na maré de ciências ordinárias
Alfim superadas
Alguém colocar bandeiras, porta-estandartes
Com enigmas
Nas letras apagadas.
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Ando para a luz levando o fardo de desejos,
Esperanças de ver-me “ser” nas linhas
Do espírito e eterno,
Esforço-me para não ruir, seco e falido.
Fracas possibilidades de letras reais
Nos sentimentos verdadeiros,
De vozes imaginárias nas emoções re-criadas,
In-ventadas,
Esboçam-se e des-aparecem
– quase verto lágrimas pujantes! -,
Roendo entranhas,
Re-vezando mordaça,
E a escuridão em que tateio o trajeto
arrasta correntes,
mas sigo na busca des-esperada
De me ver sendo.
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Dor
Mirar a morte e a prisão,
Além dos desertos,
Sou varado pela noite
Onde o lume do vaga-lume pisca,
Onde resolvo embriagar-me de reservas
Colossais do futuro, pós-futuro, pretérito,
Ondas de água salgada,
Absorvo epopéia, melopéia
Resisto e penso,
Durmo agora.


#riodejaneiro#, 16 de setembro de 2019#

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