#CHÃO DO RUMOROSO DESERTO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Deixai a imagem ser delineada pelo espírito
Com sensibilidade e inteligência,
Inter-médio dos traços que dais na tela da alma,
Inter-médio dos vazios que deixais nos papéis
Que assumistes e não cumpristes,
Aliás, nem soubestes performá-los, dar-lhes vida
Não é tão simples, ad-vem da dignidade e honra.
----
Deixai a balada nascer dentro de vós como rumor
de águas,
nascer o cântico do amor
como um vento despertando as folhagens...
Não vem de supetão, vem de longe e de muito tempo.
----
Como é que tendes de súbito esta serenidade
de quem recebesse uma hóstia sagrada em plena desgraça?
Deve ser de versos que lestes e nem vos lembrais,
de telas que vistes, de músicas que ouvistes,
de esculturas que tocais, de peças a que assististes,
de sorrisos que percebestes nos lábios de uma criança,
de brilho que vistes nos olhos de um homem
que vos contemplou com sinceridade e amor
----
Às vezes,
No chão do rumoroso deserto em que pisais,
brota o milagre da canção
no fundo da solidão inquietante
em que vós debateis
nalguns instantes
de vossa vida
nasce a verdade do Ser.


#riodejaneiro#, 14 de setembro de 2019#

Comentários