#METÁFORAS NA POEIRA DAS ESTRADAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA



Se amanhã houvesse de explicar a intencionalidade de dividir "Se amanhã houvesse" em partes, houve de disponibilizar-me um tempo para pensar o estar-no-mundo em comunhão com as conquistas, esperanças, para isto mergulho no "eu poético", investigar-lhe as situações e circunstâncias, só vislumbrando a felicidade de uma criança que brinca com o jogo das palavras, tripudiando com o tempo, blefando com o verbo.
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Hoje seria quem re-versasse,
in-versasse a verdade da plen-itude,
di-versasse as picuínhas da persona,
avessasse as razões,
ad-versasse as intenções
com os interstícios baldios da alma,
interditos sarapalhados de regências
e declinações das utopias das
esperanças e pretéritos mais-que-perfeitos
que se sintetizam na pectiva de retros,
retros de crepúsculos, entardecer, anoitecer
alvorecer a semente de orquídea que será
a flor e a beleza nívea da náusea das
mesmidades no instante de travessia para
outras dimensões do absurdo e divino
ser no transcorrer dos ipsis e litteris das
páginas de um sono o picadeiro do circo
de gestos e intenções do in-fin-itivo verbo
de haver nascido do trapézio que oscila
de uma perspectiva a outra, o mais o grande
espetáculo seria no picadeiro de quem
tudo pode para criar a alegria através de
gestos tragicômicos da liberdade;
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Nasci no meio dos livros, vou morrer no meio deles,
com efeito, epigrafarei a solidão do palhaço,
silêncios e vazios, re-presentando na metáfora dos subjuntivos gerúndios os vernáculos eruditos do vir-a-ser jogados no jogo lúdico do tempo,
jogo de ruminãncias de ouro e riso,
epitafiarei os re-versos in-versos da morte
nada sendo senão a mediocridade em não saber,
trazer a sabedoria em dentro,
o "Das" do mistério poiético da verdade
borrificar de loção a face esquerda dos idílios,
conspurcados de batidas do sino da igreja
sob a luz da notívaga noite da libido na
querência sensível e trans-sensível
de acontecer o sublime das palavras que versificam e proseiam os liames de vestígios do nada na característica específica e sine qua non de pretéritos
que originam os ritmos e acordes do "eu poético"
que se re-vela ao mundo por inter-médio
da arte circense da Estrela Polar, romance de idílios da "ec-sistência", desvelado o nítido nulo do cócito cogito das sorrelfas idílicas que da lídima "persona" ilumina a liberdade do abismo.
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Se amanhã houvesse...
Se amanhã houvesse...
Se amanhã houvesse...
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Se houvesse o "se" de amanhã no eu poético das poiésis...
Se houve o eu poético da poiésis, o amanhã de mim representado de palavras alegres, de plen-ersejar os sibilos da vers-itude, seduzindo a nudez da sabedoria. Sou quem no sou, no ser-de-mim... sou palavras do inter-dito dos baldios terrenos da alma, a orquídea simbólica da sorrelfa sob a chuva fininha do eterno.
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Orvalh-itudes de quimeras tocando as páginas viradas, se amanhã houve de imortalizar os interditos de sonhos e esperanças, melancolias e nostalgias pretéritos, cujos estilos de linguagem olvidei, ad-nominando e ad-verbiando o caos do efêmero, seria hoje, após sono profundo, a paranóia da morte dera-me tempo de descanso, estava exaustivo, alguma moléstia psíquica de bom tom, nem me lembra se sonhei, a plena saudade de manhãs em que regava os canteiros de flores...
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...amava tocar o orvalho nas pétalas e folhas,
dizendo-me estar orvalhando as palavras,
sorrindo de soslaio,
a jornada era longa, sem fim.
Mister criar-me, re-criar-me, inventar-me,
a verdade, as verdades me esperavam
nalgum terreno baldio de minh´alma,
era engajar-me, arrancar-me de mim,
destrinçar-me,
a faca afiadíssima de dois gumes do efêmero e eterno cortava-me em todas as direções, a minha missão era o eu poético,
utensílio que amenizaria as dores da contingência,
dialética da naúsea e dogmas do "ser".
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A força do sonho;
haveria de ser quem sou,
as letras mão mentiriam,
a verdade do "sou" seria registrada
pelos dedos das mãos.
Hoje estaria sentindo e pensando estar
bem distante ainda do que sonhava realizar,
são apenas garatujas fortuitas,
quanto mais eu ando mais vejo metafísicas
e metáforas na poeira das estradas,
são tão-só arrabiscos perquiritivos
quanto mais penso o pensamento que pensa
mais sinto comichões de in-vestigar
Ventos e verbos... O fogo e o silêncio...
O nada e o vazio...


#riodejaneiro#, 28 de setembro de 2019#


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