#SILÊNCIOS SILVAM SONS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Rebanho de feras místicas e míticas, jubas, dentes e línguas a-nunciam folk-lores e lendas e causos para indagação no útero dos sentimentos e desejos das "sapiências da vida", em procissão de matracas debulham os adágios, ditos populares das contingências e das hipocrisias, o veneno supimpa, como diz a "Paulicéia Desvairada", a estricnina socrática da imbecilidade - se se indagar para quem os sinos da hipocrisia tocam, há-de se concluir com distinção que tocam para os imbecis, sem estes como seria possível a hipocrisia? Por entre as montanhas, por inter-médio dos caminhos da roça, passam rebanhos de feras místicas e míticas, passam esfinges, passam unicórnios... ventos e tempos esplendem-se aos silvos do ser e não-ser, a boiada nos currais gastam o resto da tarde curtindo os bens da vida em-si mesmada, e o silêncio silva sons, ritmos, melodias, acordes, musicalidade dos verbos que regenciam o estar-no-mundo, que gerenciam utopias e ideais comungados às decisões.
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Sentidos explícitos. Mensagens trans-parentes. Cócitos rios de águas cristalinas perpassando sítios místicos e míticos, movendo-se no tempo de espaços conquistados, há de vir de memórias que se trans-literalizam, instantes-limites, em princípios considerados e sentidos absolutos, no curso das travessias, miríades de gnoses que re-velam recônditos in-conscientes do nada se amadurecendo para as percucientes sabedorias do in-audito, as nonadas às sara-palhas se encanecem para as inspirações dos solstícios de inverno, intuições do etéreo entardecer, percepções do éter que o nocturnus pres-ent-ifica.
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Tudo passa... Tudo passa... Tudo passa.
O nada per-passa... O nada pers-cruta... O nada pers-creve sim-ptomas e sin-tagmas de dia-lécticas efêmeras, contra-dicções volúveis e susceptíveis.
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Concílio de deuses entupigaitados de dogmas e preceitos para o mergulho idiossincrático nas prefundas da verdade que nada é à luz das im-perfeições perfeitas do sublime, nas trevas do Ab-soluto que, vazio, se pro-jecta no espelho que ainda não consumou a imagem do perpétuo, das perfeições im-perfeitas do fim in-sofismável e in-cólume, e o in-audito baila saltitante de prazeres a marcha a-fúnebre das angústias e náuseas, ipseidades e facticidades, alteridades do eu que nunca re-vela a poiética da alma, querubins contracenam com vôos rasos a tragicomédia abissal das emoções multi-faceladas de pretéritos do não-ser, subjuntivos do apocalipse, particípios do arco-íris das trevas, "serei arco-íris/aquando as lágrimas se forem", momento de puro êxtase, sublime gozo da inocência, mágica volúpia do ingênuo.
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Sabedoria. Agnosticismo do verbo que sonha a carne do espírito alimentado à fome milenar, secular do que auspicia idôneo e lídimo o verdor visceral do divino, as entranhas viçosas da etern-idade, nada além do cosmos, nada além da eternidade, nada além do tempo que seduzem a dinastia mística das plen-itudes reversas, in-versas dos inter-ditos mistérios e enigmas míticos e folk-lóricos do estar-no-mundo jogado nos ab-surdos da liberdade, quando no trapézio das situações e circunstâncias se deve equilibrar no movimento da gangorra das decisões e consequências, sêmen e húmus do destino autêntico.
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Metasemântica da "libertas" precedendo o "quae sera", postergando o "tamen".
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Gostaria de real-izar aqui e cá uma digressão e dizer algo sobre o "pavor nocturnus" que me acometia cruelmente, quando, altas horas da noite, o brilho espectral da forte iluminação do jardim penetrava através das frestas das venezianas raios entre-cruzados que rompiam a escuridão de meu leito, evocava as máximas latinas conhecidas através de leituras romanescas, especialmente dos franceses, especialmente Balzac, ou certas misteriosas, terríveis e insidiosas palavras como trauma, acontecimento traumático e até mesmo tramóia, esqueceram-me, contudo, os objetivos e interesses com isto, talvez não por medo de mostrar as ausências e faltas psíquicas, as neuroses abissais que me habitavam a alma, mas por me incomodar sobremodo trambicar com as im-#perfeições# daquelas atitudes de, se não se é possível encontrar respostas para os absurdos do real e imaginário, da realidade e criativo, condena-se à morte as cogitações, condutas de má-fé, à luz das mentiras e fugas araçuaienses das verdades contingenciais, o grito antigo das águas não suprassumiam as pontes - inolvidável ser o rio, sentir-lhe na sua passagem, e não apenas poetizar forclusions e manque-d´êtres da vida, ruminar dores, vociferar sofrimentos e tristezas, uivar limites, isto não etern-izariam quaisquer imaginações, ficções da espiritualidade tecida de simplicidade, sugeria-me que eram imprescindíveis no des-enrolar das contingências, dis-criminá-las, negligenciá-las, refutá-las era pernicioso à sensibilidade. EC-SISTIR era preciso.
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Metamorfose.
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O que é isto - a inspiração de Kairos, a intuição ipsis do Verbo, litteris da Utopia? Não unicamente o resplendor das regências e concordâncias de estilo e figurino que orvalha os desejos e volúpias de sentimentos que no vir-a-ser trans-epigrafa o sonho plen-ificado de verdade e sabedoria inscriptas no inconsciente do "eu" que habita o "espirito #sub#-terrâneo".
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Lendas. Metalinguística.
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Talvez nada houvesse acontecido, se o destino meticuloso, esse fantasma sincronizador, não houvesse misturado em seu alambique o sol e a sombra, o fraco e o forte, a pedra e a pressa, a náusea e gnose, a alma e a morte.
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Sentidos implícitos, inter-ditos nas linhas de uni-versos salpicados de uno-verso da espiritualidade, horizontes sarapalhados de margens e sem pressa, a vida sempre vai, não volta.
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A vida vai, a morte vem, dialética do ente que nasce sem razão, prolonga-se por imbecilidade e hipocrisia, parte para fora do mundo, sem lenço, sem documento.


#riodejaneiro#, 13 de setembro de 2019#

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