#DECLARAÇÃO UNIVERSAL DA TRAGÉDIA DAS TRAGÉDIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Nalgum porto longínquo
O tempo declina o inferno da metafísica do ser
E o destino deperece o fruto do encontro
Do sublime e o silêncio
Definha as glórias das conquistas
Do prazer,
Afina as vaidades dos contentamentos
Com a labuta contínua e exaustiva,
Seres silenciosos e mágicos anseiam
Pela felicidade e a discrição...
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De próprio punho
Faço essa tragédia das tragédias,
Até onde está delineada, pronta?
Amarro o nó da estética-ética na existência
Puxo com tanta força e determinação
Que só um ser supremo
Consegue desatá-lo
O que poderá acontecer?
De onde pegar a solução mágica?
Talvez do vazio ao intelecto.
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A vida - via para o conhecimento,
Viver não apenas com cor-agem,
Viver alegre, saltitante,
Rir com muita alegria
Terrenos da alma, nada há de baldio neles
O sonho do verbo ser na roda-vida
Das dialéticas concebe o eterno,
Elo a elo, a cadeia de sentimento futuro,
Quem sabe sentir a história
Do ser humano em sua totalidade
Como se fosse a sua própria história?
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Sobre a visão adentro à vida
O testemunho de íngremes labutas
Irrompendo as algemas,
Correntes das falsidades milenares do perene
Leituras uni-versais da metafísica do ser,
Esquecendo-se da con-tingência
Vagando pelas brumas e sombras
Das etern-itudes de travessias vãs
Além do in-finito do verbo
Só as fin-itudes julgando a inocência pura.
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Acendei o fogo nas achas das quimeras! Sinto que tenho de refletir as chamas de ideais, labaredas das sensações; fogo - pronunciá-lo é esquisito: o som é vazio. Vazio de quê? Fogo - escrevê-lo, só quatro fonemas, o "O" repetido duas vezes entre o "F" e o "G"; fogo - senti-lo revela os devaneios. As idéias, que calor assimilam? Raro sentir algo de chamejante nelas. Existem centenas de modos decentes de perder-me do meu caminho. Há algo de revoltante na leviandade intelectual
com que o compassivo diverte-se, brinca de destino com novas fontes e necessidades, reduzindo o valor e a vontade. Como é possível perseverar as idéias, chamejá-las de horizontes?
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Fósseis quimeras do efêmero à mercê do in-audito mistério da gênese, en-grolando de versos as palavras re-nascidas no eidos de verbos defectivos, re-fazendo de metáforas do insólito as efígies imaculadas de volúpias, êxtases, re-construindo o templo de metafísicas das poeiras ao longo dos caminhos, e o espaço temporal que hoje habita a alma perdida descuida estrofes irmanadas aos epitáfios escritos pelo tempo sobre o gozo das hipocrisias, relevando os escombros das mentiras seculares os interesses da magia do ser, a antiga liberdade sob o vedado sol, delineando lapsos curtos do pensamento.
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É preciso descer à solidão da memória
E começar a garimpar cristais perdidos,
É preciso subir ao silêncio do ser-espírito
E inicializar a con-templação do porvir,
Do verbo por se tornar carne,
Ter aquela vontade indescritível e indizível de serem
A regência e a conjugação os tesouros mais importantes
Que todas as coisas no mundo.
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Um dia algo foi bom,
Verdadeiro,
A luz do sol re-fletiu na pedra angular
Do ser e do espírito
A querência suprema do homem,
A LIBERDADE,
E o reflexo deixou-lhe perplexo...


#riodejaneiro#, 17 de setembro de 2019#

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