#O TEMPO FUNDE-SE NA METAFÍSICA COMO CÚMPLICE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Enfastiei-me das línguas modernas,
Em cujos interstícios habitam, residem,
correm todos os discursos lentos, lerdos;
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Senti repugnância pelo cheiro ou odor
De verbos sem regências,
De sujeito separado do verbo por vírgula,
Quanta fome feroz, secreta
De ordenhar a pedra filosofal,
Beber o leite da sabedoria!
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Cansei-me das velhas línguas em que
"o tempo funde-se na metafísica como cúmplice"
Línguas avulsas a perpetuarem in-exequi+vel verdade,
Línguas perpétuas a enviarem lógicas ineffabilis
À alma introspectiva.
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Enojei-me dos retrógrados pensamentos de o Ser
Se revelar na continuidade das imperfeições, sandices, Despautérios, disparates, alienações;
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Nauseei-me dos versos e estrofes de Amor
Que cantam, declamam, recitam carências,
Solidões, ausências, forclusions,
Enfeitam-lhes com arrebiques e ornamentos de fantasias, Quimeras, ilusões, sorrelfas,
Inda mais com aqueles que roubam
Das flores o néctar para sensibilizar
As dores e sofrimentos por sua procura incessante;
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Entediei-me dos ideais da felicidade, alegria, prazer, Fundamentados e fundados nas
In-vestigações medíocres da condição humana;
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Subi-me nas tamancas com os sonhos da verdade
Inspirados na insônia da gnose;
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Arranquei tufos de cabelo com a fé na ressurreição, Ressurreição, com a eternidade pura no paraíso celestial;
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Proscrevi o mundo, a terra com a hipocrisia,
Falsidade, farsa, condutas de má-fé,
Algemas e correntes aos princípios,
Dogmas, preceitos e leis da sociedade,
Dos sistemas políticos, sociais, individuais, familiares...
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Cavalgo o meu corcel mais selvagem,
O que sempre “melhor me ajuda a montá-lo é o meu dardo:
É o estribeiro sempre pronto para o meu pé."


#riodejaneiro#, 16 de setembro de 2019#

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