#ETÉREOS PRETÉRITOS E MISTÉRIOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



Se amanhã houvesse de filosofar as ipseidades e solipsismos do não-ser que vagueia solitário e silencioso, angústia e tristeza por ser discriminado e rejeitado, por que saboreia com volúpia as neuroses de perfeição, à soleira do abismo perscruta as miríades do efêmero que a-nunciam o há-de ser sob a cintilância das cores do arco-íris desejando com êxtases e euforias as nonadas do apocalipse, sorrelfas da consumação dos tempos para nalgum momento do ec-sistir se entregar por inteiro ao vai-e-vem da rede numa noite de chuvinha fina,
ouvindo os ritmos e acordes do uni-verso,
balalaika do pretérito em síntese com o
fado do infinitivo dos horizontes,
particípio de confins,
fez a fama deitou na rede,
o verbo do ser que rebole e dance
em chapa quente no itinerário
de querências da verdade,
hoje simplesmente elencaria
as metafísicas das sendas e veredas perdidas
nas antanhas memórias da concepção do caos,
geração das vacuidades,
luz e brilho do vazio,
e por toda a eternidade a razão pura
encalacrada de impossibilidades
de a verdade ser a luz do espírito
que numina os manque-d`êtres
seculares e milenares;
hoje estaria ludicamente sentindo
profundo o demasiadamente humano,
a imperfeição para auscultar
o inaudito dos mistérios e enigmas.
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Se amanhã houvesse de incidir na superfície lisa do espelho a imagem cristalina do diamante que risca o etéreo, a face límpida do pote de ouro no fim do arco-íris, imagem e face que originam o rosto das sublim-itudes da sabedoria, sarapalhada de resquícios, vestígios do tempo que re-criam, compõem,
poetizam e poematizam as pontes em direção,
pro-jetadas aos ilimites do além,
aos ab-surdos do in-finito,
e que as contingências da náusea
e desespero expliquem,
justifiquem as incongruências
do inferno meigo das insolências,
hoje nada mais,
nada menos estaria senão
descansando na minha cama,
esperando o sono tomar-me por inteiro,
esquecendo-me da vigília de olhares de esguelha,
soslaio, de banda para os solstícios do "Ser"
que paraclitam o pássaro
a re-duplicar o canto para a
sinfonia e ópera da fé na esperança do sonho.
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Se amanhã houvesse de nada ser,
de nada sonhar,
de nada projetar,
simplesmente ser a vida
na sua dimensão de nada
composta de vazios e efêmeros,
hoje fecharia os olhos,
esvaziaria a mente de idéias,
pensamentos,
silenciaria o coração de amor,
ternura e solidariedade,
fecharia os lábios,
nenhuma palavra pronunciada,
mas entregar-me-ia completo e perfeito
à divina comédia do nada,
palhaçada do efêmero,
no picadeiro das ribaltas
do que trans-cende o limiar,
soleira do fin-itivo do verbo
plen-izar o desconhecido.


#riodejaneiro#, 30 de setembro de 2019#

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