#IMINÊNCIA DE UM MILAGRE# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Enquanto durmo
Poemo as letras,
Viro-me de lado
Escrevo as palavras
Ao inverso do sono,
De bruço,
Escrituro as metáforas
À mercê dos jogos inconscientes,
Respiro fundo,
Instante de sonhar,
Arrabisco mistérios,
Garatujo segredos in-auditos
Movo-me na iminência
De um milagre,
Formo uma linguagem única
Exorbito-me para ser,
Nesta densa selva de imagens
Des-conexas, des-estruturadas,
Palavras envolvem-me
Em tudo que sou,
Alguma coisa fica fora de mim,
Puxo a coberta, cubro-me com o cobertor,
A madrugada está fria,
Assisto a mim pensando,
A boca semi-aberta,
Ando em corda de trapézio
Até o instante-limite em que o sonho
Esvaece-se, esvai-se,
Fúria dos impulsos, voluptuosidade,
Antes de acordar-me,
Mister des-organizar-me internamente,
Quem sou para arriscar-me a pensar?
O sono é encantado,
O sonho arrebatado por vozes furtivas.
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Atrás do pensamento
Está o ventilador no teto
Olho-o girando, girando
Olhos abertos para o nada,
Para o teto,
Palavras, letras, metáforas
Ficaram no sono.


#riodejaneiro#, 19 de setembro de 2019#

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