#ÀS COLHEITAS DO VIR-A-SER# GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: POEMA



Palavras
Puramente poéticas,
A luta pela existência,
Apenas uma exceção,
Restrição temporária
Da vontade de viver,
Filosofia apenas contida
No ser exegético das próprias palavras.
No ser metafísico das próprias metáforas,
No ser semântico e linguístico das idéias, pensamentos,
Suspeita inexorável básica, profunda,
Sobre nós mesmos,
Adquire cada vez mais força para nós.
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Para as falácias intemporais
A ambiguidade, dubiedade dos sentidos
Riste da sabença, sussurro silencioso emite
A língua abdica sob o penar de ser
Furor das carências por ideais con-vertidos
Às percuciências da liberdade,
Enigmáticos lapsos da evidência
Sinistros vazios de nada
Misterioso descer aos furingos da caverna
Onde os delírios a sibilarem no ínterim dos desesperos?
Primeiros albores do êxtase, côdeas de sentimentos
Sinal de esperança
Verter perspectivas, sonhando além dos inter-ditos
A contra-sombra da razão.
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Tudo o mais é devaneio sobre este exílio
Das palavras que as deixaram revigoradas na força,
No brilho, no sentido, na fonética e métrica apuradas,
Na son-ética e sonemas, intrínsecos o ritmo e melodia, Discretamente,
Entre linhas, numa abissal escultura de poiética!
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Jardins solarados?... Nuvens?... Não importa!
Levarei a cabo, varrimento temporal
Dos aparentes absurdos, aturdido de um, de outros
Quedado nunca
Deixo-me só, que as palavras por mim falem!
Distrair-me-ei em fúria medida
Pleitearei o próprio estado de graça
Lúcido
Solerte
Imerso, sedento das águas libres
Libertadoras dos êxtases, das leis profundas
In-memoriam ciente, saber crescente
E içá-lo-eis da alegria, da semeadura
Espalhadada às colheitas do vir-a-ser
No conforto macio da noite lunar
Incorporado dos instantes primeiros da iluminação
Contínuo e irrefreável, hipóteses e perspectivações
Dentre pausas às infensas síncopes, sono
E fome de olhos sedentos, secretos
Guardando consciente discretude
Meu voo desmistificador
Místico, delicado e minucioso
De caráter sustentável às consoantes
Surpreendentes e eficazes
Repousadas na brisa da poesia
Volúpias inter-adejos, extraordinários
Cortando os ares por via régia
Do particularmente interior ingênuo
De gozo, paixão, luta e glórias
Para ver consumação em crua luz
Consolidando o que rola, revolve, estalam
Intrínsecos ao recôndito do coração
Mais arraigados e tenazes
Com a aproximação sutil do tempo
Atado aos devaneios
Denunciantes do proveito lícito
Presságios que o destino porta
De portas abertas à visão finita
Das formas raras e obstinadas
Enquanto as palavras esculpidas além-sol
Delineiam fulgores essenciais
Ecos dispersam, entoam pluralidades
Tremeluzentes na rotação
Leve, suave de singular poiética
À sombra dos olhares de esguelha,
Elas resplandecem/rutilam.


#riodejaneiro#, 20 de setembro de 2019#



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