**ÁGUAS ONTOLÓGICAS DO SER** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



Sentimentos, sensações, emoções - deles brotam espontaneamente as íntimas forças da vida. Desejos, volos, vontades - pétalas de rosas e orquídeas que des-abrocham no alvorecer do tempo e do ser, do in-fin-itivo que perscreve na continuidade das querências e desejâncias a luz que flora na floração das cintilâncias e brilhos da alma à busca do interstício do espírito que fin-itiva o eterno de essências do perene. Música, ritmo, melodia, acorde, métrica in-trans-itivos do que semantiza a luz de todas as ilusões, quimeras, sorrelfas do silvestre que embeleza os caminhos para o infinito.
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[Nos recônditos de interstícios da verdade, a essência plena e etern-izada do sublime que vela e des-vela o ser da intimidade de só esperanças e sonhos]
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Poiésis, música.
Poiésis, performance.
Poiésis, ritmo.
Poiésis, melodia.
Poiésis, voz, linguagem,
Estilo líricos(lírica da música),
(harpa do trans-cendente),
(cítara do divino).
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As mãos cantando, dançando, maestria do corpo. Assim, acredito que sou poeta, represento a poetisa, e não havendo música, performance, ritmo, melodia, a alma da poética de um alvorecer blue nas letras, sentado na cama, notebook sobre um criado-mudo, digitando, a perna esquerda não pára, segue as palavras registradas, o corpo se mexe e remexe, digitando os sentidos, dança tudo, dançam braços, dançam pernas, dança o corpo inteiro ao ritmo dos sentimentos que em mim residem, à melodia das emoções que me habitam, alvorecer blue nas letras, poiética. Amor, sensibilidade, sensível a inspiração, sensível a percepção, o corpo bailando à esquerda e à direita, cerne do dito, núcleo do inter-dito de não serem de palavras estas linhas, mas notas de um alvorecer blue, poiética. Lembranças, recordações, memórias voam distantes, por longínquos desertos, oceanos, dançam letras a poiética de um alvorecer blue.
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[Sublime que des-vela e vela a verdade plena dos interstícios do ser de esperanças e sonhos... Tudo é harmonia e felicidade]
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Alvorecer de hinos. Alvorecer de sinos no domus da igreja. Alvorecer de idílios no espírito da alma. Alvorecer de éclogas nos sofrimentos, dores. Alvorecer de epopéia, ópera da solidão e quimeras. Alvorecer de amor, ternura, carinho, entrega. Pássaros gorjeiam melancolias, nostalgias do vento. O gato angorá mia saudades, agonias, desesperos sublimes. Notas de rebeldia, insatisfações com a efemeridade. Voz rouca de interditos e ditos no assoalho de poeiras metafísicas, fonte de águas ontológicas do ser de verbos que seguem o itinerário campesino da solidão. Alvorecer de ocasos de minhas náuseas, angústias, tristezas. Poiética blue de um alvorecer, dançando nas letras, criando, recriando, re-inventando a música nos versos musicais, só o espírito é capaz de ouvir, até que alguém crie um blue com estes versos. Não será a música que ouvi nas palavras enquanto digitava o poema.
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Continuo tocando o interdito e dito dos versos, voz rouca, cantando. A voz de um alvorecer blue é sempre rouca. O vento a retumba quando ela se revela... As notas do piano são arrastadas pelo cotovelo, os sonhos intensificam-se, as esperanças ecoam em todos os ouvidos. Poiética blues, blues de uma poética. Solto a voz rouca por todos os lugares de meu quarto de escrever, danço palavras, palavras dançam nos meus dedos... Momento só meu, instante de mim apenas.
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[Verdade plena de esperanças e sons, onde os raios numinosos do sol incidem o vir-a-ser do infinito eivado de uni-vers-itudes do belo...]


#riodejaneiro#, 22 de setembro de 2019#

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