A RODA VIVA GIRANDO NOS CÔNCAVOS E CONVEXOS DO ESPELHO DAS SENSAÇÕES INAUDITAS!...# GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto: PROSA




Aqui está, amada esposa e companheira das artes, Graça Fontis, o meu amor por você, como a amo, assim a amarei por sempre, comemorando hoje três anos e dois meses de vida conjugal e artística. Beijos sempre no coração.(Manoel Ferreira Neto)
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Tecido minucioso com fragmentos de metáforas que inscrevem nos espaços de entre o climax divino do gozo o sentir corpo e alma voando aos céus, prazer contingente elevado ao verbo do encontro com o espírito do verbo, do tempo de koinonia do "eu" e "outro". Destituída de instinto, a carne sente o esplendor do instante, êxtase, volúpia, a alma se suspende no tempo que se esvaece de segundo em segundo, o resto não é o silêncio das dimensões sensíveis e espirituais, mas as ruminâncias de compl-etude do verbo doar a entrega da querência do clímax e a regência nominal de con-sentir, permitir a leveza do sentir livre e espontâneo a satisfação, conúbio de ganache, o ser na continuidade dos momentos, estrelas cadentes, fases da lua no jogo lúdico de mudanças instantâneas no instante-limite, a roda viva girando nos côncavos e convexos do espelho das sensações inauditas esplendendo no silvestre da floresta de sendas e veredas de orvalhos notívagos, seivando o broto das flores para o despetalar no amanhecer, no lírico dos campos de lírios e trigos de neblina do amanhecer, envelando a visão do longínquo e distante, do próximo e perto, fecunda de libidos pronominais do espírito o ad-vir pleno do "nós", ab-solut-idade do corpo e alma no baile anti-sáfico da natureza, na dança anti-erótica defectiva da felicidade no proscênio de katharsis da pureza, sentimentos e emoções sui generis do amor do verbo afagar as dimensões do prazer.
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Então um silêncio, longo, enorme, enquanto trago a fumaça do cigarro, expelindo-a, olhando-a desaparecer, deitado à rede de minha residência, perscrutando o imenso quintal todo arborizado, pássaros trinando, borboletas voando, o pé de jabuticaba carregado de flores e jabuticabas verdes inda, a macieira dando os seus primeiros frutos, o pé de manga mais que carregado de flores, um espetáculo para os linces dos olhos. Depois de longos e longos anos, eis que desfruto desse prazer novamente, e agora é para o resto da vida, espero ainda viver longos anos, nasci numa casa de quintal enorme, in totum arborizado, nele vou morrer, sinto como se re-tornasse à minha infância, adolescência, maturidade, e o sentimento é tão forte e verdadeiro que me ponho a passear por esse quintal como o fazia na infância, na adolescência, maturidade(instantes e momentos de reflexão, pensando pensar o pensamento, sentindo sentir o sentimento).
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Estende-se pelo alpendre, sacada, a gosto de quem ouve e olvide, não me responder. Um mergulho com lentidão precisa e segura, um nada irreal, de escafandro. Não é verdade que não exista amor feliz. O que acontece é que a felicidade é experienciada, primeiro o desejo, depois a luta por a construir, e isso é no tempo... Se digo noutra linguagem: a felicidade dá tempo ao tempo, a arte trilha os caminhos da entrega. A agonia ou a ansiedade, creio que estão unidas, buscam as vozes simuladas em quimeras, palavras dissimuladas em fantasias, e não se é possível ouvir os cânticos que a felicidade entoa no espírito.
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Amar. Intimar no eidos da entrega solidão e silêncio do eterno quanto efêmero, vice-versa, nos solstícios barros da beleza sensual, do eterno enquanto vazio, vice-versa, nas noctívagas madrugadas das erosias do belo, no crepúsculo romântico da perfeição entre o ato do amor livre e a atitude do amor eivado de verdades e esperanças do ad-vir das deus-itudes e deus-idades da verdade.
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Delícia do amor íntimo. Degusto da intimidade sensível do ser-prazer eterno da vida.


#riodejaneiro#, 02 de setembro de 2019#

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