#CAMINHOS E ESTRADAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
A sinfonia dos dedos... ah, se não fosse temer o
ridículo e a galhofa e, acaso, o patético e sarcástico, imaginaria esta
sinfonia sendo executada com cítaras, diria que esta sinfonia sinto-a no
pensamento, vivendo as notas que a memória, a imaginação, a busca do belo e do
sublime, a intuição e criação, re-criação e percepção... Se houvesse aprendido
a executar algum instrumento musical, estaria agora a tocar ou compor, quem
sabe? Não faço, não assino tratados de exposição da vida íntima no mercado
literário, isto é um embuste, mas reconheço os sonhos nascidos de experiências,
no meu estilo, crio e re-crio.
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Estes sonhos, no auge de minha angústia,
aparecem-me como o porto em que meus desígnios cumpridos encontrarão refúgio,
abrigo, onde amarrarei o cabo de minha popa. Não são silvos de serpentes
esquecidas de morder como abstratas à travessia do entardecer ao anoitecer. Nas
geleiras do entressono, menos que rimas pobres num soneto, menos que simples
palavra numa oração coordenada adversativa, menos que folha no outono, o grito
de pastor convocando seu rebanho não é flauta, não é canto de apaixonado
des-encanto, é o senso da escultura neoclássica da sombra no vale, esculpida na
poética e essencial atmosfera dos sonhos lúcidos, na treva de hoje sobre o
túmulo que há-de abrir-se de ritmos e melodias elementares, mostrando
gloriosamente os segredos veementes do nada que habita profundo as cinzas,
segredo preso à pantomima por filamentos de ternura e riso, dispersos no tempo.
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O que faltou à fadiga da criação? Tudo tem
explicação porque tudo tem (in-visível e in-audita) cor, corrige o oblíquo pelo
aéreo, procrastina o etéreo pelo corte do vidro do espelho pelo diamante,
esporas tinem e calcam a mais fina grama e o pensamento mais fino da utopia da
etern-itude, conhecimento plástico do mundo... Liberdade de cânticos
expressionistas, simbolistas, declamando estados d´alma ad-versos, paradoxais,
extremados, radicais, contraditórios, nonsenses, sentindo-os, re-criando,
criando, in-ventando, produzindo, compondo sua face oculta, submersa nos
subterrâneos da inconsciência, estilística das plen-itudes, linguística do
eterno, cânticos da alma que se trans-eleva e quer sentir os ventos que
perpassam os espaços e in-finitos, só ela, "si-mesma", pode decidir
seus caminhos e estradas... os ritmos e melodias de suas condutas
estéticas-éticas com as buscas sempre inquietantes, não se realizam, dos
indivíduos pela beleza do belo.
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Liberdade de sin-estesias do silêncio que reza a
busca e a utopia da plen-itude, pleno, de re-vezes e ante-mãos conhecendo que
serão eternas, sabendo do amor lhe entrega, incondicionalmente, sabendo que o
silêncio ama ocultar-se e re-velar-se, no ínterim de um e outro, os átimos de
segundos de refletir no deserto a sensibilidade e subjetividade que residem nas
sin-estesias, dizem ser a ponte, a travessia dos Cânticos às Glórias do
"intelecto poético" que dedilha nas cordas das cítaras e harpas as
razões in-versas re-versas, desejando com volúpias e êxtases a poiésis da
etern-idade. Meu pensamento sou eu. Existo porque penso. Sou eu quem me extrai
do nada a que aspiro. Os pensamentos nascem por trás de mim como uma vertigem.
#riodejaneiro#, 06 de setembro de 2019#
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