#EXÓTICA E ESTÉTICA MEMÓRIA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA



Canção lírica que vele os sonhos, os desejos, a vontade de conhecimento e poder, de consciência e espírito, as esperanças todas em uníssono, harmonizados todos, seguindo o rio que não tem pressa, o rio que não tem margens.
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Águia que atravessa o In-finito
De cabo a rabo,
Numinando com os seus olhares
O itinerário que segue e per-segue,
À mercê dos ventos,
Deliciando-se em seu próprio
Estilo de linguagem, performance e estilo de vôo e dança;
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A águia continua voando sem limites e obstáculos
Por sempre, por toda etern-idade,
Outras conqu-istas de desejos, vontades,
Razões se me a-nunciam no íntimo,
No espaço de letras e idéias,
Nas constelações de imagens e sons do silêncio,
Busco o sonho de entregar-me
Inteiro aos verbos que me habitam,
Estar a liberdade em questão,
Suas conjugações defectivas ou não,
Aos sonhos que me perpassam
O corpo em sua árdua tarefa
De criação e re-nascimento.
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Crio-me para envelar a minha ausência. Sou levado e aportado no topo da colina. A mais exótica e estética memória só se me a-pres-enta como um resquício de seren-itude. A mais estilística e linguística lembrança só se me aflora um real abstrato. Como apenas ec-sistem. Ec-sistem. Tudo limpo de meus retorcidos, tergi-versados desejos. Tudo como é, não como quisera. Só ec-sistindo, e todo. Assim como existe uma árvore caída na rua. Assim como as montanhas. Assim como homens e mulheres, e não eu, o ávido de ausências plenas e absolutas. Ausente-me até o itinerário próprio para encontrar a alma e afastá-la o mais possível de mim. Sinto frio intenso no olhar, o peito queima.


#riodejaneiro#, 06 de setembro de 2019#

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