#AFORISMO 999/ EID-ITUDES ESTÉTICAS DO VERBO-SONHO# - PROJECTO #OS VINTE E DOIS QUE ANTECEDEM O MILÉSIMO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA E POEMA/Manoel Ferreira Neto: PROSA INTERTEXTUALIZADA



Epígrafe:


"Na universalidade existencial capta-se e afere-se toda poética, para que o poema resplenda, ilumine e sacie almas sedentas de conteúdos e beleza num alento sob o caos do existir." (Graça Fontis)


"A poesia é de ouro e riso e não de cascalho para cobrir a poeira das estradas" (Manoel Ferreira Neto)


Poesia do nada. Poesia do efêmero. Poesia de nonadas.
O mesmo que rimar "sim" com "capim". Não há linguística que redima e salve, redencie de nos pastos e campos se alimentarem dele, degustarem de sua melosa substância, engordando-se dos nihils que neblinas e orvalhos esplendem ao longo do tempo. Não há semântica que desculpe e perdoe, justifique que nos lotes vagos ou terrenos baldios não há húmus para engrandecer as rimas, para edificar os versos, para elevar as estrofes. Não há estilística que re-vele os inter-ditos que residem profundos na alma do tempo, o futuro a afluir-ser. O vento não levará consigo ao longo das veredas, largará para trás, nada tem a dizer, a despertar.


Paráclitos pers de dialéticas efêmeras de horizontes obtusos, pectivas eternas de uni-versos sombrios, horizontes de trevas e brumas, em cujos - do alvorecer brilham de resplendor e magia, - ângulos... os raios do crepúsculo numinam as inspirações escusas, as intuições chinfrins, sonetos, poemas livres chinfrins, puro nonsense, e, com talentos e dons, sublimes, versos e estrofes mágicos, quê beleza e esplendor, despertam os sonhos do nada cristalino de ideais e idéias a criarem e re-criarem os interstícios da alma para a consumação da vida, cheiro, paz, vida rompem seus domínios inacessíveis, pré-núncio do ser, mas como o inter-dito das esperanças, entre-linhas das palavras entre-laçadas da a-nunciação da verdade são juízes lídimos e idôneos do absoluto divino, os sonetos ou poemas livres do póstumo concebido no eidos do nada cristalino pervagam nas trevas, vagueiam no espaço de brumas, perambula no limbo do caos, a alma se re-colhe no re-canto da solidão, con-templando angústias, tristezas, melancolias, nostalgias, mergulha inteira na cripta da frustração, simplesmente se prolongou de frustrações e fracassos.


No alvorecer após haver ido ao topo do morro, na pequena ilha onde residem o casal de amigos, contemplando à distância o mar, no crepúsculo, lá retornara, a densa neblina cobria o infinito, sedento e claro como cristal rebelado, lá onde céu e mar parecem unir-se, mas a neve-prata sobre as ondas, platinando exibições no crepúsculo, trêmulas de virgem feminez, um volver e revertem-se a conjugarem porto, vento e tempestade, e a quem sabe perscrutar a neblina cobrindo o infinito do mar re-vela, sobre a língua do tempo, a idade que não pesa mais que pétalas, o momento da a-nunciação de outras des-cobertas da vida, a poesia que lhe habita.


A poesia é de ouro e não de cascalho para cobrir a poeira das estradas.


Cáritas pectivas de dialéticas eternas de confins ornamentados de pretéritos cont-templados à luz do sol desértico que, com suas miríades de brilhos, concebe o oásis à mercê da distância que passo a passo revela a ilusão de ótica, húmus, semente da busca, desejo, volúpia do encontro com o sublime da peren-itude, com a simplicidade da etern-itude, ingenuidade da efemer-itude das travessias em cujas nonadas sintéticas do vazio e vacuidade habitam a estrela polar, brilhos estelares tocados pelos ventos do norte, guia dos caminhos da verdade, inda que passageira, mas átimo do tempo que, de linhas em linhas, no tecer e tessitura da esperança crocheteia as arribas límpidas, trans-parentes, trans-lúcidas, trans-lúdicas dos in-finitivos do espírito que precedem, antecedem, vem antes dos pretéritos da alma a insistir, persistir que são o alvorecer perene e pétuo-per da essência ec-sistencial do ser metafísico dos murmúrios marítimos surdos, em cujo espaço resplende o cântico da natureza, das águas límpidas dos rios que passam de por baixo das pontes, revelando outros percursos e decursos da continuidade poética da poiésis de novas e re-nascidas esperanças à luz da lua azul a conduzir a fé, no sentido de ser o húmus das inspirações e circunstâncias existenciais, às long-itudes do oceano, onde toda a vida concebe, gera, dá a luz às eid-itudes estéticas do verbo-sonho de amar o ser, ser o amor.


Poesia da verdade. Poesia do ser. Poesia da trans-cendência-silva da felicidade que se re-faz, re-nasce nas miríades de raios cintilantes das estrelas, de átimos brilhantes da lua na iésis dos versos vers-éticos do pleno-absoluto, das estrelas vers-orais do cântico ritmado do vernáculo bíblico do tempo em-sendo, por sido da morte além da vida, da vida além das prenuncidades da divina essência, etern-idade do Ser, Verbo do Tempo, no fictício cais da memória.


Regressando à casa de meus amigos artistas, estive deitado na rede na varanda, a pintora sentada numa cadeira, conversando sobre as novas experiências que vivenciara no topo do monte, manhã de densa neblina. Ouvira com os ouvidos, escutara com o coração, a descrição das coisas vividas, dizendo tão simplesmente: "A pintura do quadro que lhe enviarei está viva em mim, com esta nova experiência sua..." Hora do almoço, fizeram um delicioso churrasco de picanha, regado com um bom vinho.


(#RIO DE JANEIRO# 02 DE AGOSTO DE 2018)


#A ILHA#
GRAÇA FONTIS: POEMA E PINTURA


Ilha pequena, esquecida
Onde ninguém sabe de ti
Tudo vibra em segredo
Cheiro, paz, vida
Rompem seus domínios inacessíveis
Há nos céus um solstício
de inverno florindo
No chão há cores, brilhos estrelares
Tocadas por ventos do norte
Neve-prata sobre as ondas
Platinando exibições no crepúsculo
Só, solidão, murmúrios
Marítimos surdos
Acolhidos na tépida noite insinuada
Que circunda um rastejar
Lânguido e preciso
Ao se diluir na areia inocente
Trêmulas de virgem feminez
Um volver e revertem-se a conjugarem
Porto, vento e tempestade
Minha ilha não tem porto
Somente, ele, meu mar
Fantástico, translúcido a tocar-me
Sedento e claro como cristal rebelado
Da minha carne, corpo
Eu do teu sal
Em quaisquer sóis
Sóis das quatro estações
Incontida em comunhão
Onde a noite esconde ilhas
A quem não sabe pescar
E
No fictício cais da memória
Não aportou
Nem deu-se ao cântico das águas
Em êxtase
Onde a idade não pese
Mais que pétalas
Sobre a língua do tempo
Aqui e agora, hora
Interpretando solidão.


(#RIODEJANEIRO#, 01 DE AGOSTO DE 2018)


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