AFORISMO 1002/ ORLA INTERDITA DE SILÊNCIOS# - PROJECTO #VERSO-UNO LITERÁRIO# - Manoel Ferreira Neto: DESENHO/GRAÇA FONTIS: PINTURA - Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: AFORISMO



Sombras de folhas secas, por caírem, sobre a grama verde, tornando-se húmus, a tarde de sol ameno, venta suave, sentimentos de não à busca de algum anúncio, inda que ínfimo e passageiro, sendo luz para contemplar o tempo, revelação de a alma estar receptiva às reflexões do ser e nada, aos ideais da liberdade e consciência, às utopias, sonhos, saciando a sede inestimável do porvir de outras sensações, devaneios e desvarios, alfim ascendendo as contingências, voo além, inda que raso.


Suscitando revelações no litoral de vivas constelações, de encontro meus lábios repousados em êxtases na multiplicidade no ecoarem da vida na mansidão vivenciária de afetos imprevistos, ipseidades ao restituírem o rústico amor à luz dos olhos inertes nos recônditos ávidos de uma corola semi-adormecida à espera do leito receptivo que a faça desabrochar.


Orla do interdito, raios do sol, tocando as águas, ondas esparramando-se na areia, passeio solitário, passos comedidos, silêncio introspectivo do vazio perscrutando ao longe pássaros sobrevoando o mar, passagens entre montanha e outra, nuvens brancas ensimesmadas, nuvens cinza-escuras, o sol entre, barcos deslizando nas águas, interditas as emoções, inaudíveis os sons, inexpressíveis os pensamentos, sentir... sentir... sentir...


Sentindo extremada reflexão salutar ao minimizar madrugadas em estranhos leitos e que a lua obstinada naufragou-lhes na portenticidade do mar revolto, prognosticando na densidade de seu encanto novas chances, novos tempos na reestruturação de outros sonhos, reesculpindo a existência, também um outro ser.


Mímesis... Aesthesis... O tempo amplia-se, sonhos sarapalhando, nos desvarios de sentimentos dispersos, carências, ausências, avolumam-se no íntimo desejos e esperanças do ser abraçar afetuosamente o não-ser que na travessia das nonadas ao resplendor do além, recursando sendas e veredas, transcende o instante em que o nada recupera a liberdade de esvoaçar como os "biquinhos" em bando, daqui para ali, até as folhas da árvore, não mais sendo vistos.


É nesta percuciente perceptibilidade aparente, inatingível a alguns o pousar dos olhar na beleza da rez solitária, sonolenta à beira-mar, também o solitário navegante na pobre embarcação no içar da rede, sustento da família, no mutismo silencioso d´alma, tornando-se incógnita aos bem-aventurados, porquanto só observo a tudo na extremidade de todas as evidências.


Vim aqui silenciar o nada e o ser
Ninguém há de reverenciar o vazio que esplende
Além os abismos dos desejos utópicos,
Sou, aquém da solidão, a orla banhada
De águas e ondas,
Brilho solar resplende longínquo,
Abraça o mar
Em sofreguidão
Silêncio!...


(#RIODEJANEIRO#, 11 DE AGOSTO DE 2018)


Comentários