GRAÇA FONTIS ESCRITORA POETISA CRÍTICA LITERÁRIA E ESCULTORA RESPONDE AO AFORISMO 1016 ONDE AS TEMPESTADES SE PRECIPITAM NO MAR DE JANEIRO/RIO DE JULHO#



Ah... meu amor, lindo, lindo, obrigada por este belíssimo texto constituído da pura verdade, o significado do que é realmente um entrelaçamento de almas e o que cada uma espera desta interação em termos presentes e futurais ao extrair uma da outra experiências, conteúdos que as elevem e levando-as a descortinar oportunidades de vivenciar o ilimitado pelo apurado gosto e uso do prazer, seguindo assim de mãos dadas ao invadir o futuro munidas das mais secretas vontades em transformação a serem fecundadas já dissociadas da solidão ao agregarem em si evidências do outro! Aguarde-me meu querido, em breve terás a réplica deste belo texto! Beijos....


Graça Fontis




#AFORISMO 1016/


ONDE AS TEMPESTADES SE PRECIPITAM NO MAR DE JANEIRO/RIO DE JULHO#
GRAÇA FONTIS: ESCULTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


É de mãos dadas nas orlas marítimas de nossa vida, minha AMADA E INESTIMÁVEL ESPOSA E COMPANHEIRA DAS ARTES, Graça Fontis, que sinto dentro n’alma abrir-se um novo mundo.


Nada corroborando o sublime desejo de con-templação do arco-íris ao longo da montanha, o nada há-de cair no chão, as tristezas perambularem na alcova solitária, os vazios acolherem a liberdade, seivar os sêmens do letreiro que há de alucinar as retinas, os linces da visão que devora o amor que a natureza criou, a vida se transformou, nonada exsudando grãos de areia na ampulheta sobre a colina onde raios de sol incidem misticamente. Lenta aranha rastejando ao luar, o próprio luar, eu e as lembranças distantes e próximas cochichando de coisas externas.


Vazio de perfeitas dimensões con-tingentes menoscabando sentimentos e emoções que esplendem as visões aos lotes vagos dos becos onde boêmios catam cavacos e vociferam impropérios contra os ressentimentos e mágoas, dos "bo-tekeiros" que lançam palavras ao léu, a esmo, e esperam que elas lhes digam por onde devanearam, desvairaram, trazendo nas asas as novas, no momento em que cambaleiam pelas ruas rumo à casa. Náuseas noctívagas performando inter-ditos e in-auditos sob a re-velação da lua cheia, num silêncio mortal, quando também as cadelas tem medo de almas penadas, os lobos viram-se de costas para a lua cheia. Contorcido, sufocado, convulso, com o rosto transtornado, negra e pesada cobra pende de minha boca.


Coração tem quem vê o abismo com petulância. Alma tem quem precipita no mar as tempestades.


Quem sabe tenha eu a faculdade de julgar os valores estéticos do abismo, segundo critérios subjetivos, sem levar em conta as normas preestabelecidas?! Por julgar que a tenha, é que vejo o abismo com petulância. Não me refiro à petulância, diante de testemunhas, diante de alguém que reconheça esta petulância, refiro-me sim à petulância de solitário, à petulância daquele que não ergue nenhuma efígie e a adora e venera, daquele que não tem deuses por espectadores, não tem Zeus como protagonista, não con-templa sua imagem re-fletida no espelho.


Creio, sim, a crença de quem contempla e espera alcançar uma graça, aos risos e ouros sentir enfim o que é isto a esperança, que, quando é chegado o instante de sua entrega aos homens, ela simplesmente põe em mãos outras tantas realidades e prazeres, ao ente amado e querido deposita nas mãos os grãos e sementes de novas utopias e cores e imagens e letras. Creio sim na imagem que se me surgiu no espírito, do croqui que se me anunciou. Por uma frincha das folhas de uma árvore, vi as montanhas descerem aos vales, os abismos subirem à superfície, o mar mergulhar nos re-versos e in-versos de suas ondas, algo assim como uma nova terra, uma nova realidade, novos sonhos e ideais, enfim, o bo-tekeiro das dialéticas da existência dialética, do espírito do bosque, necessitava seguir a sua jornada, e num sonho desta noite senti onde as tempestades se precipitam, no mar, do mar se me precipitam, se me precipitam no mar, olhei-me ao espelho e sorri plenamente.


O que dentro trago em mim deve ser revelado, deve ser expresso. A paixão verdadeira, o senso recto escusam de artifício, arrebiques, ornamentos, lay-outs. Assunto sério não se anda à caça de vistosas frases. Por exemplo, pela minha parte, sinto um alívio sem precedentes estar cá em cima, olhando o mar, perscrutando a sua profundidade, buscando revelá-lo. Sem isto, o sentido da vida não teria o mínimo senso. O que dentro trago em mim deve fazer sorrir de prazer, de questionamentos, de angústias e nostalgias, tristezas e saudades, de náuseas e vazios, de novas possibilidades, da liberdade que se põe em questão, O AMOR ETERNO, novos encontros, as sombras e a poesia se irmanarem na luz que se a-nuncia no sono dos sonhos, o som, a música e filosofia se aderirem nas utopias de todas as racionalidades e intelectualidades, o som perpassando os interstícios da inspiração e da poesia, as palavras acolhendo afetuosamente as cores, a imagem plástica, aí sigo a viagem para onde as tempestades se precipitam no mar... no MAR DE JANEIRO/RIO DEJULHO.


A vida... Meu Deus, tantos caminhos nela, às vezes temos de passar por veredas, becos, alamedas, escuros todos, não podendo enxergar um palmo além do nariz adunco, não sabendo o que pode haver, onde novamente as luzes iluminem a ilha inteira; o mesmo no que concerne nossa vida intima, esquecemo-nos de que nos perdemos com os nossos dramas, onde está a esperança a que somos vocacionados, vocação dada gratuitamente por Deus, eis os caminhos e as perspectivas de nossa andança juntos, não me esquecer de que deixo de ser feliz, de viver em paz, de sentir amor e carinho, dedicação e entrega, em nome de coisas já passadas, de futilidades, de achaques e pitis, os pretéritos foram deixados, tornaram-se apenas biológicos. O que importa sim é o que vivo, vivencio, projecto e desenho de letras o que há-de vir e ser, o amor a que me entrego inteiro de sensibilidade e subjetividade e crio outros pampas e mares.
Faz-se mister um conhecimento de quem somos e quem representamos no mundo, tornando-nos conscientes, "humanos do ser" à busca de nossa verdadeira vocação: A Paz, a Felicidade, o Amor.


A sombra é uma dimensão do conhecimento.


Às vezes, se observarmos com perspicácia, percebemos que ela reflete exatamente a adversidade de nossas condutas, atitudes, ações. Ela mostra-nos que andamos em direção contrária às nossas necessidades mais fundamentais: a compaixão, a solidariedade. Colocando-nos diante dessa nossa sede de contemplação e conhecimento, estamos desejando sim que haja uma síntese do homem e de sua sombra, o homem é a síntese: sombra/luz, silêncio/reflexões, som/son-éticas/pensamentos/idéias do presente que deseja o futuro para alcançar o tempo.


O questionamento que nos é colocado é justamente a nossa responsabilidade com a vida e o sentido desta.


Devemos trazer as montanhas para os vales e os abismos para a superfície, para o âmago, o íntimo, as cores para os sentimentos e emoções, arco-íris de sonhos e sonos das utopias, a poesia para a imagem dos desejos e sensações, quando se adere às culturas e artes, arte-palavras-sons-imagens, embora o som está/esteja na origem de minhas artes que seguiram, da sensibilidade, olhares que se olham e se descobrem na imagem que os re-fletem, é só visualizar nos traços, cores, perspectivas, luz e contra-luz, e no silêncio que só se revela nas ondas de son-emas das [águas} que tocam as docas e seguem as nuanças, corcovados até a praia, fecundam a areia, alimenta os pássaros, gaivotas, biquinhos, águias, aquele prazer de criança de estar brincando com as palavras, cobrindo-as de lápis, desde o "A" ao "Z", tornou-se realidade e verdade, e só vós sabeis, Ò AMADA ESPOSA E COMPANHEIRA DAS ARTES, sabeis, como isto toca-me, brinquei tanto com as letras que hoje as letras brincam comigo, sigo as trilhas de amor-e-palavras, croquis, pinturas, imagens, baladas, sons, músicas, oh, saudades íntimas do circo, do palhaço, mas em mim é sangue, é veia, é origem, descendência e herança, vou seguindo a orla marítima de meus devaneios, desvarios, zaranzas, vamos de mãos dadas fantasiando o real, não existimos, dizendo alguns, inclusive que apreciamos bastante um jogar confete no outro, realizando as fantasias, desenhando o que se nos revela inconsciente, pintando os desejos e utopias, garatujando as quimeras ao longo do tempo, "a eternidade é nossa!"


(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE AGOSTO DE 2017)


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