#AFORISMO 977/ ARCO-ÍRIS EM TONS DE CINZA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Palavras que brotam longínquas,
Que despetalam tardias,
Que sonematizam ritmos futurais,
A canção é tudo
Tem sangue eterno a asa ritmada,
As penas melodiadas,
Distantes os sentimentos a fluírem
De seus desejos da verdade a alma
Dos instantes-limites, limítrofes do vazio
À soleira do genitivo pretérito do além,
Lenitivo gerúndio do abismo,
Em cuja profundidade habitam metáforas,
Lácios linguísticos a conceberem, do
Nada inter-dito, a linha entre
O cristalino da esperança
E a trans-parência do sonho inaudito do ser,
E os vernáculos se fazem verbo do tempo,
Lâmina de faca que corta em fatias o eterno,
Multifacela as utopias res-plandesc-"ent"-es
E esplendorosas do nada,
O nada não ilumina,
Não inspira,
Não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio
Que cada um traz na sua algibeira,
Alforje no de-curso das utopias e desilusões,
Se algum dia hei-de ser nada,
Que o meu crepúsculo seja um toque de corneta
Ou banda marcial ao alvorecer,
Atravesso noites e dias
Auscultando os sibilos de vento,
Assim nascem as nonadas, religiões, credos,
Cada uma delas projeta ao in-finito
O ad-vir da felicidade perpétua,
O tempo do estar-no-mundo é exíguo
E tudo são mistérios e enigmas,
Tudo são dúvidas e inseguranças,
Só no além da vida
As con-tingências são suprassumidas.


Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.


Palavras que brotam nas pectivas,
Res das semânticas ipsis
Do pleno e absoluto,
Estendendo ao abismo dos horizontes
De ponta-cabeça
As desilusões e tristezas das contradições,
A verdade é mentira pers-crutada
À luz do que jamais esvaece,
A mentira, verdade con-templada
Na furtiva imagem convexa
Do que sempre está em movimento,
Mo-vente verb-ético, son-ético
Do há-de porvir
Além das fronteiras do inaudito
Réquiem de náuseas da melancolia,
Nostalgia,
Lusitana saudade do pretérito
Nas asas da coruja que,
Após velar as noctívagas vontades
Do alvorecer numinado de cores vivas,
Fecha os olhos,
Em última instância, com olhar fincado no barro...


Indivíduo do solo. Criatura do Cosmos. Seiva. Alvoroço. Susceptibilidade, mente e causa. Lascívia. Encarniçamento, insânia, quimera e desastre. Carnação.


Vagidos, ais, refrulhos e berros proparoxítonos do tumulto da consciência à claridade da jurisdição, Nos trens da mercê delicados de argumentos. Pejadas e artilhadas, no fosso da rebelião do feito de quem é cidadão. Muito pingo e sêmen exsudados com alvoroço do motejo à ira.


(#RIODEJANEIRO#, 13 DE AGOSTO DE 2018)


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