#AFORISMO 1018/ DA IMORTALIDADE NOS EPITÁFIOS DE MAUSOLÉUS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



!Este momento de euforia, de êxtase,
Dormindo no berço da vida sem limites,
Sem princípio, meio, fim,
É a flor da eternidade,
É o cheirinho agradável
Da imortalidade nos epitáfios de mausoléus.


Dimensões lúdicas e cômicas
Inter-dito de meiguices insolentes do inferno,
O meu ser, murcho, des-animado,
Espreguiçado,
Almeja ir ao seio da abundância
Sugar leite caudal, jorrado
De quanta sede há ’í! vê que só eu definho
faminto na abundância, sedento na luxúria
Insolências meigas do éden
Íntima inspiração de que o sentido eidético
Delas mesmas se revelará
No caminhar nas sendas e verdades,
Nas veredas, nas margens das estradas de po-eira,
No sentar no mata-burro, pés para o fundo do córrego,
Olhar fixo na curva que as águas fazem,
Fazer um cigarro de palha,
Fumar, expelir a fumaça ao léu
Do silêncio do matagal ao redor,
Que imagem peregrina! - artista-plástico reconhecerá
a sua peregrinação de excelência -
que inefável delícia enleva repentina
todo o meu ser! enchentes de doçura,
nunca de mim sonhada! nunca de mim idealizada!
A mão que tal figura
Aqui delineou, à fé que era divina,
Pois só vê-la me acalma, a dor já me não mina.
O coração me exulta, alegre, alvoroçado,
Sôfrego, crente, certo, ufano, endeusado
De atingir afinal explicação completa
Dos enigmas que há já tanto os dias me inquieta
As coisas do mundo
Comportam-se como espelhos.


Re-fletir-se-ão nas
Miríades do ser,
Arco-íris de todas as experiências espirituais,
No instante contingente do nada e a liberdade,
No sem-momento desvairado do questionamento e resposta
No sem-destino devaneado de desilusões e frustrações
Cujas asas foram, voaram passados e sombras,
Bailaram ao ritmo dos ventos de leste,
Dançaram no som do cata-vento girando o tempo,
Flanaram aos acordes de sibilos do abismo,
Sapatearam ao redor da ampulheta das forças idílicas
Deambularam entre as constelações,
Perambularam nos devaneios do jamais e sempre
Maestrias do sensível e contingências,
Tecem com a intuição a colcha do tempo
- de antemão às revezes, a vida
de revezes ao antemão, volos e volúpias,
intenções e decadências, perquirições e medos;
brincam com o mundo como se fosse de seus
brincam com os interesses como se fossem dádivas -
Do que transcende o efêmero,
Voar, cruzar, ultrapassar fronteiras
Pectivas de sonhos e desejos,
Não se inscreve nas tábuas de mármore a liberdade
Com a pena do há-de vir,
Há-de vir é fruto de ideais fantasiosos,
Com a tinta da dialética da existência dialética,
Medos e cor-agens,
Traça-a de equilíbrios e os desequilíbrios das idéias e ideais
Silêncio de puro êxtase
Canto gregoriano ouvido nas solidões,
Para onde quer que fuja o olhar do emparedado,
Bate nesta Babel de livros bolorentos,
Informes, sonolentos,
e em rumas de papéis, do tempo denegridos,
caótico tropel de abortos esquecidos,
que trepa, galga, encobre, enluta, afeia, inunda,
a casa desde o solho à abobada profunda;
sem falar no sem-fim de drogas, pós, essências,
máquinas, que sei eu! misérias, importâncias,
que já me infundem tédio. E a isto se apelida
o meu mundo! Isto é mundo, ou esta vida é vida?


Liberdade: símbolo de plen-itude
Quem a deixa perpassar todas as dimensões do ser,
Do espírito e da alma,
Com certeza, sente o eterno,
Sem a presença da imortalidade, da postum-idade
Vaga-lumes da esperança, piscam e piscam,
Ninguém se di-verte ou extasia
Com as óperas do silêncio ou dos mortos,
Sinfonias do deserto ou dos cânions perdidos,
Olha o negrume
Que lá vai pela abóbada! Sumiu-se
De todo a lua. A lâmpada vasqueja...
Apagou-se, fumega. Raios rubros
Sinto zunir-me em derredor das fontes
Da abóbada me sopram calafrios..


Ninguém faz amor nos românticos crepúsculos e madrugadas de inverno suave e sereno, nem escreve missivas de amor nas auroras de manhãs de inverno ou de verão,
Apenas curte o esplendor do berço,
Apenas comenta com o vizinho as sensações sentidas,
A magia do sono, a magnitude do eterno.


Em berço esplendido não se sonha,
Não se criam quimeras, não se re-criam fantasias,
Não se inventam ideologias e interesses,
Não se recriam utopias e dialéticas,
Não se fabricam a guerra fria, o escândalo da corrupção,
Refestela-se nos braços do tempo que se vai a passos Melodiosos em direção ao infinito de todos os horizontes, aos Horizontes de todos os uni-versos, caminhando e cantando, Seguindo a canção, somos todos iguais, braços dados ou não, Fazendo das flores o mais forte refrão.
Eternidade do belo e do esplendor,
Campos floridos de rosas, crisântemos,
Em grandes plantações o alimento
Para todos os verões e invernos,
Nas escolas,
Campos e construções,
As lições da liberdade e da livre expressão,
Formigas e cigarras deliciam-se no repouso e descanso.


(#RIODEJANEIRO#, 20 DE AGOSTO DE 2018)


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