#ALTERIDADE DO OUTRO EM SARTRE# Manoel Ferreira Neto: DISSERTAÇÃO EM FILOSOFIA ANO DE LANÇAMENTO: 22 DE SETEMBRO DE 2003



3.0 - CONCLUSÃO


Em Homo Viator, Gabriel Marcel procurou mostrar um “mistério familiar” que ultrapassa tudo o que, em termos de puro ter, se entende vulgarmente pela palavra “família”. Com efeito, não se trata simplesmente de conservar ou de aumentar um determinado patrimônio material, mas sim de participar num valor, ou seja, numa hierarquia reconhecida e respeitada, e de participar também numa presença que é, em mim, a presença de um nós privilegiado, que se manifesta na comunidade de um lar e de uma paisagem familiar, com tradições e sentimentos que não podem ser objetivados, mas que são tanto mais profundamente vividos quanto melhor reproduzirem a fisionomia do próprio amor e corresponderem ao mais sólido alicerce da esperança.


Cá na terra, a esperança é o nosso prêmio; só ela nos pode salvar dos conflitos das relações intersubjetivas, do feitiço das técnicas materializantes, afastar-nos da tentação, que persegue o homem carnal, do suicídio e do desespero; só ela nos pode fazer apreender o sentido e o valor da prova (sofrimento e morte), transformando-a, por sua vez, num “existir” mais rico e mais perfeito.


O próprio obstáculo que se levanta com os conflitos das relações intersubjetivas, sobre o qual incide a nossa ação e que se opõe à espiritualidade a que aspiramos, pode constituir uma abertura para o absoluto, revelando-nos os verdadeiros valores, os únicos que são capazes de corresponder às nossas mais profundas necessidades e às nossas aspirações morais, éticas, humanas.
Manoel Ferreira Neto
(22 DE SETEMBRO DE 2003


(#RIODEJANEIRO#, 08 DE AGOSTO DE 2018)


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