#AFORISMO 1009/ IN-FIN-ITO DE ASAS LIVRES# GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Sublim-[íssima] fragrância
De flores que se despetalam
À mercê da neblina matutina
Trinados de pássaros
Sibilo de vento,
Sinos da igreja convidando fiéis
Para a missa das sete horas,
Sons de acalentar segredos
Ritmo de alentar mistérios místicos,
Melodia de acariciar enigmas do crepúsculo,
E de re-fletir sonhos e esperas
E de observar as esperanças
Nos recônditos da solidão,
Nos interstícios do silêncio.


Reluzindo
Brilhando
Estrelando
Constelando pelos campos, vales,
Florestas, mares, bosques
Universando o in-fin-ito de asas livres,
Con-templando os horizontes,
Antes do mito e do sol,
Antes dos deuses e das estrelas,
Onde as coisas nem de níveas
Fossem chamadas, lançando-se
Definitivas eternas
Coisas bem antes dos homens,
Perpetuando o celeste
De silêncios claustrais.


Elevadíssimo o nada
Aspergindo de seu eidos
(pedra de toque da liberdade, destino singular)
Perquirições da angústia, desespero,
Inquisições do medo, fuga,
De per si sonematizando ritmos da verdade,
Melodias da dignidade, honra,
Acordes da solidariedade, compaixão,
Universo o tempo, o vento,
Ópera do silêncio,
"Sou um homem des-equilibrado.
Sou um homem-desequilíbrio".


A vida é breve,
O tempo, voraz,
E o mistério das montanhas, volátil...
E o enigma das cavernas, susceptível às intempéries dos ideais e verdades...
E o segredo das grutas de estalactites que pingam suas gotas de água no lago, inspiração de encontros e des-encontros...
E o in-audito do silêncio e da solidão, que são húmus e sêmens de outras canções do vento, intuições de sentimentos e emoções, percepções das ad-jacências de cafundós, miríades de in-finitivos ancestrais de querências e desejâncias...


Retro de cedências aos riscos nas trilhas de con-templar inter-ditos e in-auditos, vontades de in-finitivos a preencherem nonadas, nonadas de im-perfeição, nonadas de instantes-limites, vazio constituído pela abolição de inscrição mnésicas, um nada, presença invasora de algo que não foi simbolizado pelo sujeito, verbos anômalos e defectivos a fundamentarem as ausências, falhas, faltas, verbos regulares e irregulares que nos seus pretéritos id-ent-ificam segredos e enigmas, indecifráveis, desejos do in-finito, vontades do universo, do panorama e paisagens "biorkinas" a esplenderem de sonhos e utopias as inspirações e intuições de verdades, inda que efêmeras e fugazes...


Com sentimentos e emoções
Voluptuosos pelo encontro e des-encontro,
Cânticos silentes por mergulhos
Nas percuciências do ser e não-ser,
O clarão ilumina toda vida,
Sol preto sobre água fria.


Oh, noite, toda acesa de letreiros,
Sons musicais dispersa-os,
Beleza única inteiramente feita para
Auscultar as melodias do nada.


Res de pectivas de fantasias cor-res-pondidas com as criações extraordinárias, conúbios do belo e do absurdo, síntese da beleza e da facticidade... Onde as circunscrições? Os limites? As fronteiras? Nos confins do Orbe? Nas arribas do Cócito? Aqui? Ou somente em mim? No tempo, nas águas, nos homens?


Peripléias - na estrada ouvindo um canto,
Canto único na solidão do mundo,
Canto primevo no eterno uni-versal do tempo,
"tudo que começa bem eterniza-se",
Cântico ancestral no silêncio do ser e não-ser
No con-templar as árvores,
Estão povoadas de cigarras que cantam
A beleza do crepúsculo,
Amanhã os pássaros virão cedo aos seus galhos para Trinarem a madrugada...


Agora é hora de imaginar
A coruja em silêncio pers-crutando
O mistério in-sondável,
O segredo in-visível,
O enigma in-inteligível da lua
Sendo a lâmpada de muitos caminhos,
Castiçal de velas sobre o altar de templos hodiernos,
Das margens de riachos de águas cristalinas,
De extensos campos floridos,
As estrelas sendo inspirações
De cantos dolentes por trilhas estreitas e sinuosas,
Liberdade total, absoluta,
Trans-cendente, abstrata.
Bailado sereno de fogo místico consumindo velas,
Fora do simbólico do sujeito,
Não sendo integrado no inconsciente.


Pers de ilusões perpassando o íntimo re-genciado de memórias distantes, lembranças longínquas, re-cord-ações in-dizíveis re-colhidas e a-colhidas no tempo efemerizado de inocências e ingenuidades, no verbo esvaecido de angústias e náuseas, no in-fin-itivo esquecido de utopias e prazeres, fantasias de ideais...


Retalhos de utopias conjugados
Na jornada de longas extensões de areia,
Gaivotas sobrevoando o mar,
Nos verbos do tempo e do ser.


(#RIODEJANEIRO#, 16 DE AGOSTO DE 2018)


Comentários