#A QUEM INTERESSAR POSSA# - FAC-SÍMILES: Manoel Ferreira Neto/Manoel Ferreira Neto: DESENHO/GRAÇA FONTIS: PINTURA



O melhor seria iniciar com um adágio popularíssimo: "Mato a cobra e mostro o pau" para iniciar esta escritura.


Os fac-símiles são dos originais manuscritos aos 12 de junho de 1989. Se está escrito "PEÇA INTEIRA", a minha analista na época, 1989, havia pedido que escrevesse sobres os nossos últimos encontros, após um sonho que tivera, mas que não me esquecesse de que teria de abordar os questionamentos, indagações, perquirições, o que mais me afligia, causava dores, uma "peça inteira".


Apresento aqui apenas as duas primeiras páginas, manuscritos. Não fizera quaisquer modificações nesta obra de cinco partes, correspondentes aos dias de encontro com Joyce Maria. Cinco encontros. O método era escrever antes de dormir. Em todos os escritos, conservei o horário de início de escrita, por volta das sete horas da noite. Algumas partes levaram-me tempo inestimável para escrever.


A preocupação maior não foram os encontros, conservando-os, gerenciando-os - Joyce Maria iria ler -, mas a estética - aqui está uma demonstração de que a Estética sempre foram os desejos, utopias, sonhos. Devo até con-sentir em dizer às claras que, digitando, surpreendi-me sobremodo como que naquela época, 29 anos passados, escrevi neste nível, comungando encontros com a analista e as preocupações estéticas. Não escreveria um texto deste/desse nível hoje - havia terminado o mestrado fazia dois anos.


Nesta obra que intitulei "A INCONSCIÊNCIA", re-intitulando hoje "SÍTIOS DA INCONSCIÊNCIA". Em verdade, quando desenhei a peça abaixo nem imaginei que viria a publicar este Aforismo. Tracei livremente como sempre faço quando tomo do lápis para desenhar, deixo os sentimentos e emoções tomarem-me a mão, e desenho. Apresentou-se o desejo de publicar. Há dias que está no gatilho para publicação. A Esposa e Companheira das Artes pintou o "croqui". E sempre que conversamos ela própria se refere a questão de eu desenhar inconsciente, e que isto é excelente, não há técnicas, métodos de desenho, tudo livre, quem dera ela pudesse desenhar inconsciente de técnicas, métodos. Se naquela época desenhasse, nem imaginava que o faria um dia, não teria sido tão original com a "peça". Esta peça revela e muito de minha inconsciência, medos, esperanças, sonhos, utopias - para Graça Fontis o animal é um dinossauro, e se penso bem é o inconsciente, o medo, mas que tripudio com a ousadia, porque tudo gira em torno dele, as aves são os sonhos, esperanças, e ela ainda vê a peça como o gênesis.


Então, a "peça inteira" é a representação de um tempo passado, o desenho é a representação do presente. Evidente que muitas preocupações e questionamentos se mostram nos dois trabalhos, nos dois níveis, questionamentos do homem e do artista, da ec-sistência, dialéticas e contradições, mas transliteralizados, embora em termos das buscas da estética tendo a ec-sistência em mãos muito já fora superado, suprassumido, ad-vindo outras, conservando as pretéritas. Em termos inda da estética, ainda não havia adquirido conhecimentos da teoria da estética, não havia lido inda A Poética do Espaço, de Gaston Bachelard, que enorme influência exercera em mim, Adorno e outros, inda estava muito preso aos conhecidos adquiridos no mestrado, da estética sartreana não tinha a mínima visão, que só foram crescendo ao longo dos anos.


Se decidi que está "Peça Inteira" faria parte do PROJECTO #OS 22 QUE ANTECEDEM O MILÉSIMO", demonstra-se em todos os 22 aforismos ser a questão da busca da Estética, é a "intenção fundamental", o "eidos" da obra.


(#RIODEJANEIRO#, 07 DE AGOSTO DE 2018)


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