#A ILHA# - GRAÇA FONTIS: POEMA E PINTURA



Ilha pequena, esquecida
Onde ninguém sabe de ti
Tudo vibra em segredo
Cheiro, paz, vida
Rompem seus domínios inacessíveis
Há nos céus um solstício
de inverno florindo
No chão há cores, brilhos estrelares
Tocadas por ventos do norte
Neve-prata sobre as ondas
Platinando exibições no crepúsculo
Só, solidão, murmúrios
Marítimos surdos
Acolhidos na tépida noite insinuada
Que circunda um rastejar
Lânguido e preciso
Ao se diluir na areia inocente
Trêmulas de virgem feminez
Um volver e revertem-se a conjugarem
Porto, vento e tempestade
Minha ilha não tem porto
Somente, ele, meu mar
Fantástico, translúcido a tocar-me
Sedento e claro como cristal rebelado
Da minha carne, corpo
Eu do teu sal
Em quaisquer sóis
Sóis das quatro estações
Incontida em comunhão
Onde a noite esconde ilhas
A quem não sabe pescar
E
No fictício cais da memória
Não aportou
Nem deu-se ao cântico das águas
Em êxtase
Onde a idade não pese
Mais que pétalas
Sobre a língua do tempo
Aqui e agora, hora
Interpretando solidão.


(#RIODEJANEIRO#, 01 DE AGOSTO DE 2018)


Comentários