#AFORISMO 990/ A-GOSTO DE EFÊMERO CREPÚSCULO & ALVORECER PERPÉTUO DE ETERN-ITUDES# - PROJECTO #OS 22 QUE ANTECEDEM O MILÉSIMO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Epígrafe:
"O olhar superficial à vastidão a-temporal do espaço refuta a
percuciência dos sentidos" (Graça Fontis)
"Outrora de cânticos e verbos,
De canções, baladas e letras
Por virem, por serem..." (Manoel Ferreira Neto)
A-gosto... o raiar da aurora em todas as suas formas de beleza e
simplicidade. Sonhar o tempo, desejando voltar para a eternidade...
Síncopes sapateiam cubismos, deslocações. Alterando as geometrias. Tudo
se organiza, se junta colectivo, simultâneo e peladinho, uma cobra, uma
equação... esclarece a magnífica fertilidade que tenho em mãos a gosto da
psicanálise. Envio o pesadelo de um dos despautérios ou um despautério de
pesadelo para estudo dogmático. A altivez de homem dobra-se ante o gorjeio de
seus gestos. A-gosto mergulhado nestas e noutras cogitações.
A-gosto etéreo de sons do verbo defectivo regenciando as emoções no caos
da existência, gerenciando na náusea do destino pre-determinado, con-cordando
com as facticidades e ipseidades, solipsismos e manque-d´êtres, a-cordando com
as forclusions e lapsos da memória, falos e carências, desde a eternidade foram
concebidas as trajetórias, síntese verbal ao olhar do visual, do tempo e dos
abismos da temporal-idade, cavernas e grutas da a-temporal-idade...
Re-tornar às origens de cânticos e idílios, às raízes de canções,
baladas, rock and rolls de “Tem você sempre visto a chuva?”, especialmente “The
Leeve`s gonna break”, ao espírito e alma das esperanças, da fé sentir presente
o amor que transforma, das utopias e ideais saber-lhes a roda-viva dos limites,
retorno em que a questão seja o encontro da liberdade e da id-ent-idade, quando
à sombra de imenso arvoredo canta tenras, singelas canções de ninar às flores,
ao broto das rosas brancas, vermelhas, luz da candeia cria imagens na memória e
no ser, pousa reflexos na madrugada, águas em arco-íris, a inspiração
reluzindo, no céu, vasto horizonte: outrora de cânticos e verbos, as chamas das
velas no candelabro queima páginas de letras ocultas e ciências apagadas...
"Aquando na subconsciência o iminente e avassalador acasalamento
das palavras sobrepujam sonoplasticamente com irreverência toda a
textualização"
As tardes de inverno são de rara beleza, as da primavera, cheias de
flores – planícies bem mais distantes do sertão e dos orvalhos pueris, do
chapadão e das neblinas suaves. E longe de mim...
Pequenas brisas escondidas nas urnas de areia; carros de boi, horizontes
e lua nova, o cavaleiro voltando para casa de sua vaquejada, em trote sem
pressa, extasiado com a beleza do crepúsculo, a última estrela, balindo,
balindo, perdida na enchente da luz. Orquídeas no barroco do casebre, lilases
no impressionismo das mansões, no coração dos simples a presença indiscutível
de Deus, a alma em festa de fé e esperanças, no dos burgueses presença de
vazio, a cultura do nada, o espetáculo invisível das dores e sofrimentos.
Reflexo e esperança, retalhos de fantasia apenas! Canto de forte sinfonia e de
vasta alegria, cânticos de imensa harmonia e plena felicidade. O circo está na
cidade, tem espetáculo hoje sim senhor!
Talvez não ec-sista a fantasia dentro do sonho, talvez ec-sista a utopia
dentro do sonho, nisto eu acredito, por isto ponho a mão no fogo, a esperança é
de inspirar-me nos caminhos por virem, ser o outro de mim no inverno, nas
auroras e crepúsculos de todos os dias – a minha memória (e memória é tecer, em
fios, retalhos de restos perdidos no torpor do perfil fugidio!) será lembrada e
esquecida, relembrada no vão de um dia solitário, tarde pálida de outono ou
primavera, ou tumultuado pelo sabor da busca, concepção, pelo antemão de outras
gerações conturbadas pelo vazio, solidão, pelos revezes do silêncio
con-templado à luz de vela em madrugadas de desejos outros, esperanças e fé,
nas montanhas pairam-se os ecos desesperados da humanidade, a lua perde um
pouco do brilho milenar, as águas fixam-se inertes. O relógio da parede
denuncia um segredo perante sonhos... O espelho reflete outro espelho, o
corredor cria outro corredor
"A alma na sua transitoriedade planteia(pranteia) angustiada
presságios sonoros poematizando da nostalgia e melancolia ansiosas a
sobrevivência num pragmatismo existencial"
Outrora de cânticos e verbos,
De canções, baladas e letras
Líricas e estribilhos
Por virem, por serem...
A terra geme, murmura, sussura
Na sede de conhecimento, de sabedoria,
Inteligível, compreensível,
O homem sonha águas em arco-íris,
Tesouros,
Em cada vau de esperança...
A Acrópole aviva-se, parecida
Com o museu do Ipiranga,
Pálida e abandonada sob o Corcovado...
O mundo bale, uiva, late, cochicha
Na miséria de cultura, de opções,
A liberdade arbítria do livre
Cantarola magias feitas de utopias,
Fofoca rituais e hábitos de tornar intenções
Da verdade,
A mentira se diamantiza, cristaliza-se,
Re-vela de místicos sentidos de
Construir verdades nos traços e marcas
Das pegadas dos pés na areia fina,
O alentecer das angústias e náuseas...
Pequenas brisas escondidas nas urnas de areia,
Orquídeas no barroco do casebre,
Brancas, lilases,
Rosas no neoclassicismo de casas simples,
Lilases no impressionismo dos arranha-céus,
Samambaias no modernismo
Dos chapadões do sertão,
Reflexo e esperança,
Retalhos de fantasia apenas,
Canto de forte sinfonia, de vasta alegria,
Cânticos de enorme harmonia,
Baladas de sensíveis vozes agudas,
Mescladas e inter-musicadas, musical-izadas,
Plena felicidade,
Baladas de sin-cronia
No diá-logo trans-cendental
Das idéias prosaicas,
Dos sentimentos líricos
Das utopias poiéticas,
Comungadas aos sonhos
De versos e estrofes,
Musicalidade,
Ritmo
Dos sonhos de amar
O verbo
Da Fé Sertaneja ...
Luz de candeia
Cria imagens na memória,
No ser:
Sombra de imenso arvoredo
Canta tenras, singelas
Canções de ninar às flores,
Águas em arco-íris,
A inspiração reluzindo,
No céu
Vasto horizonte, pleno infinito
De brilhos resplandecentes,
Estrelas,
Nas montanhas pairam-se
Os ecos desesperados
Da humanidade,
A lua perde um pouco
Do brilho milenar,
Do resplendor secular,
No brilho das estrelas solitárias
Esparramadas, espalhadas pelo céu,
Pelo infinito,
A solidão humana em sua trajetória,
Em busca do encontro do Amor,
Da Paz,
Nas pradarias os murmúrios
De angústia e tristeza
Dos homens,
Há nuvens escuras no céu,
A última estrela
Bale perdida
Na enchente de luz,
As águas fixam-se inertes.
“Con-templar o in-verso, intencionando o verso”, funilando o verbo e o
amor antigo, a palavra e os desejos, os sentimentos de ternura, carinho de
amanhã, de outros tempos distantes e longínquos adiante novas emoções nos olhos
fortemente castanhos e a síntese de que nada morreu, nada escafedeu-se, nada
esvaeceu-se – cúmplices!
O silêncio é incenso, segredo a par, enigma singular e solitário, e nos
becos soterrados há vasos, há túmulos, há flores, há vias, há sinuosidades nos
passos além alamedas. Onde abate o alicerce ou foge o instante estou envolvido
para sempre.
Ruas sem réguas, sem léguas, sem tréguas, sem passos, sem luzes, sem
lógica nenhuma... Ilhas cor de limão deflorado saíam da lisa esbatida de uma
montanha no cádmio sereno de tudo sob a navalha do céu e do nada, do inferno e
da metafísica do vazio.
Luzes a-lumbradas nas pálpebras da insônia, se é brilho ofuscante eu amo
de paixão, sinto o ímpeto de senti-las verdadeiramente, trans-literalizá-las em
palavras de imagens, perspectivas de outros mergulhos em profundidades
inestimáveis aos sonhos de plen-itude, às utopias da ab-solutidade das estesias
que despertam o peito e a sensibilidade para a acuidade das formas e conteúdos,
temas e temáticas do sentir e pensar, na síntese do verbo e dos versos
“encontrar” as pontas das linhas para esticá-las, estender os nós do sim e do
não, os nós do consentimento de outras imagens se manifestarem na memória, no
espírito de trans-cendência do real, irreal, contingente, quotidiano, os nós de
barrocos e modernidades, de impressionismos e símbolos, de expressionismos e
metafísicas, de abstracionismo e superstições da sexta-feira 13 em que nada
existindo de concreto, de nostalgias de metáforas dos nós da vida e da morte...
nada pode contra a ciência do círculo vazio, do longilonge do tempo da vida.
"Azular das veredas concertadas, brechar a prática do déjà vu, e
apreciar novos dialetos: um feito que faz as delícias de quem se interroga uma
vida o que é isto do ser e estar."
O verbo dos versos é a plen-itude das esperanças em estado de êxtases, a
inspiração necessita de uns nós de fé para as perspectivas do amor serem
verdadeiras, abertas a todos os uni-versos, necessita do tempo de entregas e
desejos, de sensações e volúpias, eis que as a-lumbrações do sentido e
trans-cendências do espírito dizem as quimeras, fantasias das noites de
inverno, sob o aconchego da lareira ou simplesmente com a janela aberta e a
Estrela Vésper, mesmo a Estrela Polar, do grande e imortal Vergílio Ferreira,
no céu, emitindo suas luzes espirituais e profundas, suas fontes de águas
cristalinas, tecendo, na trajetória sem pressa e sem margens, o tabernáculo da
travessia da vida à finitude da contingência, quando buscam, fálicas, as ilusões
do ser que afagam no colo o não-ser, a paixão se torna rumo, o sentimento que
se manifesta é profundo, o desejo de viver ultrapassa todos os limites da vida
e da morte...
Vou nos liames do tempo e da eternidade entregando-me de corpo e alma
aos clímaces e gozos do re-verso/in-verso dos prazeres, alegrias, do avesso de
antemãos dos sonhos de sair por aí e curtir as maravilhas de estar bem com a
vida, de haver brilho inestimável nas pupilas, o sorriso nos lábios mostrando a
língua que pronuncia e emite as suas palavras sensíveis, sertanejas que
des-lumbram e vis-lumbram as seduções da solidão, alma-solidão,
alma-travessia-[de]-nonadas, alma-nonada-{de}-andanças, produz os vulcões das
vontades de clímax os mais di-versos e prazerosos, elevação do eu e do outro em
espírito, e as resoluções da imagem apresentam os interstícios da verdade, do
in-dizível e do in-audito em comunhão com as estesias e êxtases, volúpias do
ser em suas alegrias de raiar os abraços quentes, as carícias singelas e
ternas...
A-gosto de efêmero crepúsculo... A Grécia é ruína sem um grito. O porto
move-se entre descomposturas homéricas, compêndios altos escoltam Atenas.
A-gosto alvorecer perpétuo de etern-itudes!
(#RIODEJANEIRO#, 03 DE AGOSTO DE 2018)
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