#AFORISMO 356/REDEMOINHO DA REALIDADE DO NÃO-SER E SER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel FerreiraNeto: AFORISMO
Imagine a cintilância das estrelas, iluminando os caminhos de trevas,
neles os passos para a vida ser as contradições e dialéticas do desejo e da
realidade, do sonho e da verdade.
Imagine o orvalho da noite, cobrindo as folhas, o brilho da lua
incidindo nelas, o símbolo do absoluto sendo a síntese do brilho da lua,
orvalho da noite, as folhas, a metáfora do eterno sendo o que acolhemos no
íntimo dessa síntese, re-colhemos dos desejos da alma do encontro da plen-itude
e sublimidade.
Imagine no seio das palavras não a beleza da linguagem e estilo, mas a
estética das dores e sofrimentos, medos e fugas e o sonho trans-parente da vida
na dialética do ser e não-ser.
Imagine o amor sendo a querência do espírito da alma, sendo a busca da
alma do espírito sendo a utopia do verbo encontro do outro, contingência,
quotidiano da roda-viva do real e espiritual, e não apenas felicidades sem
precedentes.
Imagine a coruja pousada numa galha de árvore durante toda a noite, sem
qualquer manifestação de canto, apenas re-fletindo os seus vôos e sobrevôos
pela floresta do ser e não ser, e não a coruja que canta o ideal do
conhecimento, a gnosis do verbo sabedoria.
Imagine no alvorecer o des-abrochar das rosas, quando as pétalas e os
espinhos são a luz das nonadas e travessias, são o numinoso das trevas e
claridade, são a águia e o condor do eterno e efêmero.
Imagine o "eu" e o "outro", no redemoinho da
realidade do não-ser e ser, tecendo de vazios e nada a genesis da esperança do
absoluto, o "nós" do amor e da espiritualidade.
Imagine o verso da estrofe, que revela os interstícios da alma
angustiada e deprimida, projetando a chave de outro da estética do espirito que
a-nuncia o ser da metáfora espírito.
Imagine degustar o vinho gole a gole, sentindo-lhe o gosto dos deuses, a
sabedoria da uva sensibilizando o corpo da vida.
Imagine!...
Imagine!...
Imagine!...
Imagine a vida de só dificuldades, humilhações, ofensas, quando ela faz
de suas mãos caminhos silvestres para a solidão, o estar-só, e assim
trans-eleva sua contingência ao primeiro degrau de uma escada sem limites,
vereda para o eterno de viver as imanências do tempo.
Imagine os portos ao longo da jornada no mar, onde a felicidade é o
esquecimento dos pretéritos perfeitos, imperfeitos, mais-que-perfeitos, o
esvaziar-se de tudo, a continuidade nas sendas do mar é a esperança do
Verbo-Espírito habitando a Alma da Verdade.
Imagine!!!
Imagine!!!
Imagine!!!
(**RIO DE JANEIRO**, 02 DE NOVEMBRO DE 2017)
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