#AFORISMO 366/INFRA-SILÊNCIO DO EFÊMERO E VAZIO A EXALAR OS RECÔNDITOS INTERSTÍCIOS DA CAMINHADA DO TEMPO SOBRE OS SIBILOS E CICIOS DO VENTO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Re-versas in-vers-itudes de ad-versas plen-itudes per-vagam à soleira de sibilos, cicios perpetuamente evanescentes, per-correm as margens das estradas de poeiras esplendorosamente éritas de metafísicas que velam os verbos do tempo, cataventos do efêmero, redemoinhos do nada, roda-viva das ipseidades in-fin-itivas dos horizontes de infra-silêncio, antes da linguagem da terra em que se plantando a semente da esperança e do sonho do eterno colher-se-á os frutos da peren-itude dos desejos, vontades de o uni-verso estender-se inda mais, confins se localizar mais distante, arriba se re-velar nas frinchas das altitudes, podendo, assim, ex-tasiar com outras a-nunciações de verdade mais percucientes, as buscas serem mais contundentes, seren-idade, tranquil-idade, meiguices do além incidindo nos recônditos da alma, inters-tícios da memória e nostalgias, as luzes do sonho eivado da liberdade da solidão, solidão de mim, solidão de tu(ti), solidão de nós, solidão de vós, solidão de todos os outros, arrebiques nas páginas brancas, para encantar os olhares, conquistar almas, nos des-velos de mistérios a face oculta, face de pretéritas miríades de tristezas, melancolias, nostalgias, face de pretéritos de sonhos olvidados, o espírito da vida passeia livre pelas colinas respingadas do orvalho da madrugada, pelos campos cobertos de flores silvestres, nos galhos das árvores pássaros trinando, dobrando os trinos com o surgimento do arco-íris riscando as nuvens de cores e esplendor, nas praças públicas pombos arrulham os rulhos com a proximidade das pombinhas, à beira-mar pássaros se alimentam do que as ondas marítimas deixaram na orla...


Infra-silêncio do efêmero, silêncio de trevas no efêmero de eternos sons, imagens, oh, não voai as asas, deixai-as voar livremente, há mistérios e enigmas, desconhecidos, ininteligidos que só o voo no voar de si próprio mostra-se, re-vela-se, manifesta-se... quiçá aos seus olhos não sejam visualizados, linces algemados às quimeras das saudades, o presente e o que há-de vir no seu instante... Os pássaros mesmos não sabem vão alçar voo, num instante veem-se voando, não sabem tratar-se de voo. Os homens não sabemos voar, não temos asas, mas podemos fazê-lo imaginariamente, e os pensamentos voam, voam, voam.


Ad-versas re-vers-itudes in-versas do há-de ser os verbos do alvorecer de neblina de-correm no tempo que deambula à mercê dos ventos de leste os genesis melancólicos e nostálgicos do ab-soluto, as primevas sorrelfas recitadas de métricas e rimas declamando no ritmo das místicas e míticas utopias os rituais das in-verdades que floram na floração perpétua dos eternos e se metamorfoseiam na des-floração das folhas passadas, das pétalas são as verdades da terra e do mundo, multidões se genuflexam, elevam os braços aos céus, agradecem a magia divina por dádiva de tanta excelência, e seguem em silêncio as alamedas e becos dos solipsismos, além de todos os caminhos, a luz de outras trilhas e travessias, além de todas as estradas, os ventos ciciando na jornada, além de todas as veredas e sendas, o subjuntivo de verbos outros, a fumaça esvaece no ar, no ouvido a suavidade de músicas, jornadeando pelo longínquo de todos os versos e estrofes, ritmos do sublime entrelaçando as melancolias do carinho, acordes da pureza resplendendo ao longo dos pampas e vales as lembranças e recordações éritas da felicidade alvissareira da ex-tase do pleno, silêncios do som que se envolvem na intimidade íntima do sonho e do ser.


In-versas ad-vers-itudes re-versas do vir-a-ser a trans-elevarem o perfume das pétalas de rosas acabadas de abrirem à luz do amanhecer aos auspícios do vento "zigue-zagueando" nos contornos entre os picos, ensejando o In-finito, levando-me aos campos de neblina para sentir o sabor do liso e cristalino sentimento do efêmero, o longínquo seivado de outros sonhos, levando-me às estradas de curvas, a baixo o abismo, ternas ternuras da inspiração, deusa divina dos idílios do tempo e da verdade, infra-silêncio do efêmero e vazio a exalar os recônditos interstícios da caminhada do tempo sobre os sibilos e cicios do vento.


(*RIO DE JANEIRO**, 02 DE NOVEMBRO DE 2017)


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